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Integração Lavoura Pecuária leiteira - a experiência no estado do Paraná

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/06/2011

7 MIN DE LEITURA

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No estado do Paraná, as propriedades que adotam o processo de integração lavoura-pecuária predomina a exploração da atividade leiteira, sendo o rebanho leiteiro paranaense de aproximadamente 3.120.000 cabeças, o que corresponde a 30% do rebanho bovino total do Estado.

Dentre as regiões do Estado do Paraná, o oeste é a região de maior produção do Estado. A produtividade média dessa região situa-se em 2.496 litros/vaca/ano. Sendo que entre os municípios do Estado os que mais se destacam em produção de leite são: Marechal Cândido Rondon, Castro, Carambeí, Toledo e Palmeira.

Nos municípios de Carambeí, Castro, Palmeira e Arapoti, pertencentes a micro-região de Ponta Grossa, encontram-se os melhores rebanhos leiteiros do país e a produtividade média situa-se em 3.500 litros/vaca/ano. O município de Castro é considerado "centro de referência" em bovinocultura de leite. Nesta região, é comum a existência de rebanhos, com produtividade superior a 8.000 litros/vaca/ano, equiparando-se aos maiores países produtores de leite. Nesta região, há predominância de rebanhos confinados.

No entanto em regiões como Sudoeste do Estado, predomina quase que em sua totalidade a produção de leite a pasto e, em pequenas propriedades. Tipicamente as propriedades leiteiras do Estado do Paraná são constituídas por pequenas áreas, sendo que aproximadamente 45% dos estabelecimentos do Estado apresentavam uma área inferior a 20 ha na década de 90 do Século passado, sendo que este valor provavelmente se manteve. Ressalta-se que estas propriedades normalmente são localizadas em área com topografia de acentuada declividade e devido a leis ambientais, boa parte das áreas deve ser mantida com cobertura florestal (Figura 1).


Figura 1 - Vista geral de uma pequena propriedade de produção leiteira

Muitas destas propriedades possuem solos degradados e nenhum aporte tecnológico, sendo que praticamente o único momento e espaço em que as forrageiras de uma propriedade familiar no Paraná, são cultivadas com aporte tecnológico, é no processo de integração lavoura-pecuária. E, ainda assim, o cultivo e a utilização de forrageiras de inverno são feitos tendo como base o aproveitamento do efeito residual do que foi aplicado na exploração de verão, durante o cultivo de grãos. Ressalta-se que muitas vezes, mesmo sendo a pecuária leiteira responsável pelo maior aporte econômico de uma pequena propriedade, o produtor rural raramente destina as áreas de agricultura para cultivo de forrageiras de verão, que teriam um maior potencial produtivo. Via de regra estas áreas, no verão, são destinadas ao cultivo de grãos, principalmente soja e milho, restando para os animais as áreas marginais de escape da propriedade.

Analisando a exploração pecuária apenas com o enfoque do plantio direto, a introdução de um animal em área de agricultura significa a introdução de um agente competidor por biomassa. A utilização das forrageiras das áreas de integração lavoura-pecuária, via o manejo dos animais, nas pequenas propriedades leiteiras se dá principalmente de três métodos de pastejo.

Entende-se por pastejo continuo em área de integração lavoura-pecuária, a presença contínua de animais, porém com lotação variável. O que determina a quantidade de animais que devem ficar na área é a quantidade de oferta de matéria seca, o que na prática para o produtor pode ser traduzido pela altura da forrageira.

Têm-se observado que uma das grandes dificuldades para adoção deste método de pastejo, é o manejo da carga animal variável. Além disso, por questões de segurança, caso a área de lavoura-pecuária, seja distante da sede, normalmente os produtores retiram os animais para passarem o período noturno na proximidade da sede da propriedade.

Outro método de pastejo constantemente utilizado nas propriedades leiteiras em áreas de integração lavoura-pecuária é o pastejo rotativo fixo, em que a área é dividida por meio de cerca elétrica em um número fixo de piquetes. Nestes piquetes, os animais entram quando se observa um volume de forragem suficiente e são retirados, quando quantidade de forragem atinge um limite inferior geralmente estabelecido pela altura para cada espécie. Na sequência, passam-se os animais para o piquete seguinte, ainda não pastejado (Figura 2).


Figura 2 - Divisão de área de integração lavoura-pecuária em dois piquetes fixos em pastagem de aveia plantada na sequência de cultivo de soja.

Contudo como as áreas de integração lavoura-pecuária não são grandes em extensão, normalmente a divisão de piquetes é feita em um número reduzido, e como a exemplo da Figura 2, são muitas as propriedades que fazem a divisão em apenas dois piquetes.

O pastejo rotacionado utiliza uma alta carga e lotação animal instantâneo, sobre o piquete durante algumas horas, um dia ou no máximo três dias. Isto pode proporcionar resultados negativos sobre a física do solo, em condições de chuva.

Já o pastejo contínuo em faixas é um sistema de manejo que utiliza cercas móveis. Esta é deslocada de acordo com o tempo que se queira disponibilizar o pasto aos animais. Este tempo pode ser de algumas horas, um, dois ou três dias. Assim como no rotativo fixo, permite controlar o momento da entrada e da saída, baseado na oferta de massa. O consumo da forragem nestas faixas é controlado pelo produtor e pode apresentar alta carga instantânea.

