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Perfil metabólico em vacas leiteiras no período de transição

POR TIAGO ANDRE FRIGOTTO

E RODRIGO DE ALMEIDA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/11/2009

7 MIN DE LEITURA

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O período de transição, geralmente definido como o espaço de tempo entre as 3 semanas pré-parto e as 3 semanas pós-parto, é uma fase crítica e determinante para a saúde da vaca e seu retorno econômico durante toda a lactação. A capacidade da vaca em consumir energia suficiente durante esse período é um dos mais importantes contribuintes para o sucesso ou falha da lactação. A adaptação da vaca ao balanço energético negativo durante o início da lactação proporciona saúde e produtividade, enquanto que uma baixa adaptação pode ter como consequência múltiplos problemas, incluindo os clínicos e a diminuição da produção leiteira.

Neste estágio, severas alterações metabólicas, fisiológicas e anatômicas ocorrem na vaca parturiente, favorecendo a ocorrência de diversos distúrbios patológicos que podem, além de prejudicar a eficiência produtiva da futura lactação, reduzir o desempenho reprodutivo e aumentar a taxa de descarte. Uma pesquisa realizada em rebanhos leiteiros do município de Arapoti, estado do Paraná, mostrou que 53% das vacas descartadas deixaram seus rebanhos nos primeiros três meses de lactação.

A maioria das doenças infecciosas e desordens metabólicas, como a hipocalcemia, cetose, retenção de placenta, metrite, mastite e deslocamento de abomaso ocorrem neste período.

As doenças metabólicas podem, em parte, serem causadas por um desbalanço ou deficiência de nutrientes, ou pela depressão no consumo de alimentos antes do parto, resultando em um balanço nutricional negativo. Para suprir esta demanda de nutrientes, o animal deverá mobilizar suas reservas corporais. A consequência desta mobilização é a produção de alguns metabólitos, que em elevadas concentrações podem ser prejudiciais ao animal, contribuindo para a ocorrência das doenças metabólicas citadas anteriormente.

Entretanto, a maioria das alterações metabólicas ocorre de forma subclínica, ou seja, sem que o animal manifeste algum sinal clínico. O maior problema destas é a diminuição de 10 a 30% da produtividade, mesmo estando aparentemente saudáveis, sem que o proprietário ou o médico veterinário notem qualquer anormalidade.

Desta forma, torna-se importante o uso de tecnologias para monitorar a saúde das vacas no período de transição, objetivando prevenir, diagnosticar e tratar estes problemas subclínicos, evitando ou reduzindo as perdas na produção leiteira.

O perfil metabólico é um conjunto de exames sanguíneos que permite quantificar a concentração dos metabólitos provenientes da mobilização de tecidos corporais e com isso realizar o monitoramento da adequação das vacas às exigências crescentes de energia, proteína e minerais. Além disso, o perfil metabólico permite o diagnóstico de transtornos metabólicos, de deficiências nutricionais, como preventivo de transtornos subclínicos, além da pesquisa de problemas de saúde e do desempenho produtivo de um rebanho.

Além deste, outra forma de monitoramento, mais simples, de fácil obtenção e baixo custo, é o exame de leite e urina com reagentes colorimétricos, na forma de pó ou fitas, sendo facilmente encontradas em lojas especializadas. Esse exame, considerado como qualitativo por não demonstrar a concentração exata dos metabólitos circulantes, permite diagnosticar problemas clínicos em indivíduos suspeitos e, com isso, também corrigir erros de manejo alimentar e de ambiente.

O acompanhamento da qualidade do período de transição de vacas leiteiras pela realização de exames metabólicos pode ser individual ou geral do rebanho. O objetivo do exame individual é identificar as vacas com risco para doenças e com isso evitar ou atenuar o problema clínico, e no caso do exame do rebanho, pode-se avaliar a eficiência do manejo realizado com a detecção precoce dos problemas existentes.

Diversos parâmetros metabólicos séricos podem ser avaliados, entretanto, apenas dois são realmente importantes ferramentas clínicas para medição do status nutricional e da adaptação ao balanço energético negativo de vacas leiteiras durante o período periparto. São eles os ácidos graxos não-esterificados (AGNE) e o beta-hidroxibutirato (BHBA).

