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Fazendas Inovadoras: Fazenda Rio Doce (Itobi/SP)

POR MARLIZI M. MORUZZI

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/06/2016

18 MIN DE LEITURA

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*Eduardo Pinheiro será um dos produtores a palestrar no Interleite Brasil 2016, dentro do Painel 3: “Gestão eficiente da qualidade do leite”.

Na seção Fazendas Inovadoras, uma parceria entre o MilkPoint e a Revista Leite Integral, será explorada a história e o desenvolvimento de fazendas que estão obtendo desempenho acima da média, de acordo com vários critérios distintos, incluindo o sistema de produção como um todo. A quinta participante é a Fazenda Rio Doce, localizada em Itobi/SP. 

A história da Fazenda Rio Doce na atividade leiteira vem desde 1960, quando José Carlos Siqueira Pinheiro (in memoriam) herdou as terras de seu pai e deu início à atividade. Crescendo em meio às rotinas da fazenda, os filhos Rubens, Roberto e Ricardo cultivaram o amor pelo campo e pela criação de animais, e deram sequência ao negócio da família. Há alguns anos, o neto Eduardo também atua na fazenda, e junto da família vem desenvolvendo mudanças importantes no sistema produtivo. Os resultados são expressivos!



Trabalho e paixão passados por gerações. A Fazenda Rio Doce, localizada em Itobi, SP, vem construindo sua história na atividade leiteira desde 1960, quando José Carlos Siqueira Pinheiro (in memoriam) herdou as terras de seu pai, dando sequência ao cultivo de hortifrutigranjeiros, café e iniciando a produção de leite, pela qual sempre teve grande interesse. Nos anos seguintes, José Carlos passou a dar maior ênfase à atividade leiteira. Sempre acompanhado pelos filhos Rubens, Roberto e Ricardo, José Carlos foi um inovador à sua época, implementando técnicas de manejo por poucos utilizadas, como a inseminação artificial (realizada na fazenda desde 1968).

Crescendo em meio às rotinas da fazenda, os filhos cultivaram o amor pelo campo e pela criação de animais, e de lá só saíram para concluir os estudos.

Em 1985, o filho Rubens retornou à fazenda e assumiu sua gestão, sempre compartilhando as decisões com os irmãos Roberto e Ricardo. Nesta época, a fazenda ordenhava cerca de 40 vacas Girolandas. “Nos 3 anos seguintes, reforçamos o cultivo de hortifrutigranjeiros e mantivemos a produção de leite. Depois disso, vimos que investir na atividade leiteira seria um melhor negócio, e é o que temos feito desde então”, conta Rubens.

Os animais eram mantidos a pasto, ordenhados manualmente em vários retiros espalhados na fazenda. Em 1990, a ordenha foi centralizada em um só local, com a construção de uma sala com fosso e instalação de ordenhadeira mecânica. “Ao longo dos anos, conforme o rebanho crescia, as instalações foram ampliadas, porém sem planejamento. Eram os famosos puxadinhos”, brinca o produtor. E assim a produção leiteira foi sendo conduzida até 2010, quando o rebanho atingiu 120 vacas em ordenha, as quais mostravam aos irmãos Pinheiro que o sistema não permitiria crescimento, se não fosse reformulado.

Uma nova geração

A paixão pelo leite transcendeu gerações na família Pinheiro. Eduardo, filho de Roberto, escolheu a Medicina Veterinária como profissão, com o intuito certo de dedicar-se à atividade leiteira nas terras da família. Desde que iniciou a Graduação, em 2007, Eduardo tem participado cada vez mais das rotinas da fazenda, trazendo novidades tecnológicas e sugestões de manejo.

Na mesma época, a fazenda aderiu ao Projeto Educampo, através da Danone, para onde é entregue a produção de leite diária. Há 10 anos, os médicos veterinários e técnicos do Educampo, Soraya e Guilherme Barbosa, acompanham mensalmente a propriedade, tendo participado das maiores evoluções ocorridas na Fazenda Rio Doce.

“A assessoria do Guilherme e da Soraya foi fundamental em diversos aspectos. Primeiro, que a fazenda precisava mudar seu sistema produtivo, e eles estudaram conosco cada uma das opções, seus custos, vantagens e desvantagens. Segundo, fizeram o que julgo ter sido mais importante para as conquistas seguintes: eles nos ensinaram a gerir nosso negócio, a saber administrar não só as despesas e receitas, mas, principalmente, a cuidar de nossa equipe, treinar nossos funcionários, para que se sintam capacitados e motivados”, conta Eduardo. “Eu vinha da faculdade com mil ideias novas, querendo mudar tudo de uma vez. E eles me mostravam o equilíbrio entre a teoria e a prática, agindo com cautela e visando resultados concretos e duradouros”, lembra o jovem produtor.

