A representatividade da produção ovina brasileira no contexto mundial é limitada pela baixa eficiência dos índices zootécnicos, principalmente nos criatórios com consumo familiar, que utilizam técnicas primitivas, vendendo somente o excesso dos produtos. Atualmente, qualquer que seja a atividade, devem ser adotados procedimentos empresariais voltados à produtividade, pois o amadorismo ocasiona desestruturação em qualquer segmento da produção animal.
Além da crise econômica brasileira que pegou de arrastão a agropecuária nacional, há ainda pouca liderança entre os proprietários rurais, que deveriam ter dinamismo e carisma para traçar seus objetivos em qualquer que seja seu empreendimento, inclusive para reunir órgãos governamentais, cooperativas, associações, produtores e pesquisadores, visando fortificar a atividade.
Os principais países produtores de ovinos são China, Austrália e Nova Zelândia, os dois últimos atendendo grande parte do mercado internacional. O Brasil possui condições climáticas parecidas com dois destes países, sendo portanto mais uma opção para os diferentes Estados do território nacional, que apresentam raças com aptidões diversas, seja carne, lã, leite e couro. Atualmente as regiões Sul e Nordeste detêm os maiores rebanhos do país.
Os ovinos, como espécie ruminante, têm a vantagem de na maior parte do ano não necessitarem de alimentos concentrados, pois sua alimentação nas épocas das águas (primavera e verão) pode ser exclusivamente gramínea e/ou leguminosa, desde que as mesmas possuam níveis nutricionais suficientes para atender as exigências dos animais. Na época da seca (outono e inverno) devemos lançar mão de suplementação alimentar, tanto de volumosos (silagem, feno e capineiras) quanto concentrados (energéticos e protéicos).
Outra vantagem da ovinocultura é o baixo investimento com instalações (cercas e curral de manejo), por apresentarem menor altura. Além disso, como o período de gestação da ovelha é de aproximadamente 5 meses (150 dias) e com 5 meses já é possível abater os cordeiros num sistema semi-intensivo, totalizam-se 10 meses, desde a cobertura das fêmeas até o momento da comercialização de seus diferentes produtos, permitindo um rápido retorno de capital.
A ovinocultura é mais uma alternativa no setor agropecuário para o produtor rural, já que nos últimos anos o mercado vem crescendo, principalmente no que diz respeito a produção de carne, pois o consumo deste produto tem aumentado consideravelmente em restaurantes, churrascarias, açougues e supermercados.
No Estado de São Paulo já existem frigoríficos específicos para abate de ovinos, independente da quantidade produzida, com preço do quilo de carcaça variando de R$ 7,0 a 7,5 (R$ 105,0 a 122,5 a arroba), dependendo da oferta e época do ano. Isso torna a atividade interessante economicamente, pois o produtor que queira trabalhar em escala, ou seja, realizar a ampliação de seu rebanho, não haverá problema em escoar o seu produto.
Há algum tempo os abates ocorriam em pequena escala, principalmente devido à inexistência de uma estrutura sólida de comercialização; entretanto este cenário está se modificando paulatinamente. O Estado de São Paulo têm aproximadamente 500 mil ovinos e, segundo entidades da área, precisaríamos de 4 a 5 milhões para atender a demanda interna do consumo de carne, que hoje ainda é pequena, sendo de aproximadamente 1,42 kg/pessoa/ano, com média nacional de 0,700 kg/pessoa anualmente. Enquanto isso alguns países têm um consumo médio anual de 28 kg (Nova Zelândia), 20,5 kg (Austrália) e 15 kg (Espanha e Uruguai).
Para aumentar o consumo nacional algumas estratégias são importantes, tais como maior divulgação nos veículos de comunicação, venda de cordeiros em cortes padronizados, como pernil, paleta, lombo entre outros, além de oferta constante deste produto com qualidade ao longo do ano.
Outra opção seria a integração dos ovinos com outras espécies animais (bovinos de corte e leite, próximos a tanques de piscicultura) e vegetais (nas entre linhas de fruticultura em geral), proporcionando diversificação na produção, inclusive com aumento da produtividade e rentabilidade/hectare. Entretanto, deve-se respeitar o prazo de carência dos produtos (inseticidas e fungicidas), que por ventura venha pulverizar os vegetais, podendo intoxicar os ovinos.
Com certeza a ovinocultura é mais uma opção para o Estado, com futuro bastante promissor, devido às vantagens anteriormente citadas. Portanto aqueles que tiverem interesse em ingressar na atividade devem fazer de maneira orientada, com um esforço conjunto. Só assim ocorrerá uma mudança no atual panorama da produção ovinícola nacional.