Os AGNE, ou ácidos graxos livres, são metabólitos oriundos da quebra de moléculas de triglicerídeos (gordura) das reservas corporais, com o objetivo de fornecer a energia deficitária durante o balanço energético negativo. Assim, a concentração plasmática de AGNE é frequentemente uma chave clínica para avaliar a intensidade de mobilização das reservas de gordura corporal em vacas leiteiras durante o período periparturiente.

Os AGNE podem ser utilizados de três formas pela vaca leiteira: 1) convertidos diretamente em energia (melhor alternativa), 2) convertidos em corpos cetônicos pelo fígado (menos desejável) e 3) armazenados como gordura no fígado (pior alternativa, pois leva ao fígado gorduroso).

Portanto o BHBA (beta-hidroxibutirato) é um dos principais corpos cetônicos produzidos pelo fígado e quando em altas concentrações no organismo (quadro clínico conhecido como cetose) reduzem o consumo alimentar e por consequência a produção de leite, sendo, portanto um indicador da adaptação da vaca ao balanço energético negativo.

Devido à grande demanda nos dias que antecedem o parto (formação do feto e colostro) e pela alta demanda no início da lactação, o mineral cálcio (Ca) também pode ser monitorado na primeira semana da lactação.

Certamente a determinação sanguínea exata destes metabólitos é uma excelente forma de monitoramento nutricional e clínico de rebanhos, no entanto, por ser um exame laboratorial, para sua realização é necessário equipamento bioquímico e reagente específico para cada metabólito. Por estes motivos, o exame de perfil metabólico ainda não é um exame de rotina utilizado em propriedades leiteiras devido principalmente ao custo dos reagentes, maior manejo dos animais, necessidade de colheita, armazenamento e transporte do sangue até o laboratório, além do custo para a realização do exame.

Estas limitações são relevantes, mas não devem impedir o monitoramento de vacas leiteiras recém-paridas, já que as perdas econômicas associadas às enfermidades metabólicas deste período são muito mais expressivas. Além disso, dados epidemiológicos e observações de campo mostram que a incidência combinada destas enfermidades tipicamente chega a 50% de todas as vacas parindo em fazendas norte-americanas. Em outras palavras, a cada duas vacas parindo numa típica propriedade norte-americana, normalmente uma vai ser acometida de uma desordem no período pós-parto. Dados preliminares em dois grandes rebanhos leiteiros do Paraná mostraram incidências similares.

Ressalta-se ainda que existem formas mais simples, de fácil realização e de baixo custo para o monitoramento do rebanho. Dentre elas citam-se os exames colorimétricos com fitas reagentes e reagentes em pó para análise de corpos cetônicos na urina e leite que podem ser realizados na própria fazenda, rapidamente, sem prejudicar o manejo rotineiro dos animais.

Conclusões

A avaliação do perfil metabólico sanguíneo, levando em conta as características do rebanho e o estado fisiológico dos animais, oferece uma importante ferramenta para detectar a tempo alguns distúrbios metabólicos, muitas vezes presentes em forma subclínica, que afetam a saúde, a fertilidade e a capacidade produtiva dos rebanhos.

Um eficiente período de transição determina a rentabilidade da vaca durante toda a lactação, assim como limitações nutricionais ou no manejo durante este período podem impedir o alcance da máxima produtividade leiteira.

Métodos eficientes e de baixo custo para análise de metabólitos, podendo ser usados de forma rotineira em fazendas leiteiras auxiliariam no monitoramento da qualidade dos manejos e consequentemente no controle e prevenção de problemas clínicos durante o período de transição, proporcionando melhor saúde e produtividade às vacas.

Em um próximo artigo iremos compartilhar com os leitores do MilkPoint os principais resultados de um experimento conduzido em duas grandes leiterias paranaenses, onde se utilizou o perfil metabólico no monitoramento de vacas leiteiras recém-paridas.

