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Pedúnculo de caju desidratado na alimentação de caprinos e ovinos

POR RODRIGO TENÓRIO PADILHA

E DEBORAH DE MELO MAGALHÃES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/02/2007

3 MIN DE LEITURA

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O Nordeste brasileiro é uma região onde as condições climáticas adversas prejudicam o desenvolvimento das atividades na agropecuária, gerando carências, principalmente nutricionais. A situação estende-se aos rebanhos de caprinos e ovinos criados na região, cuja baixa produtividade se deve aos manejos alimentares, sanitários e reprodutivos deficientes.

O rebanho ovino no Nordeste do Brasil é de aproximadamente nove milhões de cabeças, representando cerca de 53% do efetivo nacional. Embora a atividade tenha crescido substancialmente nos últimos dez anos, como conseqüência da ampliação dos mercados da carne e da pele desses animais, a sazonalidade do período chuvoso e as secas periódicas que ocorrem na região impõem severas restrições ao suprimento de forragens e, conseqüentemente, à produção dos pequenos ruminantes.

Assim, os produtos oriundos da ovinocultura não atendem as demandas quantitativas e qualitativas sinalizadas pelo mercado. Nas condições atuais de manejo alimentar, onde a forragem básica é fornecida pela caatinga, têm sido registradas reduções nas taxas de crescimento e até perda de peso em animais jovens. Desse modo, os ovinos são abatidos com idade avançada, o que representa perdas substanciais do ponto de vista econômico.

A alimentação representa um dos maiores custos na produção animal, principalmente quando se utilizam fontes de alimentos como o milho, que, apesar das elevadas qualidades nutricionais, apresentam elevados custos. Em geral, alguns produtos industriais, como aqueles da produção da farinha de mandioca, subprodutos da produção de cerveja e de processamento de frutas, possuem potencial e disponibilidade para serem utilizados como alimentos energéticos e podem ser usados na alimentação dos ruminantes.


Figura 1. Animais alimentados com pendúnculo de caju desidratado e Leucena.

A suplementação alimentar alternativa para ser viável economicamente, depende da disponibilidade e custo da matéria prima, e isto varia muito de região para região, pois deve se utilizar produtos ou subprodutos existentes na localidade, visando assim minimizar os custos de produção, viabilizando o sistema.

Com o crescimento da fruticultura irrigada no Nordeste, ampliaram-se as opções de volumosos para dietas de cordeiros e cabritos em confinamento. Assim, várias culturas processadas nas agroindústrias, como o caju, a acerola, a manga, a laranja e o maracujá, produzem quantidades consideráveis de subprodutos de boa qualidade, podendo ser aproveitados para a alimentação animal.

O caju é um caso típico de resíduo da agroindústria que pode ser bem aproveitado. O fruto do cajueiro é constituído da castanha e de um pedúnculo (pseudofruto), o qual a maior parte é deixada no campo após a retirada da castanha, sendo desperdiçado desta forma, mais de 90%. O pedúnculo do caju seco possui um grande potencial para ser utilizado como ingrediente em rações, constituindo uma potencial fonte de nutrientes na ração para a alimentação de ovinos e caprinos, podendo chegar a 20% na ração.

A cultura do caju ocupa uma área considerável do Nordeste. Nos Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, os maiores produtores, são cultivados cerca de 700.000 hectares deste fruto, e nos tabuleiros costeiros, especialmente no Ceará, são também registrados milhares de hectares ocupadas por florestas nativas de cajueiros. Entretanto, apenas cerca de 5% dos pedúnculos são processados para a fabricação de doces, cajuína, refrigerantes e bebidas alcoólicas, o que representa perdas (ou excedentes) da ordem de dois milhões de toneladas anuais. Portanto, este subproduto constitui uma abundante fonte de volumoso para a dieta de ovinos e caprinos em confinamento.


Figura 2. Cajueiro e cajus.

Existe a possibilidade de transformação do pedúnculo, por microorganismo (levedura) em um ingrediente com maior teor de proteína quando comparado com o pedúnculo do caju seco. Nesta transformação, mais de 30% da energia contida no substrato é metabolizada até a sua conversão em proteína.

