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Resistência genética de ovinos à verminoses

POR ALESSANDRO F. T. AMARANTE

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/06/2006

5 MIN DE LEITURA

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Nas últimas décadas, a profilaxia das helmintoses tem tido como base a utilização de anti-helmínticos. Muitos ovinocultores chegaram ao exagero de administrar anti-helmíntico mensalmente para todos os animais do rebanho. A conseqüência dessa conduta é bastante conhecida: a seleção de populações de parasitas resistentes. No Brasil, Haemonchus contortus e Trichostrongylus colubriformis são as principais espécies de nematódeos envolvidos em casos de resistência anti-helmíntica em ovinos.

Várias medidas de manejo podem ser adotadas na propriedade com o objetivo de reduzir a dependência da utilização dos anti-helmínticos para o controle da verminose. Por exemplo, o consórcio da criação de ovinos com outras espécies de herbívoros (bovinos e eqüinos) ou o confinamento das categorias mais susceptíveis, como é o caso dos cordeiros. Porém, uma das medidas que se apresenta como a de maior sustentabilidade a médio e longo prazo é a criação de animais com resistência às infecções helmínticas.

Resistência às infecções helmínticas

A resistência dos ovinos às infecções helmínticas é controlada geneticamente e varia substancialmente entre as diferentes raças, bem como entre os indivíduos de uma mesma raça. A resistência pode ser definida como "a habilidade do animal em evitar o estabelecimento e/ou o subseqüente desenvolvimento dos vermes". Como os animais resistentes apresentam carga parasitária reduzida, eliminam número pequeno de ovos de nematódeos para o ambiente o que resulta em menor contaminação da pastagem por larvas infectantes. A menor exposição dos animais aos parasitas resulta em maior produtividade.

Algumas raças de ovinos demonstram resistência genética às infecções por nematódeos gastrintestinais, sendo este o caso da raça Florida Native e Gulf Coast Native (ovinos lanados encontrados no sul dos Estados Unidos); St. Croix e Barbados Blackbelly (ovinos deslanados oriundos do Caribe); Scotish Blackface (raça escocesa) e Red Maasai (raça africana).

Em relação a raças brasileiras, alguns estudos demonstraram que a resistência à infecção por H. Contortus é superior em animais das raças Crioula Lanada e Santa Inês. Um dos problemas é que as raças acima citadas (resistentes) apresentam algumas características relacionadas à produção consideradas inferiores. Animais da raça Santa Inês, por exemplo, produzem carcaça de qualidade inferior a de animais Suffolk ou Ile de France. No caso da produção de cordeiros destinados ao abate, uma alternativa seria o cruzamento de matrizes da raça mais resistente com reprodutores de uma raça mais produtiva.

Mesmo as raças que apresentam alta produtividade e que são consideras susceptíveis, apresentam variabilidade genética em relação à resposta imunológica contra os parasitas. Portanto, é possível incluir a resistência à verminose como um dos critérios de seleção dos animais. Os trabalhos de seleção estão mais avançados na Austrália e na Nova Zelândia. Estima-se que a adoção de um programa de seleção consistente possa resultar no controle de nematódeos, sem a necessidade de utilizar anti-helmínticos, ao final de 13 a 18 anos.

Na Nova Zelândia existe o programa de seleção denominado WormFEC que teve início em 1994 e que já avaliou 30.000 animais, progênie de mais de 800 machos. Neste programa, a seleção de cordeiros resistentes tem por base duas contagens de ovos por grama de fezes (OPG). Inicialmente os cordeiros são desmamados e tratados com anti-helmíntico. Após são mantidos em pastagem contaminada por seis a oito semanas. Ao final deste período é realizada a primeira contagem de OPG. Os animais são novamente tratados e mantidos em pastagem contaminada por mais seis a oito semanas quando então é realizada a segunda contagem de OPG. Outras características relacionadas à produtividade também são avaliadas. Dessa forma, a combinação das diferentes características permite a seleção dos animais mais resistentes e produtivos. O resultado das avaliações, com o "ranking" dos animais, é disponibilizado "on line".

Estado nutricional

A alimentação é outro fator que tem grande influência no desenvolvimento e nas conseqüências do parasitismo. Animais que recebem alimentação de boa qualidade podem apresentar aumento na capacidade para enfrentar as conseqüências adversas do parasitismo. Em segundo lugar, podem apresentar aumento na resistência limitando o estabelecimento de larvas infectantes, o desenvolvimento e a fecundidade dos nematódeos ou, até mesmo, causando a eliminação dos parasitas já estabelecidos no trato gastrintestinal.