Referências consultadas

CHUNG, Y.-M.; PICKETT, M.M.; CASSIDY, T.W.; VARGA, G.A. Effects of prepartum dietary carbohydrate source and monensin on periparturient metabolism and lactation in multiparous cows. J. Dairy Sci., v.91, p.2744-2758, 2008.
DRACKLEY, J.K. Biology of dairy cows during the transition period: the final frontier? J. Dairy Sci., v.82, p.2259-2273, 1999.
DUFFIELD, T.F.; LISSEMORE, K.D.; McBRIDE, B.W.; LESLIE, K.E. Impact of hyperketonemia in early lactation dairy cows on health and production. J. Dairy Sci., v.92, p.571-580, 2009.
GOFF, J.P.; HORST, R.L. Physiological changes at parturition and their relationship to metabolic disorders. J. Dairy Sci., v.80, p.1260-1268, 1997.
GONZÁLEZ, F.H.D. Ferramentas de diagnóstico e monitoramento das doenças metabólicas. Ciência Animal Brasileira, Suplemento 1, 2009.
GRUMMER, R.R. Impact of changes in organic nutrient metabolism on feeding the transition dairy cow. J. Anim. Sci., v.73, p.2820-2833, 1995.
HORST, R.L.; GOFF, J.P.; REINHARDT, T.A.; BUXTON, D.R. Strategies for preventing milk fever in dairy cattle. J. Dairy Sci., v.80, p.1269-1280, 1997.
HUTJENS, M.; AALSETH, E. Caring for transition cows. W.D. Hoards & Sons Company, 64p., 2005.
HUZZEY, J.M.; VIEIRA, D.M.; WEARY, D.M.; VON KEYSERLINGK, M.A.G. Prepartum behavior and dry matter intake identify dairy cows at risk for metritis. J. Dairy Sci., v.90, p.3220-3233, 2007.
LEBLANC, S. J.; LISSEMORE, K.D.; KELTON, D.F.; DUFFIELD, T.F.; LESLIE, K.E. Major advances in disease prevention in dairy cattle. J. Anim. Sci., v.89, p.1267-1279, 2006.
PAYNE, J.M.; PAYNE, S. The metabolic profile test. Oxford University Press. New York, p.450, 1987.
RABELO, E.; CAMPOS, B.G. Fisiologia do período de transição. Ciência Animal Brasileira, Suplemento 1, 2009.

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RICARDO OLIVEIRA

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/03/2014

BOA NOITE SENHORES PROFESSORES, PARABÉNS PELO ARTIGO! UM GRANDE ABRAÇO AO PROF. TIAGO MEU ORIENTADOR NA PÓS- GRADUAÇÃO.
ELAINE SOUZA

OSASCO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 21/08/2013

Boa tarde Profº Rodrigo e Thiago,



parabenizo-os pelo excelente artigo, inclusive pelos esclarecimentos (custos e marcas disponíveis no mercado). Gostaria da opinião de vcs, pq embora o leite tenha valorizado nos últimos tempos, por quê há tanta negligência com monitoração rotineira de cetose subclínica, já q essa implica prejuízos consideráveis à produção, custos esses que justificam o investimento em análises rápidas, ou amostrais rotineiras do rebanho, frente às perdas (retorno ao cio, menor produção, patologias reprodutivas, etc)?



   Desde já obrigada.

  

   Att.,

   Elaine Nunes
HUMBERTO DE HOLLANDA CAVALCANTI NETO

MACEIO - ALAGOAS - ESTUDANTE

EM 24/01/2013

Ok. Muito obrigado!
RODRIGO DE ALMEIDA

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 23/01/2013

Prezado Humberto


Sim é isto mesmo, "depressão" neste caso quer dizer "redução".


Atenciosamente

Prof. Rodrigo de Almeida
HUMBERTO DE HOLLANDA CAVALCANTI NETO

MACEIO - ALAGOAS - ESTUDANTE

EM 22/01/2013

Boa tarde, Rodrigo de Almeida. Sou aluno do Instituto Federal de Alagoas e estou na fase de tcc. Minha defesa é relacionada a redução de teor lipídico para evitar doenças cardiovasculares e hipertensão. Pois bem... Li um artigo seu que vc se refere a DGL (depressão da gordula do leite), certo? queria saber se, quando vc se refere a DGL, o termo ´´depressão´´ , nesse caso, quer dizer redução da gordura do leite em relação a alimentação do animal, não é?     grande abraço. Espero resposta.  



                             Humberto Hollanda
RODRIGO DE ALMEIDA

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 11/03/2012

Prezado Artur

Pelos trabalhos que consultei, de fato determinados ácidos graxos de cadeia longa, inclusive aqueles oriundos de algumas gorduras protegidas ricas em C18:2 (linoléico) e C18:3 (linolênico) inibem a produção ou a liberação de prostaglandina F2 alfa pelo útero. Isto previne a regressão do corpo lúteo no ovário, aumentando a sobrevivência dos embriões recém-formados. Mas a maior parte da literatura consultada salienta a importância da suplementação do período pós-parto e não no período pré-parto. Assim, continuo acreditando (mas posso mudar de ideia no futuro se for convencido por novos trabalhos...) que os benefícios da suplementação de AGs no pré-parto não compensam os prejuízos ocasionados por um possível menor consumo de MS num período tão crítico!

