O estudo dos aspectos qualitativos das carcaças ovinas produzidas nas distintas regiões criatórias reveste-se de capital importância, haja vista as peculiaridades dos sistemas de produção e dos genótipos utilizados.
EL KARIN et al. (1988) relatam que o efeito do genótipo é evidente, quando se usam algumas medidas na predição da composição da carcaça. O uso de melhor alimentação e cruzamentos industriais pode causar sensíveis modificações em características como comprimento da carcaça e da perna e peso da carcaça.
SIERRA e BOCCARD (1970) verificaram que cordeiros puros da raça Rasa Aragonesa apresentaram carcaças contendo planos musculares menos desenvolvidos, com pernas longas e pouco arredondadas - características associadas ao maior comprimento interno da carcaça, ao maior comprimento da perna e à menor largura do tórax, quando comparados aos mestiços Texel x Rasa Aragonesa, que revelaram carcaças mais curtas e com massas musculares mais desenvolvidas.
Resultados citados por PALSSON (1939) mostraram que a profundidade do músculo longissimus dorsi (medida B), determinada na penúltima costela, é medida indicadora da musculatura total da carcaça, ao passo que a espessura da gordura de cobertura apresenta alta correlação com a gordura subcutânea total da carcaça.
A área do músculo longissimus dorsi ou área de olho de lombo é considerada medida representativa da quantidade e distribuição das massas musculares, assim como da qualidade da carcaça.
Em cruzamento da raça Ile de France com Merino da Turquia, também observou-se maior valor para área de olho de lombo nas carcaças dos animais mestiços (23,5 cm2), comparativamente aos puros Merino (20,0 cm2), todos abatidos aos 105 dias de idade.
Segundo SIERRA et al. (1992), o genótipo e o sistema de alimentação podem variar de forma significativa a relação entre a conformação visual e a composição física da carcaça. A conformação está fundamentalmente influenciada pela base genética, sendo que as raças bem conformadas, de clara aptidão para a produção de carne, transmitem à sua descendência boa morfologia, enquanto as raças rústicas apresentam, em geral, carcaças estreitas.
A avaliação objetiva da conformação pode ser efetuada mediante uma série de medidas da carcaça, e algumas podem originar índices de compacidade, para dar valor à distribuição da carne e da gordura na carcaça.
Segundo THORNTON et al. (1974), a distribuição da gordura é função de peso vivo, peso da carcaça, sexo, tipo de alimentação e raça. Já THOMPSON e BUTTERFIELD (1987) enfatizam as diferenças verificadas entre os genótipos.
O excesso de gordura é fator limitante na produção de cordeiros mais pesados, sendo necessária a identificação de raças e cruzamentos capazes de produzir carcaças mais desejáveis, sobretudo quando os animais são alimentados para atingirem pesos elevados.
Referências bibliográficas
EL KARIN, A.I.A., OWEN, J.B., WHITAKER, C.J. 1988. Measurement on slaughter weight, side weight, carcass joints and their association with carcass composition of two types of Sudan Desert sheep. J. Agric. Sci.,110:65-9.
PALSSON, H. 1939. Meat qualities in sheep with special reference to Scottish breed and sample joint as indice of quality and composition. J. Agric. Sci., 29:544-625.
SIERRA, I., BOCCARD, R. La armonia anatômica en el ganado ovino. In: SYMPOSIUM SOBRE LOS PROBLEMAS DE LA PRODUCCION OVINA BAJO CONDICIONES DE MEDIO DIFICILES, 1, 1970, Zaragoza. Proccedings ... Zaragoza: 1970. p.495.
SIERRA, I., SAÑUDO, C., ALCALDE, M.J. 1992. Calidad de la canal en corderos ligeros tipo ternasco: canales españolas y de importación. Inf. Téc. Econ. Agrár., 88(1):88-94.
THOMPSON, J.M., BUTTERFIELD, R.M. 1987. Food intake, growth and body composition in Australian Merino sheep selected for high and low weaning weight. 4. Partitioning of dissected and chemical fat in the body. Anim. Prod., 45:49-60.
THORNTON, R.F., SHAW, F.D., HOOD, R.L. 1974. Marbling in feedlot cattle. Aust. J. Anim. Husb, 14:281-5.