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Rastreabilidade para a cadeia de pequenos ruminantes - Parte 2 de 2

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/07/2010

6 MIN DE LEITURA

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A identificação precoce dos animais pode ser importante ferramenta de controle do rebanho bem como de operacionalização do manejo animal. Além disto, espera-se que os dispositivos empregados apresentem elevada taxa de retenção ao longo da vida do animal, dispensando eventuais re-identificações.

Os primeiros trabalhos sobre avaliação de dispositivos eletrônicos em ovinos e caprinos fizeram parte do projeto de pesquisa designado FEOGA, conduzido na Espanha, Itália e Portugal, entre os anos de 1993 e 1994. Resultados positivos associados à inibição de fraudes e à possibilidade de controle automatizado dos planteis de pequenos ruminantes sinalizaram para o emprego dos dispositivos para identificação e registro, com vistas à implantação de sistemas de rastreabilidade (Ghirardi et al., 2007; Carné et al., 2009b).

O identificador do tipo bolus eletrônico (cápsula de cerâmica) foi desenvolvido para ser retido nos pré-estômagos dos ruminantes, em especial no compartimento reticular (Caja et al., 1999). Características intrínsecas ao dispositivo tais como dimensão, peso e densidade afetam sua taxa de retenção, havendo para tal a necessidade de adequação destas à idade e à espécie animal. Em ovinos, ótimas taxas de retenção (>99,5%) têm sido obtidas empregando dispositivos com densidade e peso maiores que 3g/cm³ e 20g, respectivamente.

A aplicação dos dispositivos é realizada mediante o emprego de pistola adequada, devendo o bolus ser depositado ao final da cavidade oral, estimulando desta maneira a deglutição pelo animal. Na prática, o peso mínimo para administração dos dispositivos apresenta pequena variação entre raças e mesmo entre espécies. Em cordeiros, a aplicação segura dos dispositivos é possível a partir dos 10 kg de PV, com retenção efetiva ao longo da vida dos animais (Ghirardi et al., 2007).

Os dispositivos utilizados são passivos e operam em baixa frequência (134,2 kHz) não oferecendo risco à saúde animal. A cápsula, produzida a partir de cerâmica ou outro material de alta densidade, abriga o transponder em seu interior. O animal é identificado no momento em que entra no campo de ativação da antena (instalada no brete ou balança), quando o transponder é ativado, e emite o código contendo número de identificação. A sequência de 15 algarismos permite uma combinação numérica muito grande. Isto é importante, uma vez que um dos pré-requisitos dos sistemas de identificação diz respeito à unicidade da identificação.

Estudos conduzidos no LAPOC/UFPR com animais da raça Suffolk durante a fase de crescimento (até 40 kg) em confinamento tiveram como resultado 100% de retenção, com mais de 85% dos dispositivos sendo recuperados no retículo dos animais por ocasião do abate.

Figura 1 e 2 - Identificação e leitura de dispositivos em animais da raça Suffolk do LAPOC/UFPR.



No mesmo estudo, cordeiras mantidas em pastagem apresentaram 100% de retenção até os 6 meses de idade, sugerindo que a característica dos dispositivos empregados foi apropriada. Cabritos da raça Boer também foram identificados e apresentaram 100% de taxa de retenção na fase de crescimento em confinamento e aos 6 meses de idade em pastagem.

Outra característica desejável dos dispositivos diz respeito à possibilidade de recuperação dos mesmos no abate dos animais de forma simples e rápida, o que torna possível a sua reutilização (característica única), o que reduz os custos de identificação.

Além dos identificadores encapsulados em cerâmica (bolus), o sistema é composto ainda por leitoras, antenas e softwares específicos. Uma vez que os animais estejam com os identificadores, quando os mesmos passarem nos locais de manejo onde estão as leitoras, as mesmas enviarão sinais de radiofrequência, por meio da antena, em busca dos objetos identificadores. Assim, os identificadores serão atingidos pela radiação enviada pelas leitoras, ocorrendo um acoplamento eletromagnético entre eles e a antena, permitindo que os dados armazenados no identificador possam ser recebidos pela leitora. Após, estes dados poderão migrar para um software, no computador, onde poderão ser armazenados, processados e analisados.

