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Potencial das estratégias alimentares para diferenciar a composição do leite

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/05/2009

2 MIN DE LEITURA

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Recentemente, a demanda por alimentos com alto valor nutricional e alta qualidade sensorial tem aumentado. Os ácidos linoléico e alfa-linolênico são ácidos essenciais, uma vez que eles não são sintetizados pelo corpo humano. Vários estudos já demonstraram que o alfa-linolênico tem efeito cardioprotetor. Assim, os consumidores deveriam procurar aumentar o consumo destes compostos. Em adição, tem sido demonstrado que a adição de ácido linoléico conjugado (CLA) é benéfica à saúde humana.

A distribuição dos ácidos graxos no leite é dependente da composição da dieta. Por exemplo, dietas contendo pastagens como base, suprem substratos que produzem leite com alto nível de ácidos graxos insaturados, quando comparado com dietas na forma de ração total contendo forragem a base de milho. Notadamente, silagens de milho contem alta concentração de ácido linoléico, que afeta a composição do leite. Entretanto, a manipulação da dieta pode modificar a composição do leite, em especial dos ácidos graxos poliinsaturados.

Para estudar essas questões, um grupo de pesquisadores americanos coletou leite e informações de rebanhos comerciais em três distintos sistemas de produção, a saber:

1- Sistema Convencional, utilizando concentrado comercial (polpa cítrica, colza e farelo de soja), polpa de beterraba seca, e como fonte forrageira, silagens de milho e de gramíneas.
2- Sistema de produção de leite orgânico, com utilização de pastagem durante 150 dias do ano, entre abril e novembro, e silagem de gramíneas e cereais como cevada e aveia durante o período de estiagem.
3- Sistema de produção de leite a pasto, onde os animais pastejavam extensivamente trevo branco e 2 kg de suplemento concentrado/dia.

A Tabela 1 apresenta a composição das dietas dos três sistemas de produção.

Tabela 1. Composição do Consumo de Matéria Seca dos sistemas estudados (% da matéria seca total).



Na Tabela 2 estão apresentados como os sistemas estudados influenciaram a composição da gordura do leite bovino.

Tabela 2. Produção de leite, concentração de ácidos graxos, distribuição dos ácidos graxos, ração entre ácido linoléico e alfa-linolênico e concentração de antioxidantes no leite de vacas manejadas em diferentes sistemas de produção



Pode-se observar que sistemas a pasto sempre irão induzir um desempenho individual inferior ao sistema convencional, ou que utilize grande quantidade de suplemento concentrado. E, também, normalmente suprirá nutrientes que produzam leite com maior concentração de gordura. As concentrações de CLA, ácido alfa-linolênico e linoléico, bem como dos antioxidantes do grupo tocoferol foram maiores no leite proveniente de vacas mantidas em pastagens. Por outro lado, os ácidos graxos saturados e o beta-caroteno foram menores.

Considerações finais

Conforme apresentado acima, observa-se que a dieta influencia o perfil de ácidos graxos do leite. Assim, os resultados indicam que a composição do leite pode ser manipulada para se ajustar às recomendações para humanos, e assim, ter alto teor de ácidos graxos poliinsaturados e vitaminas, pelo aumento da dependência de dietas a base de pasto na alimentação de vacas leiteiras.

Essa é uma importante constatação, uma vez que o Brasil dispõe de imensas áreas para este tipo de exploração, com potencial para ser um importante fornecedor de leite de alta qualidade sensorial, perfil de ácidos graxos benéficos à saúde humana e de grande potencial antioxidante.

Fonte: Adaptado de: SLOTS, T., BUTLER, G. et al. Potentials to differentiate milk composition by different feeding strategies. Journal of Dairy Science, 92:2057-2066, 2009

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/02/2012

Prezada Luana,


Sim, no futuro a cadeia de lacteos irá explorar outros nichos de mercado, sendo que um dele será a comercialização de leite com sua composição padrão alterada, não somente com o teor de gordura como conhecemos hoje, mas também no perfil da gordura nele presente.
LUANA CYPRIANO DE SOUZA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 13/02/2012

Ola Junio,

Tenho buscado sobre este assunto há muito tempo. Achei seu artigo bastante completo e esclarescedor. Na sua opinião será possível que, no futuro, o teor de CLA contido no leite torne-se mais um parametro de pagamento por qualidade ao produtor?

