O processo de intensificação dos sistemas de produção não está relacionado apenas ao aumento de produtividade, mas também, ao encurtamento do ciclo produtivo, com liberação antecipada do produto para o mercado trazendo dinamismo ao giro de capital da empresa.
Com isso, nos modernos sistemas de produção de carne ovina, buscam-se animais cruzados, com alto potencial genético para ganho de peso e um sistema de terminação eficiente, para obtenção de maior quantidade de carne com qualidade, no menor espaço de tempo e a custos competitivos.
O desempenho reprodutivo do rebanho materno, a taxa de crescimento de seus cordeiros e o nível nutricional disponível para ambos estão entre os principais componentes responsáveis pelo sucesso na produção de ovinos. No entanto, somente o aumento do número de cordeiros nascidos não é suficiente para o incremento da ovinocultura de corte. O nascimento de animais com maior velocidade de ganho de peso, mais eficientes na utilização dos alimentos e com qualidade de carcaça superior se faz necessário, podendo ser conseguido, utilizando-se cruzamentos e manejo nutricional adequado das ovelhas em suas diversas fases fisiológicas (crescimento, gestação e lactação).
Nos mamíferos, o crescimento pré e pós-natal, principalmente até a desmama, é resultado da ação do seu próprio genótipo e da influência do ambiente materno. Assim, o valor da característica observada representa o valor fenotípico do próprio indivíduo, o qual se compõe de um componente direto (o indivíduo) e de um componente indireto (a mãe).
Por esse motivo, para a produção de cordeiros destinados ao abate, recomenda-se a utilização de ovelhas de menor peso e adaptadas ao ambiente local, com evidentes características leiteiras e acentuada eficiência reprodutiva, proporcionando, respectivamente, maior número de animais em uma mesma área, desmama de cordeiros com pesos significativos e, maior número de partos e de cordeiros por ano.
O rebanho de ovinos das raças de corte, criadas no Brasil, ainda é muito pequeno, fazendo com que os animais dessas raças atinjam preços mais elevados no momento da sua aquisição, além dos maiores requerimentos nutricionais e sanitários, tornando-se antieconômico, na maioria dos casos, a utilização de rebanhos maternos das raças de corte para produção de carne ovina. Por outro lado, recomenda-se a utilização de reprodutores dessas raças em cruzamentos, com o objetivo de melhorar algumas características produtivas dos cordeiros destinados ao abate.
Sendo assim, para ovinos destinados à produção de carne algumas características desejáveis precisam ser consideradas, destacando-se: o desempenho reprodutivo da ovelha, a velocidade de crescimento do cordeiro e, a conformação e rendimento da carcaça.
Para se obter a concretização dessas características três caminhos podem ser adotados:
1. Seleção dessas características dentro de um grupo genético disponível, buscando-se ovelhas com maior fertilidade, natalidade e produção de leite e cujos cordeiros tenham eficiência no uso do alimento disponível e apresentem boa conformação e rendimento de carcaça;
2. Utilização de grupos genéticos com essas características já fixadas, ou a formação de um novo grupo genético, incorporando ao seu patrimônio genético estas características;
3. Utilização de cruzamentos terminais.
Os dois primeiros caminhos exigem programação a longo prazo fundamentada em um forte programa de melhoramento genético, e como praticamente não se tem promovido no Brasil a seleção de ovinos pelo desempenho produtivo, uma boa ferramenta a ser utilizada são os cruzamentos que, sendo conduzidos tecnicamente e de forma organizada, podem produzir efeitos benéficos a curto prazo. Vale ressaltar que o uso de cruzamentos não dispensa a seleção genética, de forma que, os dois primeiros caminhos, acima citados, devem ser seguidos conjuntamente.
O cruzamento pode propiciar maior velocidade de crescimento, melhor conformação e melhor qualidade da carcaça e da carne, sendo os genes da raça paterna os principais responsáveis pela superioridade dos cordeiros cruzados. Assim, o conhecimento do desempenho da progênie das raças paternas pode orientar a produção comercial de carne ovina.
Como nenhuma raça é superior em todas as características que são importantes para a produção de carne, informações sobre as diferenças genéticas entre raças, para características economicamente importantes, são fundamentais para a escolha de quais grupos genéticos incluir em um programa de cruzamento, com o objetivo de aproveitar melhor as diferenças genéticas entre as raças ovinas no Brasil.
Este trecho faz parte do material do curso online Produção intensiva de cordeiros: do nascimento ao abate, que terá início no dia 07 de abril e abordará os seguintes temas: mercado e cadeia produtiva da carne ovina, raças, cruzamentos e adequação aos sistemas de produção, manejo pré-natal de cordeiros, manejo pós-natal de cordeiros, terminação de cordeiros e características de carcaça. O instrutor desse curso é Daniel de Araújo Souza, médico veterinário pela Universidade Federal da Bahia e consultor em sistemas de produção de carne ovina. Possui especializações em Administração Rural (UFLA) e em Manejo de Pastagem (FAZU). Atualmente é aluno de mestrado em Zootecnia (UFC), com área de concentração em Produção Animal. Possui sólida experiência prático-acadêmica nas áreas de reprodução, saúde e produção animal. Desde 2003 atua na consultoria em eventos agropecuários das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobrás. É também colaborador da seção Dicas de Sucesso e Conjuntura de Mercado do FarmPoint. Conheça a programação completa desse curso! Faça sua inscrição agora mesmo! |