Em todos os métodos de pastejo descritos acima, o grande problema das propriedades é a dificuldade de levar água a área destinada ao processo de integração lavoura-pecuária o que faz com que a grande maioria dos produtores em um dado momento do dia, desloque os animais para uma região em que os mesmos tenham acesso a água. Na Figura 3 observa-se uma fonte de água e área destinada para este tempo de descanso dos animais. Neste caso os processos de ciclagem de nutrientes, feito por meio da deposição de fezes e urina, são prejudicados, uma vez que os animais fazem a coleta de forrageiras com elevada qualidade nutricional e muitas vezes a deposição dos dejetos animais é feita em piquetes que apresentam vegetação de baixa qualidade, ou até mesmo em área sem nenhuma cobertura vegetal.


Figura 3 - Área de acesso á água para os animais

Em todos os sistemas de pastejo adotado, o que tem se observado é que devido ao vazio forrageiro de outono, e o decréscimo de produção das pastagens perenes de verão durante o período mais frio do ano, a pastagem das áreas de integração lavoura-pecuária se constitui quase que a única reserva de forrageiras da propriedade neste período, fazendo com que ocorra muitas vezes um excesso de lotação de animais, e a entrada dos animais quando a pastagem ainda não tem condições de oferta de forragem suficiente para se manter produtiva ao longo do período de pastoreio.

Estudos concluíram que quantidade mínima de matéria seca residual para implantação de culturas de verão em sistema de plantio direto conduzidos em área de integração lavoura-pecuária seria respectivamente de 2.000 kg/ha e de 3.000 kg/ha de MS. Mesmo com esta possibilidade de redução da quantidade de MS residual que deva ser deixada para a implantação da cultura de verão em sistema de plantio direto, ainda existe a preocupação com a composição do rebanho leiteiro das pequenas propriedades. Caso a propriedade tenha uma produção de alimentos adequada ao número de animais do rebanho, porém, tem um plantel leiteiro, com um grande número de animais que não estejam produzindo devido a excesso de novilhas, um elevado número de vacas secas, terá consequentemente uma baixa produção, e seus custos elevados, isto, sem considerarmos o número excessivo de machos, acima da necessidade do consumo da família.

Mesmo com a adequação do rebanho, ainda resta a preocupação da sustentabilidade da alimentação do plantel e a manutenção das condições de fertilidade do solo. Também é preocupante a forma que a grande maioria dos produtores faz a implantação das culturas forrageiras de inverno, sendo que devido ao custo de uma semeadora de cereais, o plantio das pastagens de inverno tem sido feito à lanço e a forma de incorporação destas sementes ao solo é feita via uma operação de gradagem (Figura 4).


Figura 4 - Operação de gradagem sobre resíduos de milho para plantio da cultura de aveia.

Algumas das consequências da gradagem são possíveis de se visualizar já no período de cultivo de inverno, especialmente se houverem chuvas de grande intensidade logo após esta operação mecânica, o que faz com que a perda de solo e muitas vezes das sementes seja pronunciada. No entanto, o efeito desta operação muitas vezes prolonga-se durante o cultivo de grãos no período de verão (Figura 5).


Figura 5 - Processo erosivo em área de integração lavoura-pecuária no cultivada com a cultura de soja no período de verão em sequência a área cultivada com aveia pastejada e implantada com gradagem.

Considerações Finais

Desta forma conclui-se que embora o sistema de integração lavoura/pecuária seja uma excelente opção para sustentabilidade das pequenas e médias propriedades do Estado do Paraná, ainda é necessária a compreensão e alteração de determinadas práticas de manejo de solos, forrageiras e animais que veem sendo utilizadas atualmente pelos produtores.

Este tema está muito atual e estará ainda mais em evidência no futuro, especialmente se agregarmos ao sistema de integração Lavoura/pecuária, mais um favor, a floresta, pois é comprovado que algumas forrageiras produzem até 20% a mais de proteína quando sobre sombreamento parcial, fator esse que muito contribuiria para o perfil nutricional do rebanho. Esta integração tripla ainda contribuiria muito para o conforto térmico de vacas leiteiras.

Fonte: Assmann, A.L., Soares, A. B., Assman, T.S. Integração lavoura-pecuária para a agricultura familiar. Instituto agronômico do Paraná, Londrina - IAPAR. 2008. 54p.
"Leia relatório na íntegra".

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/10/2011

Prezado Gustavo!





As plantas apresentam uma característica chamada plasticidade. Esta característica é basicamente fenotípica, mas uma alteração nos tecidos, alterando as proporções de frações da planta, por si só já promove uma alteração na composição bromatológica. Aliado a isso, plantas sombreadas retém mais nitrogênio na forma de proteína verdadeira que plantas a pleno sol.
GUSTAVO SALVATI

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/10/2011

Boa tarde,



     Prezado Júnio o que explica a melhoria na qualidade nutricional da forrageira sobre sombreamento como citado no texto acima ? Desde já agradeço pela atenção.





Att,

Gustavo Salvati
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/06/2011

Prezado Lucas,

O boletim de número 42 publicado pelo Ministério da Cultura, Pecuária e Abastecimento lhe dará maior embasamento sobre o assunto. O mesmo poderá ser acessado no link: https://ciencialivre.pro.br/media/9111b248d81b3634ffff8099ffffd502.pdf
PEDRO BERNARDO

SANTO ANDRÉ - SÃO PAULO

EM 15/06/2011

apesar de bastante interessante,ficou totalmente prejudicada pelo RESERVATORIO DE AGUA FORNECIDA AOS ANIMAIS.





AT





pedro bernardo


estancia don bernardo


LUCAS LIMA

LAGOA FORMOSA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/06/2011

boa  tarde professor . Tenho uma propriedade e quero começar a elaborar o ILP. Posso somente dessecar  a bachiaria brizanta  e plantar o milho direto nas época da chuva ou quais procedimentos primordios tenho que fazer .

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