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Importância do exame andrológico na escolha do reprodutor - Parte 1

POR DÉBORAH ASSIS BARBOSA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/08/2006

4 MIN DE LEITURA

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Todo criador sabe da importância do macho no melhoramento genético do rebanho, e encontrar um reprodutor considerado geneticamente superior está tornando-se tarefa cada vez menos difícil, frente ao aumento dos cabanheiros e o reconhecimento do trabalho dos mesmos nas pistas de julgamento em exposições de Norte a Sul do país.

Porém na compra de um carneiro ou bode, não podemos levar em conta apenas a aparência exterior do animal, esquecendo a principal função de um macho - produzir descendentes. Para tanto, o reprodutor deve ser capaz de gerar espermatozóides em qualidade e quantidade suficientes.

Exigido nas exposições paulistas e já cobrado em outros estados, o exame andrológico torna-se um critério fundamental na avaliação do macho, não só para rebanho de elite mas principalmente para rebanhos comerciais, já que um macho subfértil ou infértil atrasa as parições e diminui os índices de fertilidade e a quantidade de cordeiros e cabritos, trazendo prejuízos irreparáveis na estação de monta, além de muitas vezes transmitir essas características indesejadas a sua progênie.

Entretanto essa preocupação com a fertilidade dos machos que já chegou nas exposições, parece ainda não ter chegado no campo, visto que poucos criadores exigem esse exame na compra de um reprodutor e menos ainda o realizam nos machos que já possui.

O exame andrológico é composto de um exame clínico do animal e do exame do sêmen propriamente dito. A seguir iremos discutir o exame clínico, e como interpretar cada critério avaliado no mesmo.

Idade do animal

A puberdade ocorre, normalmente, ao redor dos 5 meses, observando-se uma variação grande entre as raças, mas é aconselhado utilizar o animal como reprodutor a partir dos 11 meses de idade, ou seja, quando ele está próximo da primeira muda de dentes. Antes dessa idade o sêmen tem peculiaridades como concentração baixa e alto percentual de patologias.

ECC (escore de condição corporal)

O ECC é uma avaliação subjetiva, na qual o avaliador observa a cobertura de gordura sobre a coluna vertebral e as costelas (figura 1). O ECC varia de 1 a 5, no qual 5 é o animal extremamente gordo e 1 extremamente magro. O ideal é que esteja entre 3 e 3.5, sendo que os extremos prejudicam tanto a libido quanto a qualidade espermática.



Figura 1. Avaliação da cobertura de gordura acima da coluna vertebral

Perímetro escrotal

Em carneiros normais, cada grama de testículo produz 20x106 espermatozóides por dia, logo testículos maiores produzem mais espermatozóides. Esse parâmetro, além de ser importantíssimo (reflete em um aumento da precocidade sexual de sua progênie), é simples de ser medido com o uso de uma fita métrica na altura do maior diâmetro dos testículos, e é usado como critério desclassificatório no exame andrológico (quando inferior a 29 cm). Também sofre influência da raça e da idade, mas em um ovino adulto o ideal é ser acima de 32 cm. Raças como Ile de France e Suffolk têm um perímetro escrotal maior do que raças como Texel e Santa Inês. Nos caprinos de aptidão leiteira com 45 kg de peso vivo há relato de circunferência escrotal de 25 a 28 cm, e em bodes mais pesados entre 34 e 36 cm.

Palpação

Avalia-se a bolsa escrotal (pode haver abcessos, ectoparasitas e cicatrizes), bem como consistência, simetria (avaliar se os dois testículos estão presentes), mobilidade e sensibilidade dos testículos e epidídimo. A palpação é fundamental na detecção de doenças como epididimite, orquite e criptorquidismo.

Nos carneiros, a epididimite é causada principalmente pela Brucella ovis, e é caracterizada pelo aumento de volume e consistência do epidídimo (granulomas); o macho tem papel importante na transmisão da enfermidade tanto para fêmeas, quanto para outros machos no coito homossexual ou em cópulas seguidas na mesma fêmea por diferentes machos.

A doença torna o carneiro subfértil ou infértil, e deve ser eliminada do rebanho pelo descarte dos machos com sintomas à palpação - lembrando que a doença acomete também rufiões. Nos bodes a epididimite é afecção rara.