Atenciosamente

Prof. Rodrigo de Almeida
ARTUR ANDRÉ CARDOSO BERTOL

CASCAVEL - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/03/2012

Prof. Rodrigo, com relação ao uso de Gordura Protegida no pré-parto, e se for utilizada uma gordura protegida com altos teores de ômegas 6 e 3? Não pensando nos benefícios do aumento da densidade energética da dieta somente, apesar da possível depressão na ingestão de MS, os benefícios dos ácidos graxos essenciais (ômegas 6 e 3), não podem de certa forma compensar?

RODRIGO DE ALMEIDA

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 07/03/2012

Prezado Eder

Desculpe a demora em respondê-lo; estava em férias no início de fevereiro e seu e-mail acabou escapando...

Sobre a gordura protegida no período pré-parto, embora já tenho lido alguns trabalhos onde foi demonstrado um potencial benefício, vários outros não encontraram nenhum efeito. Assim, não estou convencido dos benefícios desta suplementação (no período pré-parto, que fique bem claro!). Além dos custos associados com esta suplementação (+R$0,73/vaca/dia numa suplementação de 200g diárias), há o risco de vc agravar a depressão no consumo de MS nos dias que antecedem o parto, já que boa parte das fontes de gordura deprimem a ingestão.

Sobre o uso de probióticos, minha experiência se restringe a leveduras vivas e neste caso acho que sim, a suplementação pode trazer benefícios. Mas acho que estes benefícios dificilmente podem ser quantificados e no caso da suplementação, vc deve acreditar que o produto está funcionando baseado na literatura científica disponível. Mas o principal argumento de incluir este aditivo às dietas é o pequeno custo com a suplementação (inferior a R$0,10/vaca/dia).

Eder, espero ter respondido suas perguntas.

Atenciosamente

Prof. Rodrigo de Almeida
EDER GHEDINI

TAPEJARA - RIO GRANDE DO SUL

EM 08/02/2012

Nobre professor Rodrigo Almeida!

O periodo de transição é sem dúvida crucial como bem colocastes no texto. Pois bem,  dando continuidade a essa discussão, gostaria de perguntar-lhes o seguinte: Com vistas a uma melhor condição fisiológica ou redução de seus efeitos destes animais neste período pré e pós parto, ao suplementar estes animais 21 dias pré parto com por exemplo, gordura protegida e probióticos, estes por sua vez contribuiriam de forma efetiva na redução de determinados transtonos no pós parto? Gostaria de poder contar com sua opinião a respeito, haja visto o renomado nome que tens neste meio. Desde já agradeço sua atenção!

Eder Ghedini

Médico Veterinário
TIAGO ANDRE FRIGOTTO

MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PARANÁ - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 04/12/2009

Prezado Tancredo

As fitas reagentes podem ser encontradas em lojas especializadas em produtos bioquímicos humanos. No entanto, o reagente em pó, pelo nosso conhecimento, é adquirido somente por meio de importação. Encontramos este produto no site da empresa norteamericana Nasco (www.enasco.com).

Com relação aos parâmetros de análise, após o contato da urina com a fita reagente, caso haja corpos cetônicos, ocorrerá uma reação colorimétrica, em que a fita passará da cor branca (negativo para corpos cetônicos) para a cor violeta (positivo). Da mesma forma ocorre com o pó reagente, onde após a mistura de 1 a 2 gramas deste com a urina ou leite, se houver presença de corpos cetônicos, ocorrerá a reação colorimétrica.

Agradecemos sua participação.

Tiago & Rodrigo
TANCREDO THEODORO DE FARIA FILHO

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/12/2009

Colegas med veterinario THIAGO E RODRIGO, excelentes matéria, só gostaria de saber onde encontrar os respectivos reagentes em pó e os parâmetros de análise.

TANCREDO THEODORO -MED VETERINARIO/CRMV/MS
RODRIGO DE ALMEIDA

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 26/11/2009

Prezado Eder

De início obrigado pela sua participação.

