Por Letícia de Abreu Faria1
Danielle Jesus da Silva1
O rebanho ovino nacional registrado em 2003 pelo IBGE através do Censo Agropecuário é de 14.556.484 cabeças, sendo as maiores concentrações localizadas nas regiões Sul e Nordeste e nos últimos anos, crescendo significativamente na região Centro-Oeste. No Sul, a criação é mais direcionada para a exploração da lã e no Nordeste prevalece o animal deslanado, destinado à produção de carne. A distribuição do rebanho brasileiro pode ser notada na Tabela 1 abaixo:
Tabela 1: Distribuição do rebanho ovino Brasileiro
A ovinocultura destinada à produção de carne iniciou seu crescimento nos anos 90 a partir da queda internacional do preço da lã, fazendo com que os produtores investissem em animais de dupla aptidão (carne e lã).
O crescimento e a consolidação da ovinocultura no agronegócio provocaram alterações no contexto agropecuário, passando a requerer dos atores um novo posicionamento e uma nova postura quanto à lógica de funcionamento da atividade, principalmente no que se refere aos processos de comercialização.
A situação atual da ovinocultura brasileira tem mostrado tendência de fortalecimento quanto à permanência dos agentes já inseridos e incentivado a entrada de outros nesse contexto, mostrando-se uma opção atraente, produtiva e promissora. A partir do contexto atual, torna-se importante conhecer a cadeia, permitindo a identificação das oportunidades e ameaças e tentar resolver os conflitos, principalmente os relacionados à distribuição de margens entre os diversos elos.
Conforme NOGUEIRA FILHO (2005), o sistema agroindustrial - SAG, busca entender as relações entre todos os agentes de uma cadeia, sem perder a visão do todo, ou seja, as relações entre os agentes, à importância da coordenação da cadeia produtiva e do foco no consumidor final. Também afirma que o SAG está inserido em dois ambientes: o institucional e o organizacional.
A necessidade de estabelecer uma visão sistêmica do agronegócio da carne e produtos derivados da ovinocultura parte de todos os seus segmentos, exige a compreensão e auto-reconhecimento de cada um desses como parte de uma cadeia produtiva mais ampla, excluindo a idéia de unidades autônomas e estabelecendo o objetivo de colocar a carne ovina no mercado, obedecendo padrões de exigência, seja de qualidade, segurança e de regularidade na oferta.
Assim, há necessidade de estudos sobre a coordenação da cadeia destinada a produção de carne através das interações lógicas e desejáveis entre os principais elos, ou seja, indústria de insumos, produção agropecuária, abate/beneficiamento e sistema de distribuição (atacado e varejo).
A ovinocultura é conhecida pelo potencial de produção especificadamente da carne ou da lã, além da exploração de outros produtos proporcionados nessa atividade (leite, esterco e pele) porém, nos últimos anos a crescente demanda do mercado consumidor tem provocado crescimento da exploração da carne pelos produtores de ambas explorações.
O mercado da carne ovina no Brasil ainda é caracterizado por elevado grau de informalidade, devido à elevada liquidez do animal vivo no mercado em conseqüência da visão do produtor rural que considera o ovino um ativo de baixa especificidade. Somando-se a este fato, a verificação de que a ovinocultura não é atividade principal da maioria dos produtores. e conseqüentemente os ativos fixos utilizados na produção também são de baixo grau de especificidade.
Mesmo considerando a dimensão territorial brasileira, bem como as condições naturais (iguais e até superiores às dos principais países criadores) favoráveis ao desenvolvimento da ovinocultura, a maioria dos rebanhos nacionais são pequenos.
A situação descrita para os produtores que exploram a atividade como opção complementar de sua renda utilizando ativos fixos de baixa especificidade na produção e que transacionam um ativo de elevada liquidez nos mercados locais, a governança via mercado continua parecendo à alternativa mais atraente, este fato parece distanciar a capacidade de tornar o manejo em nível das propriedades em estabelecer padrões tecnológicos exigidos no mercado consumidor.
A alta eficiência para ganhar peso nos primeiros seis meses de vida, aliando-se a um rápido ciclo reprodutivo e o mercado ávido, retrata a importância dos ovinos como fonte de alimentos protéicos em regiões de desenvolvimento que tem sido enfatizada ao longo das últimas décadas.
A ênfase na carne ovina tem provocado mudanças estratégicas na atividade dedicada a extração da lã, assim, vê-se a preocupação desses produtores com a exploração mais intensiva na produção de carne utilizando reprodutores de raças com maior potencial para ganho de peso modificando os objetivos da atividade, valorizando a idéia de dupla aptidão.
A carne ovina é comercializada conforme a região e hábitos de seu povo, assim, pode ser oferecida na forma de carcaça inteira, meia carcaça e cortes, advindas de diferentes categorias de animais como o cordeiro, borrego e o capão. Também há a comercialização através de produtos embutidos e processados oriundos de animais que passaram da idade de abate, as ovelhas e carneiros.
No mercado brasileiro, assim como em muitos países, verifica-se a existência de diferentes origens para a carne ovina consumida sendo identificadas como a nacional, a clandestina e a importada.
Baseando-se na cadeia de carnes em geral, a produção é composta pelos segmentos de produção, processamento, distribuição e consumo, além da indústria de insumos e bens de capital e os ambientes organizacional e institucional que também compõem todo o agronegócio.
Referências bibliográficas
IBGE - IBGE cidades. Disponível em: www.ibge.gov.br . Capturado em 21 de novembro de 2005.
NOGUEIRA FILHO, A. Sistema agroindustrial e potencialidades da ovinocaprinocultura. Disponível em: https://www.ovinocultura.com.br/artigo6.htm. Capturado em 24 de setembro de 2005.
_____________________________
1 Zootecnistas pela FZEA/USP