Os maiores desafios encontrados no sistema até então utilizado eram as más condições de alojamento do rebanho, com vacas sofrendo pelo estresse térmico, excesso de barro nos períodos chuvosos e, consequentemente, casos de mastite, além de instalações de ordenha inadequadas.

Em 2010, Eduardo passou a participar com maior frequência das rotinas da fazenda. Rapidamente ele percebeu que, para implementar qualquer mudança no sistema, ele teria, primeiramente, que convencer seu pai, Roberto, e seu tio Rubens, assim como Ricardo. “Para convencer meu tio, os argumentos tinham que ser a favor do lado prático da mudança, principalmente em relação aos benefícios operacionais. Já meu pai tem um foco maior sobre a qualidade e perfeição das rotinas”, diz Eduardo.

Sua primeira tentava, a qual foi bem-sucedida, foi a aquisição de um vagão forrageiro. “A alimentação era um gargalo na fazenda. Perdia-se muito tempo com a mistura manual dos ingredientes, além das falhas na qualidade. Para isso, mostrei para meu tio Rubens os benefícios que o equipamento traria para aumentar a eficiência dos tratos, evitando desperdícios no silo, reduzindo o tempo de mistura e demandando menos tempo do funcionário do setor. Já para meu pai, apresentei a diferença obtida na qualidade da mistura, a retirada uniforme do silo e, para ambos, foram mostradas as vantagens financeiras de cada Real investido na aquisição do maquinário, tendo nesse quesito o suporte fundamental do Guilherme e da Soraya”, explica Eduardo.

Satisfeitos com o investimento, era hora de pensar nos próximos passos. O desconforto dos animais e as más condições de alojamento, com a consequente queda brusca na produção de leite entre inverno e verão, fizeram com que todos os envolvidos na fazenda concordassem que era hora de mudar. “A produtividade média anual não passava de 20 litros/vaca/dia. No inverno, as vacas produziam até 27 litros de leite. No verão, a produtividade caia para os 17 litros/vaca. Chegamos num momento em que ou investíamos numa nova estrutura, ou teríamos que parar com a atividade”, conta Rubens. Assim, ele e o sobrinho Eduardo saíram para visitar fazendas que utilizavam free stall e compost barn para alojamento dos animais. E depois de muita discussão junto aos técnicos, decidiram pela construção do compost barn. “A manutenção e o manejo de dejetos foram os maiores fatores de decisão”, afirma Rubens. Em 2014, começavam a ser construídos dois galpões, e também uma nova sala de ordenha.


Vista panorâmica dos galpões (ao fundo), com pista de trato central, e ordenha à frente (à direita na foto).


Os benefícios do novo alojamento foram percebidos mais rapidamente que o esperado, através de índices produtivos e de qualidade, além do conforto animal.

O projeto

Com capacidade para alojar 200 animais no total, os galpões foram finalizados em janeiro de 2015 e, imediatamente, as vacas foram levadas para lá. O custo para instalação do compost barn foi de R$ 4.195,84 por vaca alojada, considerando energia elétrica, compra de serragem, terraplenagem, poço artesiano, telhado, construção civil, ventiladores para pista de alimentação e ventiladores da área de cama.

Os primeiros 3 meses foram de ajustes, mas os benefícios puderam ser sentidos logo nas primeiras semanas. As camas são compostas por serragem (90%) e casca de café (10%) e reviradas duas vezes ao dia. São disponibilizados 12,5 m2 de área de cama por vaca e, além dos animais em lactação, o lote de pré-parto 2 (vacas nos últimos 25 dias de gestação) também é confinado. “Quando inauguramos os galpões, tínhamos espaço sobrando, e por isso decidimos colocar as vacas do pré-parto. Hoje, não vemos a mínima condição de tirá-las de lá, ou seja, para alcançarmos as 200 vacas em lactação, teremos que pensar numa ampliação da estrutura”, conta Roberto, explicando que, caso isso seja necessário, será muito fácil e com custo muito reduzido frente ao investimento inicial. “A estrutura está planejada para futuras ampliações. Quando fizemos o projeto, estimamos em 10 anos o prazo para amortização e, por esse motivo, não faríamos nenhum investimento. Mas o que vemos hoje é que, muito provavelmente, em 2 ou 3 anos já faremos uma primeira ampliação na estrutura”, diz Roberto, mostrando o quanto estão satisfeitos com o confinamento do rebanho.