Figura 3 - Representação do funcionamento do sistema de identificação eletrônica, através do bolus intraruminal.



Benefícios do emprego da tecnologia

O uso da tecnologia RFID (Radiofrequency Identification Devices) tem se tornado comum em inúmeros países e tem provado ser útil e econômica em locais onde um grande número de animais precisa ser processado em curto período de tempo. Adicionalmente, a habilidade para controlar doenças usando um programa com RFID pode minimizar substancialmente as perdas econômicas do rebanho, bem como o tempo de coleta de dados (Saatkamp et al., 1997; Wismanns, 1999). A identificação eletrônica, quando comparada ao sistema de identificação visual com números, possibilitou o aprimoramento de muitos processos. Dentre as principais vantagens apontadas estão à redução dos custos de trabalho e de leituras incorretas (Artmann, 1993).

Outros benefícios estão associados à possibilidade de acompanhamento efetivo do rebanho, mediante registro individualizado de dados acerca dos manejos realizados. De acordo com Lopes et al. (1997), a operacionalização das atividades também é facilitada com a identificação eletrônica dos animais, que permite interligar ferramentas práticas de manejo ao sistema, como as balanças eletrônicas. Nesse caso, os animais que passam no brete são automaticamente identificados, pesados e contados, eliminando desta maneira os erros de identificação, pesagem e contagem, decorrentes de anotações.

Outras vantagens referem-se à integração dos dados do produtor às do frigorífico, permitindo ao consumidor final ter acesso às informações de origem da carne que consome. A rastreabilidade é o único caminho para que esta integração seja possível e também para que se consolidem iniciativas de criação de marcas para o setor de carnes. Para Gutierrez et.al. (2005), a criação de marcas que associem saúde e qualidade desde a fazenda até a gôndola do supermercado é fundamental, haja vista o aumento de consumidores que estão dispostos a pagar mais por produtos com qualidade comprovada.

Um exemplo desta tendência são algumas redes de supermercados europeias, como o Carrefour, na França. O Filières Qualité Carrefour (Qualidade da Cadeia Carrefour), garante produtos com níveis especificados de qualidade, aplicados aos setores de queijo, carne, frutas e vegetais, peixe e frutos do mar. Em 2003, o Carrefour firmou mais de 250 acordos de parceria com mais de 35.000 produtores (GIRAUD-HÉRAUD et.al, 2006).

A criação de selos para os alimentos tem sido uma tendência cada vez mais importante para comunicar a qualidade dos alimentos aos consumidores. As indicações contidas nos selos funcionam como uma pista, que pode ser utilizada pelos consumidores no seu processo de avaliação de alternativas de produtos (VERBEKE, 2005).

Referências bibliográficas

ARTMANN, R. Electronic identification systems: states of the art and their further development. Computers and Electronics in Agriculture, 1999, v.24, n.1-2, p.5-26.

CAJA, G. et al. Development of a ceramic bolus for the permanent electronic identification of sheep, goat and cattle. Computers and Electronics in Agriculture, v. 24, p. 45-63, 1999.

CARNÉ S. et al. Extended field test on the use of visual ear tags and electronic boluses for the identification of different goat breeds in the United States. Journal of Animal Science, v. 87, p. 2419-2427, 2009b.

GHIRARDI, J. J. et al. Suitability of electronic mini-boluses for early identification of lambs. Journal of Animal Science, v. 85, p. 248-257, 2007.

GIRAUD-HÉRAUD, E.; ROUACHED, L.; SOLER, L. Private Labels and Public Quality Standards: How Can Consumer Trust be Restored after the Mad Cow Crisis? Quantitative Marketing and Economics, Vol.4, p.31-55, 2006.

GUTIERREZ, R.M.V.; MONTEIRO FILHA, D.C.; NEVES, M.E.T.M.S. Complexo Eletrônico: Identificação Digital por Radiofrequência. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, No.22, pp.29-70, 2005.