As dietas com nível elevado de proteína propiciam melhora na resposta imunológica especialmente daquelas raças que já são naturalmente mais resistentes a hemoncose como foi observado nos resultados de um experimento realizado com cordeiros Santa Inês e Ile de France, submetidos a dietas isoenergéticas, com teor alto ou médio de proteína metabolizável (129 g/kg e 75 g/kg de matéria seca, respectivamente). Neste experimento, cordeiros Santa Inês que receberam dieta com alto teor de proteína apresentaram maior resistência às infecções artificiais por H. Contortus em comparação com os animais dos outros grupos.

Fenômeno do periparto e a nutrição

No período do periparto as ovelhas se tornam mais susceptíveis às infecções por nematódeos gastrintestinais o que provoca aumento no número de ovos eliminado nas fezes e, conseqüentemente, aumento da contaminação da pastagem. O fenômeno do periparto é devido ao aumento na fecundidade dos vermes adultos, à retomada do desenvolvimento de larvas hipobióticas e ao estabelecimento de novas larvas infectantes, sendo que os dois últimos acarretam marcado aumento na carga parasitária de helmintos adultos.

Após a desmama dos cordeiros, a resposta imunológica se restabelece, o que provoca redução acentuada nas contagens de OPG. É interessante salientar que o fenômeno do periparto apresenta intensidade variável conforme a raça ovina. Nas raças ovinas que apresentam resistência aos nematódeos, o fenômeno, quando ocorre, é mais discreto do que o observado em raças ovinas susceptíveis.

As ovelhas apresentam um requerimento relativamente elevado de proteína metabolizável no final da gestação e durante a lactação. As proteínas podem ser consideradas um nutriente escasso e o seu consumo geralmente é insuficiente para atender a demanda do animal neste período. Pesquisadores da Escócia observaram que o fornecimento de suplementação protéica propiciou diminuição significativa do número de OPG de ovelhas no final da gestação e durante a lactação. Embora a suplementação protéica tenha um custo relativamente elevado, possibilita que as fêmeas suplementadas aumentem a produção de leite, o que resulta em maior ganho de peso dos cordeiros.

Devido à redução provocada na eliminação de ovos de nematódeos pelas ovelhas, ocorre redução da contaminação ambiental por larvas infectantes o que também é benéfico para os cordeiros. Dessa forma, a suplementação protéica de ovelhas no periparto pode ser utilizada como uma medida para reduzir a dependência do uso de anti-helmínticos para o controle da verminose.

Considerações finais

Devido ao grave problema de resistência anti-helmíntica na ovinocultura, é imperativo que se desenvolvam métodos alternativos de profilaxia das infecções helmínticas. Embora as alternativas sejam muitas, merece destaque a criação de animais geneticamente resistentes.

A habilidade dos ovinos expressarem imunidade contra os parasitas deve ser explorada ao máximo, tendo-se em mente que a mesma é regulada geneticamente e que é influenciada pela condição nutricional. A criação de raças ovinas resistentes aos parasitas associada com a suplementação de alimento de qualidade (com nível elevado de proteína), especialmente para os cordeiros e as ovelhas no periparto, poderá contribuir significativamente para reduzir a dependência atual da utilização de anti-helmínticos para o controle da verminose.

ALESSANDRO F. T. AMARANTE

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FERNANDO HENTZ

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 10/01/2008

Olá Alessandro..

Apesar da longa data de veiculação da matéria achei esta de grande importância, e me permito aqui fazer um elogio..
o trabalho que vem sendo realizado na Nova Zelândia para seleção e mapeamento de animais geneticamente resistentes as verminoses é fundamental..

Ainda contudo, acredito que em nosso país os produtores carecem de muita informação básica no que se refere ao manejo sanitário do rebanho.
Precisamos fazer com que o conhecimento produzido em nossas instituições seja deveras repassado aos produtores de forma mais eficaz..

Grande abraço...

ALESSANDRO F. T. AMARANTE

BOTUCATU - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 29/06/2006

Olá Leandro,

Se os animais estiverem sendo mantidos em tempo integral no confinamento, recebendo alimentação livre de contaminação por larvas infectantes, é provável que não seja necessária a aplicação de anti-helmínticos. Tudo depende também das condições de higiene do confinamento.

De qualquer forma, só a uma maneira de você saber exatamente se os animais estão ou não albergando cargas parasitária significativas: é com a realização de exame de fezes.

Atenciosamente,

Prof. Alessandro F. T. Amarante
LEANDRO GIROTTO DA CRUZ

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 29/06/2006

Gostaria de saber com mais precisão de quanto em quanto tempo devemos vermifugar os animais em um confinamento de Santa Ines.

Atenciosamente.

Leandro Girotto

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