As leveduras são de alta eficiência na conversão de açucares em proteína e a muito tempo reconhecidas como reserva natural de vitaminas do complexo B. Conforme os trabalhos de pesquisa desenvolvidos pela Embrapa e por outras instituições, o pedúnculo de caju é rico em vitamina C, fibras e compostos fenólicos.

Tabela 1. Composição químico-bromatológica (%) do pedúnculo do caju desidratado (modificado de Leite et al., 2005).


*MS-Matéria Seca; PB-Proteína Bruta; FDN-Fibras em Detergente Neutro;
NDT-Nutrientes digestíveis totais.

Bibliografia Consultada

LEITE, E. R; BARROS, N. N; BOMFIM, M. A. D;CAVALCANTE, A. C. R. Terminação de Ovinos Alimentados com Farelo do Pedúnculo do Caju e Feno de Leucena. Comunicado Técnico On Line, Dezembro de 2005.

FURUSHO, I.F; PÉREZ, J. R . O. A; LIMA, G. F. C; KEMENES, P. A; HOLANDA, J. S. Desempenho de cordeiros Santa Inês, terminados em confinamento, com dieta contendo pedúnculo do caju. Anais da XXXIV Reunião da SBZ - 28 de Julho a 1o de Agosto de 1997 - Juiz de Fora - MG.

RODRIGO TENÓRIO PADILHA

Médico veterinário,
Mestre em reprodução e sanidade animal,
Doutor em biotecnologia em agropecuária.
Técnico de Registro da ABCC-Ceará

DEBORAH DE MELO MAGALHÃES

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ELIZETE RODRIGUES DE SENA

TRAIRI - CEARÁ

EM 19/11/2015

Muito bom essa matéria e de grande eficácia pra quem trabalha com a criação de animais. .Gostaria de saber quantos kg de ração de caju que um suíno matriz pode comer? E se posso misturar a ração de mandioca com a de caju? Aguardo respostas.
ELIESER FREITAS

CRUZ - CEARÁ - PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE

EM 14/08/2015

sou criador de ouvinos e gostaria de saber se pode ser acrecido o caju na racao todos os dias, ou não?
ANTONIO VIEIRA DE MOURA

FORTALEZA - CEARÁ - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 03/03/2007

Sou criador de caprinos e ovinos de corte e já utilizo há anos o pedúnculo do caju como reforço alimentar para esses pequenos ruminantes.

O que estou fazendo agora, como experimento, é o fornecimento de pedúnculo de caju para alimentação de avestruzes. Tenho observado que o pedúnculo do caju natural e com líquido, sem a castanha, é bem apreciado pelos avestruzes.

Quanto à matéria seca, antes é necessário passar no moinho e misturar com a ração balanceada para ser aceita pelas aves.
RODRIGO TENÓRIO PADILHA

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE - OVINOS/CAPRINOS

EM 27/02/2007

Tenho trabalhado com consultoria na área de produção de caprinos e ovinos, inclusive com rebanhos elite, e tenho indicado a utilização do caju e temos obtido ótimos resultados na alimentação com o caju desidratado e depois transformado em farelo e adicionado na ração, tanto para animais adultos como também no alimento utilizado no Creep-feeding.
É uma ótima alternativa pra alimentação animal principalmente porque boa parte dos pseudofrutos são jogados fora.

PAULO JOSÉ THEOPHILO GERTNER

LAURO DE FREITAS - BAHIA

EM 26/02/2007

É muito interessante essa matéria, não só pelas já citadas virtudes do produto, como pela possibilidade de pastoreio entre os cajueiros, onde as gramíneas e as leguminosas nas entre linhas fornecem forragem aos animais, além de matéria orgânica e cobertura para o solo, reciclando nutrientes depois aproveitados pelo Cajueiro. É uma ILP- Integração Lavoura Pecuária das mais viáveis que há.

Das 35 toneladas de pendúculo produzidos, somente 20%, é comercializado como fruta inatura o resto se perde na roça se não tiver ovinos para aproveitarem essa produção e transformar prejuízo em receita (Proteína Animal). Tornando-se a castanha o principal produto, que se não irrigados só dará receita por dois meses no ano, ficando os ovinos, garantindo atividade e renda ao longo de todo o ano.

Portando quem planta Cajueiros, trate de criar ovinos, ou integre com algum criador, nessa parceria viável técnica e economicamente muito interessante.

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