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Glicerina bruta: alternativa energética na nutrição de ovinos

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/10/2012

3 MIN DE LEITURA

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Autores do artigo:

Daniel Montanher Polizel - Zootecnista - FMVZ - UNESP - Mestrando em Ciência Animal e Pastagens - ESALQ - USP

Carol Floret da Costa - Graduanda em Zootecnia - FMVZ - UNESP


O Brasil possui um rebanho ovino com cerca de 16,8 milhões de cabeças em 2009, o que corresponde a 1,6% do rebanho mundial. Em relação à produção de carne ovina, o Brasil produz 80.000 toneladas de carne, o que representa 1% do total produzido no mundo (FAO, 2009). Devido à alta incidência de problemas de verminose em ovinos e a necessidade de intensificar a produção em busca de resultados satisfatórios, boa parte do rebanho comercial é confinado, o que implica em maiores custos de produção. Com a alta no preço do milho e soja, principais ingredientes utilizados nas dietas, torna-se necessário procurar alimentos alternativos como, por exemplo, a glicerina bruta.

Durante a produção do biodiesel ocorre o processo de conversão de triglicerídeos em ácidos graxos, gerando um subproduto denominado glicerina bruta (Golçalves et al. 2009) (Figura 1). Essa glicerina bruta pode passa por um processo de purificação, dando origem a glicerina purificada, que é utilizada pelas indústrias farmacêuticas, alimentícias, na produção de ceras e ésteres. Porém, esse processo de purificação possui um custo elevado e somado ao fato dessas indústrias possuírem uma limitada capacidade em utilizar essa glicerina purificada, abre-se espaço para formas alternativas de uso da glicerina bruta.

Figura 1




Como a maioria dos subprodutos, a glicerina bruta possui certa variação em sua composição química, sendo que a literatura reporta uma composição de 84,0% de glicerol, 7,9% de água, 1,1% de extrato etéreo e 7,0% de minerais (Lammers et al. 2008; Menten et al. 2008; Mach et al, 2009). Tomando como base a elevada presença de glicerol em sua constituição e este ser caracterizado como sendo altamente energético, pesquisas foram conduzidas para avaliar o uso da glicerina bruta na nutrição de ovinos.

Gomes et al. (2011) utilizaram 27 cordeiros da raça Santa Inês, com aproximadamente 90 dias de idade e avaliaram o desempenho dos animais recebendo dietas com 40% de feno de aveia, utilizando tratamento controle e a inclusão de 15 e 30% de glicerina bruta (83,2% de glicerol). Os autores concluíram que a inclusão de valores de até 30% de glicerina na dieta total não gerou impacto negativo sobre a saúde animal, consumo, desempenho e a qualidade da carne ovina. Salientaram que a adição de glicerina gerou uma redução, considerável, na geração de pó, podendo esse ser um efeito benéfico da utilização desse subproduto em rações com elevado teor de matéria seca.

Terré et al. (2010) utilizaram 102 cordeiros que foram suplementados, da desmama ao abate, com glicerina bruta (0, 5 e 10%) e concluíram que a glicerina pode ser incluída na dieta de cordeiros até o teor de 10% sem prejudicar o desempenho, a ingestão, ou alterar a composição dos ácidos graxos da carne.
Musselman et al. (2008), avaliaram a inclusão de 15, 30 e 45 % de glicerina, com aproximadamente 90% de glicerol, na nutrição de cordeiros recebendo dietas com alta proporção de concentrado e verificaram que os animais que receberam até 15% de glicerina bruta tiveram um maior ganho de peso em relação ao tratamento 30% e 45% (0.32; 0.25; 0.21; 0.15 kg/dia, respectivamente).

Gunn et al. (2010) ao avaliarem a adição de glicerina bruta (87,50% de glicerol), sendo os níveis de tratamento utilizados 0, 5, 10, 15 ou 20% de inclusão, em dietas contendo 15% de feno, sobre o desempenho e as características de carcaça de 30 cordeiros, observaram que não houve diferença entre os tratamentos com relação ao ganho médio (0,23; 0,20; 0,28; 0,29; 0,23 kg/dia), peso final (56,20; 57,60; 58,10; 57,50; 57,10 kg), e ingestão de matéria seca (1,43; 1,41; 1,59; 1,57; 1,55 kg/dia, respectivamente), bem como para as características de carcaça.
Porém deve-se atentar para a qualidade da glicerina bruta, pois quando o teor de glicerol presente em sua composição é baixo os resultados podem ser abaixo do esperado.

Lage et al (2010), avaliaram o desempenho de 35 cordeiros recém desmamados da raça Santa Inês, com 90 dias de idade, foram submetidos aos tratamentos 0, 3, 6, 9 e 12 % de inclusão de glicerina bruta (36,20% de glicerol) na MS, em substituição ao milho, sendo as fração volumosa da dieta (30%) composta por de silagem de milho. Relataram queda no consumo de matéria seca (1,12; 1,12; 0,90; 0,94; 0,78 kg/dia) e no ganho médio diário (0,268; 0,300; 0,255; 0,257; 0,193 kg/dia, respectivamente).

Com base na literatura, a glicerina bruta pode ser utilizada em dieta de ovinos desde que esta apresente uma boa qualidade (alto teor de glicerol em sua composição) e que seja adicionada na dieta entre 10 e 15% na matéria seca sem prejudicar o desempenho animal.