International Committee for Animal Recording (ICAR). International Agreement of Recording Practices. Guidelines approved by the General Assembly held in Kuopio, Finland, June 2006, International Committee for Animal Recording. Rome, Italy, 2007.

LOPES, M. A. Informática aplicada à bovinocultura. FUNEP, Jaboticabal, 1997.

MACHADO, J. G. de C. F., & NANTES, J. F. D. Identificação eletrônica de animais por radiofrequência (RFID): perspectivas de uso na pecuária de corte. Revista Brasileira de Agrocomputação, v. 2, n. 1, p. 29-36, 2004.

SAATKAMP et al. Economic evaluation of national identification and recording systems for pigs in Belgium. Preventive Veterinary Medicine, v. 30, p. 121-129, 1997.

VERBEKE, W. "Agriculture and Food Industry in the Information Age". European Review of Agricultural Economics, vol.32, p.347-368, 2005.

WISMANS, W. Identification and registration of animals in the European Union. Computers and Electronics in Agriculture, v.24, n.1-2, p. 99-108, 1999.

FERNANDO HENTZ

Desenvolveu projeto de Validação para o Brasil da tecnologia de identificação eletrônica de ovinos e caprinos por meio de bolus intraruminais.
Desenvolveu projeto de Validação de Sistemas Alimentares para a produção de carne de cordeiros no Paraná.

ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

Coordena o Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da UFPR

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FERNANDO HENTZ

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 14/01/2013

Prezado Adamir!





Estamos tendo sucesso no Paraná com a identificação eletrônica de rebanhos e utilização de software de gestão. Está se mostrando uma ferramenta de grande utilidade e os produtores tem gostado. Também em Santa Catarina deveremos identifcar alguns rebanhos com bolus intraruminal.


A boa alimentação do software é fundamental para o sucesso do manejo e a grande vantagem está na eliminação de papeis e tomada de decisão rápida, no momento do manejo.


A muita perda de brinco e perda de controles, além disto só um dispositivo eletrônico permite automação e integração direta com software.


Caso tenha dúvidas ou interesse em saber mais sobre a tecnologia, segue meu e-mail


lelopzo@gmail.com


abraços!
ADAMIR HOSODA MONTEIRO

BOCA DO ACRE - AMAZONAS - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 01/01/2013

olá acho muito interessante! a minha curiosidade se estende, no que eu ja  ouvi falar do produto. me interressa muito usa-lo minha preocupação: sera que eu terei suporte. físico, financeiro, uma vez que sou pequeno produtor. na minha região ja existe um determinado criador uzando o sistema. ate então não sei sua eficiencia/eficácia.... no que diz respeito ao controle. tecnico acredito que; a operacionalidade muito fraca de pouca importancia no projeto. gostaria de ter o conhecimento mais palpavel em que eu pudessse sentir,ver,o resultado. gostaria muito de ter mas informações.  Grato pelo espaço ADAMIR H.MONTEIRO
FERNANDO HENTZ

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 22/07/2010

Prezado Guilherme A. Tessaro

O custo unitário de identificação está na dependência do tamanho do rebanho identificado. Isto por que o custo de leitora e antena será diluído no rebanho. Em se tratando de rebanhos maiores o custo parcial destes equipamentos tende a ser menor/animal.
Ainda cabe lembrar que existem leitoras e antenas(periféricos) de diferentes modelos, com distintas funções e valores de comercialização, que podem apresentar pequena variação sobre o custo de identificação individual. O bolus eletrônico apresenta valores que variam de R$7,00 e R$10,00.
Os dispositivos de identificação apresentam grande vida útil (superior a 10 anos), e podem ser reutilizados no caso de animais destinados ao abate, o que certamente reduz em muito os custos com identificação.

Agradecemos a participação!
GUILHERME A. TESSARO

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL

EM 17/07/2010

Olá,

Achei muito interessante este sistema de indentificação! Gostaria de ter uma idéia de custo unitário do dispositivo. Considerando o leitor no brete e a identificação individual, qual seria o custo por animal?

Obrigado,

Guilherme

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