Atualmente, estão alojadas 145 vacas em lactação, com produtividade média diária de 28,7 litros/vaca/dia. Tanto os galpões como a sala de ordenha possuem sistema para captação e coleta de água pluvial. “Agora estamos planejando a construção da lagoa de armazenamento desta água”, conta Rubens.

Os dejetos da ordenha e dos galpões são coletados em tanques e despejados na lavoura com uso de chorumeira. “Outro projeto que planejamos realizar é o aproveitamento dos dejetos através da fertirrigação”, diz Eduardo.

Os benefícios do novo alojamento foram percebidos mais rapidamente que o esperado, como pode ser visto na Tabela 1. Desde o momento em que entraram no compost barn, as vacas aumentaram, a cada pesagem do leite (quinzenal), 120 ml por vaca/dia em média. Além disso, a ingestão de matéria seca por vaca aumentou. A taxa de serviço subiu de 48% para 60%. “A dieta no confinamento é a mesma usada anteriormente, sendo que esse aumento na ingestão foi devido às melhorias no conforto animal”, afirma Eduardo, ressaltando que, apesar do aumento dos gastos com alimentação, o mesmo foi compensado com o aumento da produtividade das vacas.


Eduardo tem trabalhado intensivamente na melhoria da qualidade do leite da fazenda, avaliando cada uma das vacas do rebanho.

Estrutura funcional

O rebanho é formado, predominantemente, por animais da raça Girolando, 100% nascido e criado na propriedade. Desde que iniciou a IA na fazenda, as vacas são inseminadas com touros da raça Holandesa, e também Gir Leiteiro (para manter os cruzamentos). “A prioridade na escolha dos touros foi sempre pelas características funcionais, ou seja, aprumos (pernas e pés), úberes e produção leiteira. Por isso, mesmo em um sistema muito desafiador, nossas vacas não apresentavam problemas de cascos, elas são muito resistentes”, conta Eduardo. Alguns touros Jersey também foram utilizados nos acasalamentos. “Usamos sêmen de vários touros Holandeses provenientes do Canadá, e isso resultou em vacas muito grandes no nosso rebanho. Por esse motivo, decidimos utilizar touros Jersey em alguns acasalamentos, para reduzir a estatura de nossas vacas”, explica.

Como já mencionado, a fazenda utiliza a inseminação artificial desde 1968. Atualmente, praticamente todo o rebanho é submetido a protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF). “A cada 15 dias, o veterinário Guilherme faz o diagnóstico de gestação das vacas, e as que estiverem vazias já entram nos protocolos. As que forem observadas em cio, fora dos protocolos, são inseminadas”, explica Eduardo.

Além das falhas reprodutivas em função das más condições de conforto e manejo do rebanho, a fazenda teve um alto índice de nascimento de machos, principalmente em 2015, quando 70% dos partos foram de bezerros machos. Para reverter esse quadro, algumas fêmeas estão sendo submetidas à aspiração folicular para posterior fertilização in vitro (FIV), acelerando assim a produção de fêmeas para reposição e crescimento do rebanho.

“Passamos também a utilizar sêmen sexado nas novilhas, com maior frequência no período do inverno. Agora que estamos alimentando melhor nossa recria, o que reflete diretamente no desempenho reprodutivo, queremos intensificar o uso de sêmen sexado”, explica Eduardo.

Hoje a fazenda segue priorizando aprumos, úberes e produção, mas também considera sólidos do leite e saúde, no momento de realizar os acasalamentos.


Com as melhorias no conforto animal, a ingestão de matéria seca por vaca aumentou.
 

Alimentação

Dentro dos galpões, as vacas são divididas entre primíparas, vacas em lactação, vacas próximas à secagem e lote pré-parto 2 (últimos 25 dias de gestação). A dieta das vacas em lactação, servida em dois tratos diários, é composta por silagem de milho (35 kg de matéria verde por vaca), farelo de soja, milho, polpa cítrica, caroço de algodão (dependendo da disponibilidade) e premix vitamínico e micromineral. “A dieta do lote próximo à secagem visa reduzir a produção de leite. Já as vacas no pré-parto 2 recebem dieta aniônica, composta por silagem de milho, farelo de soja, milho, núcleo mineral e cloreto de cálcio protegido, além da inclusão dos aditivos biotina e monensina”, explica Eduardo.