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DOUGLAS BRAGA

EM 17/05/2018

pq você não produz essa glicerina ?
RENATA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 27/06/2014

preciso comprar grandes quantidades de glicerina bruta.  renatajannes@hotmail.com

obrigada
SERGIO ANTONIO SCHWARTZ CUSTODIO

IPORÁ - GOIÁS - PESQUISA/ENSINO

EM 30/04/2014

Parabéns aos autores pela revisão. Gostaria de contribuir salientando que ao adquirir glicerol para alimentação animal deve-se ficar atento ao teor de metanol. O metanol é um dos contaminantes do glicerol pois é usado na reação de transesterificação do óleo para a obtenção do biodiesel e mesmo após o refino permanece ainda que em baixas quantidades. No Brasil ainda não existe regulamentação quanto aos limites de contaminação de metanol no glicerol, mas nos EUA o FDA recomenda o limite máximo de 150 mg de metanol por kg de glicerol, enquanto que o governo alemão estabelece o limite máximo 5.000 mg de metanol por kg de glicerol. apesar de não haver consenso quanto aos limites seguros, é preciso estar atento pois como no Brasil não há regulamentação as indústrias provavelmente não tomam os cuidados para retirar o metanol da mistura a não ser que o produto seja destinado há exportação.
JOSÉ JOÉLCIO DE HIOLANDA

JUARA - MATO GROSSO

EM 15/03/2013

Coisa fantástica a nutrição animal e quando encontra uma alimento novo disponível a coisa fica mais fantástica ainda!

JOSÉ JOÉLCIO DE HIOLANDA

JUARA - MATO GROSSO

EM 15/03/2013

A alimantação animal é uma coisa fantástica, e claro com muita responsabilidade, juntando glicerina então fica muito bom!
IZAMAR NUNES

SALVADOR - BAHIA

EM 14/10/2012

muito interessante. Gostaria saber como seria o resultado em bovinos de leite.



saudações,

Izamar Nunes- JN AGROPEC. CANDEIAS- SALVADOR- BAHIA
DANIEL MONTANHER POLIZEL

BIRIGUI - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 09/10/2012

Juarez Telles de Souza, bom dia.



No ensaio que realizamos foi utilizada glicerina bruta comercial, não havendo um fornecedor especifico. Porém como sugestão, eu acho interessante a compra de tal produto de empresas que estejam na lista da Agência Nacional de Petróleo (ANP), devido a fiscalização existente nessas unidades.



Quando é utilizado o produto de fonte não qualificada, dificilmente a glicerina bruta possuíra uma boa qualidade (elevado teor de glicerol). A unidade produtora tende a emitir uma laudo com a analise da glicerina bruta, dizendo os teores máximos de água e mínimos de glicerol em sua composição. E sobre o registro, como dito anteriormente, existe uma lista de unidades produtoras de biodiesel no site da Agência Nacional de Petróleo (ANP).



Att.
DANIEL MONTANHER POLIZEL

BIRIGUI - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 09/10/2012

Everaldo Cardoso de Jesus e Luciano Ferreira dos Santos, bom dia. Com relação a aquisição da glicerina bruta, isso é possível ser feito entrando em contato com as empresas produtoras de Biodiesel. Geralmente essa glicerina é vendida a um preço acessível, porem deve-se analisar a viabilidade econômica após incluir o valor do frete para a entrega do produto (pode elevar os custos devido a distancia entre unidade produtora de biodiesel e a propriedade)



Att.
DANIEL MONTANHER POLIZEL

BIRIGUI - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 09/10/2012

André Lorenzo, bom dia. Com relação a sua pergunta, o glicerol é extraído juntamente com o óleo (triacilglicerol). Sendo assim, oleaginosas que possuam maiores teores de triacilglicerol serão fontes mais ricas em glicerol. Importante: após a extração do óleo o glicerol não estará no farelo e sim no óleo extraído.



Att.
JUAREZ TELLES DE SOUZA

JACAREÍ - SÃO PAULO

EM 06/10/2012

Boa tarde Polizel....



     No ensaio vc usou Glicerina Bruta existente no mercado ou de algum fornecedor expecifico????

       Há algum risco em usar o produto de fonte não qualificada??? Como se saber sobre a qualidade da Glicerina???? Existe registro no Ministério dos produtores???
EVERALDO CARDOSO DE JESUS

OLINDINA - BAHIA - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 05/10/2012

Meu caro André!!!!! Gostaria de saber a onde podemos encontrar o produto e valores? Grato Jésus
LUCIANO FERREIRA DOS SANTOS

MIRANTE - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/10/2012

Caro André, sem duvida essas alternativas alimentares são de grande importância, como e onde conseguir esse produto?
OTILIO LORENZO

FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 05/10/2012

BOM DIA !!  ANDRE

VC  TERIA  COMO  INFORMAR  QUAL O  GRAO  COMESTIVEL  Q  TERIA  MAIOR  TEOR  DE  GLICEROL, DEPOIS  DE  ESTRAIDO    O  OLEO

  SDS



OTILIO.LORENZO@GMAIL.COM

DANIEL MONTANHER POLIZEL

BIRIGUI - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 04/10/2012

André boa tarde.

Os níveis de inclusão citados no artigo são na dieta total, tomando como base a % de inclusão na MS. Caso tenha maiores dúvidas, segue o e-mail para contato: danielpolizel@zootecnista.com.br



Coloco-me a disposição.



Att.

ANDRÉ MEDEIROS

QUIXADÁ - CEARÁ - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE LEITE

EM 04/10/2012

Caros Daniel e Carol. Muito interessante esse artigo pois nos remete a avaliar formas alternativas na alimentação de ovinos e caprinos. Será que podem me dar um contato (email particular ou telefone tim) para que eu possa interagir com vcs nesse assunto,?

A inclusão nesses níveis que os trabalhos citam é na dieta total?

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