Li com atenção seus argumentos e reconheço que vc não é o único a refletir sobre os impactos negativos da alta produção de leite. Outros técnicos e produtores pensam como vc, pois de fato a exploração máxima dos animais e a alta produção de leite traz sim algumas consequências negativas, tais como aumento na incidência de desordens metabólicas no pós-parto, menor vida útil ou longevidade, pior desempenho reprodutivo, etc.

Mas será que a solução seria "frear" ou impedir novos aumentos na produção de leite? Acredito que não, já que a produção de leite é a variável mais importante na determinação da rentabilidade de uma propriedade leiteira, particularmente em sistemas confinados e semi-confinados.

Qual é a solução portanto? Na minha modesta opinião, tentar aliar a contínua seleção para maiores produções de leite com a preocupação de um desempenho reprodutivo satisfatório, através da adoção de práticas de manejo e de nutrição para diminuir a incidência de desordens metabólicas no pós-parto, melhorar o conforto das instalações e algumas características de conformação (sistema mamário e aprumos) para diminuir o descarte involuntário, avaliar e interpretar índices zootécnicos desejáveis, etc.

Reconheço que é mais difícil, mas ainda acho possível aliar altas produções a um razoável desempenho reprodutivo e sanitário. Em outras palavras, considero mais viável um rebanho de alta produção que implementa práticas de manejo para melhorar a reprodução, a sanidade e a longevidade do que um segundo rebanho, "rústico" e "cruzado", onde as vacas são longevas e sadias, mas produzem pouco leite...

Sei que muitos não pensam como eu, mas esta é tão somente a minha opinião...

Atenciosamente

Prof. Rodrigo de Almeida
EDER GHEDINI

TAPEJARA - RIO GRANDE DO SUL

EM 25/11/2009

Olá, desde já gostaria de cumprimenta-los pelo pertinente e proveitoso tema, o qual tem se acentuado de maneira preocupante em bacias leiteiras. Pois bem, com os estímulos gerados frente a produção de leite, ou seja, a exploração máxima dos animais para que através de manejo reprodutivo, nutricional e sanitário se tenha excelente produção por animal, consequentemente tem se acentuado os problemas de ordem metabólica. Como futuro profissional da área, tenho ao longo de meus estudos, percebido a importância de se "frear" de certo modo essa intensificação na produção de leite. Como? Penso eu que os cruzamentos racias onde pudéssemos obter animais mais rústicos, de menor produção mas mais "resistentes" e essa seria por sua vez uma forte característica, fazendo frente a tais pré disposições a doenças, de certo modo contribuisse. Por outro lado teríamos um decréscimo na produção e isso seria indesejável. Reiterando meu argumento, penso que assim o animal estaria menos pré disposto a doenças e seu tempo de vida útil no rebanho teria um acréscimo. Peço a vocês, uma opinião quanto a essa colocação. Desde já agradeço a atenção enviando também um cordial e forte abraço!
ARTUR ANDRÉ CARDOSO BERTOL

CASCAVEL - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/11/2009

Parabéns Tiago, e parabéns Prof. Rodrigo Almeida, excelente trabalho, e excelente artigo.
RODRIGO DE ALMEIDA

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 18/11/2009

Prezado Welington Luiz Alves,

Para amenizar o BEN, procuramos primeiramente proporcionar o máximo de conforto às vacas e novilhas gestantes nas três últimas semanas antes da data prevista do parto. Para isso, recomenda-se alojar este grupo em piquetes ou estábulos que possuam boa ventilação, sombra, água em local de fácil acesso, piso coberto de serragem ou palha, dentre outros fatores que proporcionem conforto. Aconselha-se além destes, quando possível, a separação das primíparas de multíparas para evitar ao máximo a hierarquia entre os animais.

Estimular o consumo de alimentos antes de parto é importantíssimo, tanto para amenizar o BEN quanto para adequar as vacas a dieta rica em concentrados fornecida durante a lactação. Desta forma, práticas de manejo podem auxiliar no aumento do consumo, como fornecer uma dieta palatável e distribuí-la o máximo de vezes possível durante o dia. Obviamente, o fornecimento de dieta balanceada com níveis adequados de PB, PDR, carboidratos fermentáveis e suplementação vitamínica e mineral, é essencial durante este importante período.

Evitar ao máximo o contato/manejo das parturientes e com isso evitar estressar os animais pode evitar problemas como parto prematuro e suas consequências como retenção de placenta e outras doenças metabólicas, além de diminuir o consumo alimentar.