Na orquite o animal apresenta dor além de aumento de volume do testículo; com a evolução da doença o processo torna-se crônico, os testículos perdem a mobilidade e a produção espermática diminui. Geralmente tem início com um trauma e conseqüente infecção por bactérias, podendo ser tratado com antibiótico.

O aumento do volume escrotal pode ocorrer também devido à hérnia inguinal, cujo tratamento é cirúrgico.


Figura 2. testículo esquerdo

Inspeção do pênis

O pênis pode ser observado quando o animal o expõe naturalmente, ou pode ser externado na posição sentada. Observar qualquer alteração na glande e verificar o apêndice vermiforme; no caso desse não estar íntegro, suspeitar que o animal já teve problemas de urolitíase (cálculo renal), e poderá manifestar os sintomas da doença novamente.

Devemos lembrar de observar se o animal não apresenta problemas no casco ou na visão, que dificultem ou impeçam a monta, bem como levar em conta a estacionalidade de cada raça ao avaliar a libido dos machos sendo que, nas condições observadas em grande parte do país, no período de março a junho todas as raças encontram-se no auge da estação reprodutiva. No caso dos caprinos, os bodes não devem ser mochos de nascença, para evitar a descendência hermafrodita.
Na segunda parte do artigo abordaremos os métodos de colheita, bem como as características avaliadas no exame do sêmen e seus valores de referência.

Refêrencias bibliográficas:

PEREIRA NETO, O.A.; CARVALHO, P.C.F.; BONINO, J.; CONDORELLI, E. Práticas em Ovinocultura: ferramentas para o sucesso. SENAR-RS, Porto Alegre, 2004.

PUGH, D.G. Clínica de ovinos e caprinos. Editora Roca, São Paulo, 2005.

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DÉBORAH ASSIS BARBOSA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/05/2008

Prezado Jamilson Machado dos Santos,

Realmente esse tema mereceria um capítulo à parte!
Segundo Anneliese Traldi em "Principais causas de infertilidade em pequenos ruminantes"- "embora reprodutores e matrizes mochos heterozigotos (Pp) sejam férteis, seu acasalamento pode originar hermafroditas(PP); esse problema é minimizado cruzando-se animais mochos com chifrudos (pp), ou é praticamente eliminado cruzando-se animais chifrudos entre si.

Fêmeas caprinas homozigotas para o caráter "mocho" (PP) são intersexuadas ou hermafroditas, e podem apresentar características masculinas como testículos, pênis, prepúcio, além de comportamento e odor característicos de bode, ou caracteristicamente hipertrofia de clitóris, podendo ser usadas como rufião na detecção do estro.

Os machos homozigotos podem apresentar aplasia em diferentes dutos eferentes da cabeça dos epidídimos, o que ocasiona a estase de espermatozóides e formação de granulomas, que são observados através de palpação testicular a partir da puberdade. Se bilateral, leva o animal à esterilidade."

Portanto, com certeza a melhor opção é não cruzar mocho com mocho!
JAMILSON MACHADO DOS SANTOS

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RIO DE JANEIRO - OVINOS/CAPRINOS

EM 17/04/2008

Prezada Déborah, quanto a esta citação, não concodo plenamente(No caso dos caprinos, os bodes não devem ser mochos de nascença, para evitar a descendência hermafrodita.) Pos as cabras mais leiteiras do Brasil , são mochas.

A cabra Milena da toca, recordista sul americana.(na época) era mocha filha do reprodutor mocho "Opio da Serra dos Andradas" acho que deviamos acabar com este mito e informar mais simples, mocho não pode cruzar com mocho, se puder ratificar ou apurar o grau da verdade, agradeço.
Obrigado.
Jamilson Machado dos Santos
EWERTON HENRIQUE

SOCORRO - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 03/10/2007

Dra Deboráh parabéns pelo artigo. Eu queria perguntar se tem relatos de Brucella ovis no Brasil (se tiver em qual região), e se outra Brucella pode afetar também o ovino com problemas de orquite.

<b>Resposta da autora:</b>
Ewerton,

Há relatos de Brucella ovis no Brasil, com estudos no Rio Grande do Sul, Paraíba, Minas Gerais entre outros. Não é a única causa de epididimite, conforme o artigo de Daniel de Araújo de Souza em 26/05/06 (insira um clique aqui). Dê uma olhada também em outros dois artigos do site muito interessantes sobre Brucelose - os dois de Francisco Lobato e Ronnie Assis - (insira os clique aqui - 15/12/06 e 17/07/06).

Um abraço,

Déborah

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