As vacas secas (60 dias pré-parto ou mais, até os 25 dias pré-parto) são alojadas em piquetes, e recebem capim napier picado e 1,5 kg de concentrado/vaca/dia. As novilhas também permanecem em piquetes, porém passaram a receber também silagem de milho, além do capim picado napier e 2 kg de concentrado/dia/cabeça. “Esse ajuste na dieta das novilhas foi feito simultaneamente ao confinamento das vacas em lactação. Antes, elas consumiam apenas capim picado e 1 kg de concentrado/cabeça/dia”, diz Eduardo.

“Estamos melhorando a alimentação do rebanho a cada ano. Passamos a fornecer silagem de milho para as novilhas, e a ideia é trabalhar apenas com silagem para todo o rebanho. Com isso reduzimos o trabalho de picar o capim, e oferecemos um alimento melhor. Isso está em nossas metas”, conta Roberto, pai de Eduardo. Toda silagem de milho utilizada na alimentação do rebanho é produzida na fazenda. “Este ano plantamos 54 hectares, produzindo um total de 3.200 toneladas de matéria verde”, diz Rubens. A fazenda também produz uma quantia de silagem de aveia, incorporada à dieta conforme a disponibilidade.

Bezerreiro coletivo

O modelo utilizado na criação de bezerras é curioso. A fazenda, que já utilizou baias suspensas e bezerreiro tropical, optou há poucos meses pela baia coletiva, com cama de feno (capim Napier velho, desidratado e picado). “Aqui na fazenda chamamos esse bezerreiro de ‘mini compost’. A cama é revirada uma vez ao dia, e usamos ventiladores para mantê-la seca. Além da cama, as bezerras têm acesso a uma área de piquete, onde podem brincar e tomar sol”, explica Roberto.

As bezerras são alojadas em dois grupos, um até 30 dias, e outro de 30 a 70 dias. Assim que nascem, são separadas das mães e recebem 5 litros de colostro, através de sonda esofágica. “Priorizamos o fornecimento de colostro da própria mãe. Caso precise, temos um banco de colostro também”, diz Eduardo.

Após o período de colostragem, passam a receber 6 litros de leite por dia, divididos em duas mamadas, além de ração iniciadora peletizada. “Na hora do aleitamento, as bezerras são presas por uma coleira e recebem o leite em baldes individuais, que são fixados à contenção da baia no momento do trato. Depois são retirados para higienização, e as mesmas permanecem ali alguns minutos, antes de serem soltas na baia”, explica José Carlos, gerente da fazenda, inseminador e responsável pelo bezerreiro.

A desmama vai dos 70 aos 80 dias, sendo feita de forma gradual. “Visamos a formação de lotes de desmama”, explica Roberto. Neste período, também, as bezerras são adaptadas à ração farelada, produzida na fazenda. Após a desmama, as bezerras passam a integrar dois lotes: dos 80 dias aos 4 meses de idade, e dos 4 aos 7 meses. Recebem silagem de milho e ração farelada. Depois, passam para o piquete de novilhas.


As bezerras são alojadas em baias coletivas, com cama de feno, e têm acesso a piquete. José Carlos é o gerente da fazenda, inseminador e responsável pelo bezerreiro.

Um salto em qualidade

Em função das condições ambientais em que as vacas eram mantidas, principalmente em relação ao excesso de barro, a mastite se tornou uma grande vilã das vacas, dos proprietários e, principalmente, da produção de leite na Fazenda Rio Doce. O desafio em prevenir e tratar casos da doença, causados em sua maioria por agentes patogênicos ambientais, era constante. “Tivemos problemas principalmente com Streptococcus spp. ambientais, mas também com Prototheca spp., leveduras, Escherichia coli, entre outros”, conta Eduardo, que dedicou seus trabalhos de Mestrado a estudar essa doença, que tantos prejuízos traz à cadeia produtiva e também à indústria.