Att.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/08/2009

Prezado Helder.
Obrigado pelo comentário. Sou filho de produtor rural, e enquanto pesquisador, a minha função é buscar informações e soluções para melhorar cada vez mais nosso setor produtivo.
HELDER FERREIRA DE AVELAR

GOIÂNIA - GOIÁS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 20/08/2009

Bom Junior tenho lido alguns artigos seus e os julgos muitos importantes e dentro do contexto de uma pecuária que vem sofrendo mudanças e que ainda esta se engatinhando mas com uma lentidão em para se conquistar um futuro proxímo simplesmente por que, as cabeças dos seres humanos demoram aceitar as mudanças e buscar melhorias no futuro. Qualidade de leite é um fator muito importante e procurar produzir um produto com mais qualidade em busca de melhorar a nossa lucratividade é o melhor caminho, porque a população mundial esta crescendo e com isso esta aumentando o consumo de alimentos. O Brasil precisa de pessoas como vc que se preocupa em buscar melhorias saindo do foco que nos traz dificuldades. Parabéns pelos seus artigos!
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/06/2009

Prezado Jefferson.

Sim, você está certo. Pensando-se de forma massal, visando atender à grande maioria dos produtores, é salutar a necessidade de aumento de renda utiliziando-se de tecnologias simples e de fácil usabilidade, em outras pralavras, o protocolo padrão que aprendemos na faculdade. Entretanto, tentei dialogar sobre o fato de que existe um nicho de mercado para a comercialização de um produto diferenciado. Isso será uma evolução lenta, mas que certamente, os produtores que desde hoje já se programarem para atender às exigências do mercado (consumidores) no futuro, terão uma vantagem importante. Nos EUA e Europa, os rótulos dos produtos são muito mais completos que no Brasil. Em um futuro não tão distante, essa riqueza de detalhes também vai ser exigida aqui, e quando esse dia chegar, mudanças na qualidade e na forma de produção do nosso leite deverão necessariamente ser feitas, pois a qualidade do nosso produto hoje ainda é regular. Assim, sai na frente o produtor que tiver mais experiência, o que só é conseguido com o tempo.

Então, quando eu escrevi esse texto, estava com o pensamento não no presente, mas sim no futuro. Em resumo, no meu ponto de vista, aqueles que se preocuparem com a causa, terão mais chances de conseguirem melhores preços pelos seus produtos no futuro, ou talvez, se as coisas realmente mudarem como eu penso que mudarão, esse produtores não correrão o risco de terem o seu produto rejeitado pelos grandes mercados consumidores. Talvez o mercado não mude tão radicalmente assim nos próximos anos, mas certamente os produtores serão cada vez mais forçados a produzirem um produto diferenciado nas próximas décadas.
JEFFERSON R. GANDRA

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 14/06/2009

Caro Junio,

Meu ponto de vista sobre essa questão de qualidade de leite é direcionada para ganhos para o produtor,nosso trabalho como nutricionista é aumentar a renda do produtor de leite.
O foco que vc escolheu sobre essa ótica é válido, mas penso que nosso foco principal seja o produtor de leite.

Atenciosamente
Jefferson Gandra

Obrigado por ter me respondido, gostei bastante de sua observação.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/05/2009

Prezado Jefferson.
A ingestão de alimentos saudáveis esbarra na falta de informação, até mesmo quando nos referimos à pessoas de bom nível cultural e com facilidade de obter informação, não é mesmo? Mas, o nosso foco aqui não é exatamente esse. O objetivo do presente artigo é informar os leitores de que é possível produzir leite com composição nutricional mais adequada à demanda de alguns nutrientes específicos pelos serem humanos. Quanto mais nós nutricionistas conseguirmos produzir produtos de origem animal com perfil nutrional mais compatível com as exigências do homem, melhor. Como o Brasil é um dos principais produtores de leite no mundo, e sendo o leite um dos principais alimentos recomendados pelas principais organizações mundiais ligadas à saúde, alimentação e agricultura, a exemplo da ONU e FAO, acredito ser de grande importância este debate sobre qualidade do leite.
JEFFERSON R. GANDRA

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 15/05/2009

Será que a quantidade desses CLA (s) excretados no leite são ingerido em quantidades necessárias para tazer algum benefício na saude Humana. Acredito que essa quantidade esteja bem aquem da necessária. Acredito em manipulação dietética do leite para aumentar a renda do produtor, não para especulações sobre nutraceuticas sem comprovação científica.

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