Após o parto, ao menos durante as primeiras duas ou três semanas de lactação, alojar as vacas em local semelhante ao proporcionado durante o final da gestação, com o máximo de conforto na tentativa de amenizar os transtornos ocasionados pela transição entre período seco e início da lactação.

Sabe-se que no início da lactação há uma grande demanda por glicose para produção de leite principalmente, e que a vaca não conseguirá suprir esse déficit energético somente pela alimentação, principalmente até o décimo dia pós-parto aproximadamente, em que o BEN chega ao seu limite crítico, de acordo com Grummer (2009) e experimento que conduzimos este ano aqui no PR.

Propilenoglicol, propionato de cálcio e glicerol são precursores que podem ser fornecidos às vacas via oral, sendo prontamente absorvidos na forma de glicose. Assim, o drench certamente é uma boa opção para suplementação energética no pós-parto imediato.

Obrigado pela participação.

Tiago & Rodrigo
WELINGTON LUIZ ALVES

CARANDAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/11/2009

parabenizo-os pela reportagem, por ser um tema de grande importância para pecuária de leite.Gostaria de saber apesar de não ser assunto dessa matéria , quais as medidas preventivas que vocês do paraná estão usando para evitar o BEN e se o drench seria uma boa opção.
RODRIGO DE ALMEIDA

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 12/11/2009

Prezado José Luis S Neto

Obrigado pela sua participação. Segue nossa resposta a sua pergunta...

Os exames mais econômicos para observação de corpos cetônicos citados são os reagentes colorimétricos a base de Nitroprussinato de Sódio. Este em contato com o acetoacetato (um dos corpos cetônicos presentes na circulação quando há excesso de mobilização de gordura corporal) provoca uma reação na urina, leite ou plasma, alterando a cor de acordo com a concentração deste corpo cetônico. Este reagente pode ser adquirido na forma de fitas, onde o exame é feito somente em contato com a urina, ou na forma de pó, onde além da urina, também pode ser utilizado com leite e soro sanguíneo.

As fitas reagentes podem ser facilmente encontradas, havendo diversas marcas comerciais, como a Combur Test® (Roche), Multistix® (Bayer), Uriquest® (Labtest), dentre outras. Cada uma destas contém 100 fitas para análise.

Entretanto, o reagente na forma de pó somente pode ser adquirido por importação, de acordo com nosso conhecimento. O Ketocheck (Great States Animal Health) é uma das marcas que conhecemos. Cada frasco contém 20 gramas, podendo-se realizar de 5 a 10 exames conforme indicado na bula do produto.

Tiago & Rodrigo
RODRIGO DE ALMEIDA

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 11/11/2009

Prezado Paulo Braga

De fato o período de transição é definido como o intervalo de tempo entre as 3 semanas antes do parto e as 3 semanas após o parto, mas isto não quer dizer que vc deve alimentar as vacas pré e pós-parto da mesma forma; muito pelo contrário!

Para o período pré-parto uma recomendação tradicional é fornecer silagem de milho, um feno de qualidade mediana ou até inferior, uns 2-3 kg de concentrado e umas 300g de sal aniônico (ou pré-parto). O mombaça não é comum aqui no PR, mas pode ser usado desde que o teor de potássio nesta forragem não seja alto.

Ressalto que ainda mais importante neste período pré-parto é evitar fornecer forragens ricas em potássio (normalmente fenos, pré-secados ou pastagens fortemente adubadas e com altos teores de proteína).

O fornecimento de sal aniônico (ou sal pré-parto) não é obrigatório, mas é bastante usado nas fazendas mais intensivas aqui do PR (e em outros estados). Mas se a fazenda não está tendo problemas no período pós-parto (alta incidência de desordens como retenção de placenta, edema, febre do leite e outras desordens) tudo bem em continuar não fornecendo o sal aniônico!

Obrigado pela sua participação e espero ter ajudado.

Tiago e Rodrigo
JOSE LUIS S NETO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 10/11/2009

Prezados Senhores.

Haveria condições de comunicação com os autores do "paper" para se viabilizar os testes denominados por eles como mais econômicos?
PAULO LUÍS GONÇALVES CAMPELO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/11/2009

Parabenizo o Estudante Tiago e ao Professor Rodrigo pelo brilhante artigo, atitudes como essa contribuem em muito para a evolução da tão amadora Pecuária Brasileira. Deatalhes como esses são importantíssimos e devem ser muito divulgados entre os criadores.
Abraços

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