Antes de colocar as vacas no compost barn, foi realizada uma “operação de guerra” contra a mastite. Na ocasião, Eduardo realizava um experimento privado na fazenda, e a metodologia da pesquisa consistia em realizar análise da contagem de células somáticas e cultura microbiológica de amostras de leite de todos os tetos, de todas as vacas do rebanho, a cada 15 dias, durante 8 meses. “Eu conhecia cada teto das vacas”, brinca o jovem produtor, explicando que, com isso, foi possível entender toda a dinâmica da infecção, além de permitir uma profunda avaliação dos escores dos tetos (em relação à condição dos orifícios). “Na ordenha antiga não tínhamos extratores automáticos dos conjuntos de ordenha. Além disso, os funcionários insistiam em forçar a saída de leite, colocando peso sobre o conjunto de ordenha. Isso ocasionava muita sobreordenha e, como consequência, lesões graves de orifício de teto. E sabemos que isso impede um fechamento apropriado do canal do teto, facilitando a entrada de agentes patogênicos”, explica Eduardo.

Com resultado das análises em mãos, Eduardo decidia pela melhor opção para cada uma das vacas. “Dependendo do caso, inutilizávamos o quarto mamário doente, ou optávamos por tratar a vaca. Os animais que não tinham chances de recuperação satisfatória após o tratamento, foram descartados. E isso fez com que nossa taxa de descarte em 2015 fosse acentuada frente aos outros anos. Mas foi um procedimento necessário, visando a sanidade das vacas dentro do compost barn”, diz Eduardo.
Para se ter uma ideia, no início de 2014, quando as vacas ainda ficavam nos piquetes, a CCS média era de 1.200.000 cél/ml. Hoje, a contagem não ultrapassa as 300.000 cél/ml. “Temos 1 vaca com mastite clínica em tratamento, das 145 em lactação”, conta satisfeito Rubens.




Além do intenso combate à mastite, o confinamento e a nova sala de ordenha permitiram uma melhoria acentuada na qualidade do leite da fazenda.

Conhecimento, confiança e muitos resultados 

“Iniciamos a assistência na Fazenda Rio Doce há quase dez anos. A realidade mudou muito ao longo deste tempo. Na primeira visita (outubro de 2006), tínhamos 82 vacas em lactação, com produtividade média de 13,7 litros/vaca/dia e um alto custo de produção, em função da estrutura da fazenda. Somente a mão de obra representava 44% da renda da atividade. O setor leiteiro ainda era pressionado pelas outras atividades da propriedade que se mostravam mais lucrativas.

O objetivo da fazenda era chegar no limite da sua capacidade de resfriamento de leite, que na época era de 2.500 litros/dia. Dependendo do quanto a mais fosse produzido, alguns animais eram vendidos.

A resistência em investir em confinamento era enorme, até o dia em que, numa visita técnica na região do Alto Paranaíba, MG, foram visitados alguns sistemas com vacas alojadas em compost barn. A decisão e a motivação associadas fizeram com que 15 dias após a viagem já fosse iniciado o projeto para 200 vacas em lactação. Assim, iniciaram as obras e, em 5 meses, os animais já estavam sendo alojados. Tanto a resposta produtiva como a econômica foram além das expectativas. Fazer parte deste projeto, participando de todas as mudanças e evoluções, é motivo de uma grande satisfação profissional.” (Soraya e Guilherme Barbosa – Educampo/Danone)



Soraya e Guilherme Barbosa – Educampo/Danone
 

Gestão compartilhada

“Aqui a gente acerta junto ou erra junta”, diz Roberto, enfatizando a união dos irmãos, e também de seu filho, nas decisões sobre o negócio da família. Todos concordam ao afirmar que a assistência dos técnicos do Educampo, Guilherme e Soraya, foi um “divisor de águas” da fazenda. “Eles nos mostraram os pontos nos quais estávamos errando, e os caminhos que deveríamos seguir para mudar a realidade produtiva da fazenda. Tudo baseado na análise de dados e projeções muito realistas, que nos deram segurança para investir e apostar nas mudanças sugeridas”, ressalta Rubens. “Saímos da condição de ‘tiradores de leite’ para empresários do leite”, afirma com orgulho.

Para auxiliar na análise e avaliação dos dados coletados, a fazenda utiliza o software de gerenciamento Ideagri. Mensalmente, os índices são avaliados pelos proprietários da fazenda, junto aos técnicos do Educampo.

“Éramos viciados na nossa metodologia, não tínhamos o conhecimento técnico específico. O Guilherme e a Soraya chegaram aqui e nos ensinaram a administrar nosso negócio, a fazer projeções futuras realistas, e também trouxeram novidades em tecnologia e manejo”, conta Roberto. “Por outro lado, eles aprenderam a nos ouvir e ver nossas possibilidades, conciliando projetos e ações. E sempre chegamos a um consenso. Sempre!”, enfatizou Rubens.

Tanto Eduardo, como os demais decisores da Fazenda Rio Doce, estão absolutamente satisfeitos com o sistema adotado. “Os índices que havíamos proposto, sobre os quais decidimos pela construção do compost barn, foram todos alcançados e superados. Os resultados estão sendo melhores que os esperados”, afirma Eduardo.

Com todo este foco, alicerçado na união familiar, a obtenção dos resultados não demorou a surgir. E certamente este será apenas o primeiro grande projeto da Fazenda Rio Doce, que almeja duplicar sua produção. E não vai demorar.

*Esta matéria foi publicada na edição de junho/2016 da Revista Leite Integral.
 

MARLIZI M. MORUZZI

Coordenadora de Conteúdo do EducaPoint

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EDUARDO NABUCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS

EM 09/10/2017

Nesse tipo de bezerreiro as bezerras não mamam umas nas outras? Normalmente, após tomarem o leite elas apresentam um reflexo de mamada chupando as orelhas, caudas e até mesmo as pequenas tetas de suas companheiras.
AFONSO GOMES DE OLIVEIRA REGO

MACEIO - ALAGOAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/07/2016

Obrigado Eduardo.
EDUARDO PINHEIRO

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/07/2016

Olá Afonso..desculpa a gafe, te chamei de Marcelo...

Também esqueci de avisar que no premix mineral tem 1,14 kg de farelo de soja.

Abraço!!
EDUARDO PINHEIRO

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/07/2016

Eeeee Mariana....saudades de você também!!!! Grande amiga de infância!!!! Aprontamos muito nesta fazenda!!!

Preciso marcar de encontrar você e todos da família....vocês são MUITO queridos!!!!

Grande abraço
EDUARDO PINHEIRO

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/07/2016

Oi Dani!!!
Saudade do cê!!

Você que está famosa!! Li seu artigo no JDS esses tempos...Parabéns!!!

Estou até com vergonha de não ter te visitado depois que você voltou para o Brasil!

Grande abraço
EDUARDO PINHEIRO

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/07/2016

Olá Marcelo.
Desculpa a demora para te responder.

A dieta, em kg de material natural por vaca, está atualmente em:
39 kg de silagem de milho
4,6 kg de farelo de soja
5,6 kg de polpa cítrica
3,8 kg de milho
1,6 kg de premix mineral

A silagem de milho está com 29% de matéria seca
Trabalhamos com dieta única para o gado todo.

Abraço.
MARIANA FELICIANO TOSTES

MOGI GUAÇU - SÃO PAULO

EM 11/07/2016

Gostaria de dar os parabens a todos!Nasci e fui criada nesta fazenda, fico feliz pelo projeto.Grande abraço a todos.Mariana Feliciano.
DANIELA NEIVA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 28/06/2016

Grande Dú, famoso!
AFONSO GOMES DE OLIVEIRA REGO

MACEIO - ALAGOAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/06/2016

Quanto de milho, soja e semente de algodão é disponibilizado para cada vaca em lactação.
EDUARDO PINHEIRO

SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 27/06/2016

Olá pessoal.

Fico muito feliz que tenham gostado da matéria. Agradeço também todos do AgriPoint, que foi muito atenciosos e fizeram um linda matéria.

Quem tiver interesse em conhecer a propriedade pode mandar um e-mail para: edupinheiro30@yahoo.com. Será um enorme prazer recebê-los!!!

Grande Abraço,

Eduardo Pinheiro.
AFONSO GOMES DE OLIVEIRA REGO

MACEIO - ALAGOAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/06/2016

Maravilhosa matéria.

Queria poder conhecer pessoalmente essa mudança.

(82) 9 9920-1129
CELESTINO DOS SANTOS PANTALEÃO

CASA BRANCA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 24/06/2016

Gostaria de parabenizar pela matéria, e cumprimentar a família Pinheiro em especial o Rubens pela grande conquista parabéns.
SÁVIO COSTA SANTIAGO DE BARROS

LAVRAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 24/06/2016

Visitamos a fazenda no Workshop Mastite da USP Pirassununga e pude presenciar o envolvimento de todos e a eficiência dos processos.

Estão todos de parabéns e podem servir de exemplo para muitas fazendas que querem crescer de forma sustentável;

Aproveito para agradecer a todos pela receptividade na ocasião;

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