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Fazendas Inovadoras: Fazenda Engenho Velho (Imbituva/PR)

POR MARLIZI M. MORUZZI

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/01/2016

18 MIN DE LEITURA

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Na seção Fazendas Inovadoras, uma parceria entre o MilkPoint e a Revista Leite Integral, será explorada a história e o desenvolvimento de fazendas que estão obtendo desempenho acima da média, de acordo com vários critérios distintos, incluindo o sistema de produção como um todo.

A primeira participante é a Fazenda Engenho Velho, localizada em Imbituva/PR. A propriedade, que apresenta um perfil inovador, tem 120 anos de história e destaca-se pela forma empreendedora com que sempre foi conduzida, estando hoje sob a gestão de João Guilherme Brenner, responsável pelo projeto mais audacioso já realizado na propriedade: o sistema de ordenha robotizada.

João Guilherme Brenner

Atitudes inovadoras fazem parte da história de 120 anos da Fazenda Engenho Velho. A decisão mais ousada foi a construção de barracões do tipo free stall e instalação de três robôs de ordenha, o que trouxe muitas mudanças no manejo e gestão da propriedade.

Localizada em Imbituva, Paraná, a 175 km da capital, a Fazenda Engenho Velho encanta pela beleza dos recursos naturais, com muita área verde e um lago exuberante, além do alto padrão genético e produtividade dos animais.

A área de 360 hectares foi adquirida pelo bisavô de João Guilherme Brenner, que hoje está no comando da propriedade. Executivo atuante no setor alimentício e também Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH), João Guilherme segue fielmente os passos de seus antecessores, mantendo a forma empreendedora de administrar a propriedade. Para se ter uma ideia do perfil inovador da fazenda, quando a mesma foi adquirida (no início do século XX) o bisavô de Brenner construiu o lago no intuito de montar uma serraria, e utilizando um locomóvel, passou a fornecer energia elétrica para a cidade de Imbituva, que possuía cerca de 3 mil habitantes. Uma das poucas cidades com energia elétrica na época (1913).

A Fazenda Engenho Velho também foi uma das primeiras áreas a produzir soja na região dos Campos Gerais no Paraná, quando estava sob o comando do avô de João Guilherme, quem também deu início à atividade leiteira. “Em 1975, ele realizou a importação de 15 vacas da Holanda, de pelagem vermelha e branca, trazidas de navio. E com isso começou a investir mais na atividade, utilizando inseminação artificial, entre outras práticas de manejo”, conta Brenner. No entanto, a produção leiteira não era vista como um negócio, e sim como uma atividade complementar da fazenda.

Desde adolescente, João Guilherme se interessava pelas rotinas do campo. Aos poucos foi se envolvendo com a atividade, a princípio com a parte administrativa, e com o passar dos anos, chegou o momento de assumir o controle das terras e dar continuidade ao trabalho que vinha sendo feito. Por considerar a atividade leiteira a que mais agrega valor à propriedade, com a melhor remuneração por hectare e renda mensal, João Guilherme decidiu investir e intensificar a produção. Entre os anos de 1988 e 1990, o produtor importou animais dos Estados Unidos e Canadá, no intuito de melhorar a genética do rebanho. “E durante vários anos, continuei importando embriões, sempre com foco em seleção para leite, tipo e saúde”, diz.

Residindo em Curitiba e envolvido em diversas atividades profissionais, João Guilherme não vive o dia a dia da fazenda, mas nem por isso deixa de acompanhar as rotinas. Buscando formas de facilitar esse controle, e também aumentar a eficiência produtiva, o produtor estudou por anos algumas alternativas que pudessem otimizar o manejo diário, fornecer mais dados e informações sobre o rebanho, permitindo assim um melhor acompanhamento à distância.

Logo que os sistemas robotizados chegaram ao país, João Guilherme começou a analisar sua viabilidade, e ao visitar rebanhos que já faziam uso dos robôs, confirmou suas expectativas. “Eficiência é a palavra de ordem. E isso se resume em controle dos processos, otimização da mão de obra e aumento da produtividade. Com o sistema robotizado, além destes quesitos, proporcionamos maior bem-estar aos animais, uma vez que eles ditam o ritmo dos processos”, explica o produtor, enfatizando que consegue avaliar vaca por vaca, a qualquer hora do dia, estando a qualquer distância da fazenda.

Mas os excelentes resultados da produção não se devem apenas aos robôs. João Guilherme conta com uma equipe de funcionários alinhada com os objetivos da fazenda, assim como a assistência de técnicos em diferentes áreas, os quais auxiliam o produtor no acompanhamento diário e na tomada de decisões.

As mudanças

No início da atividade leiteira na fazenda o gado permanecia em piquetes, recebendo a alimentação em pistas de trato. Desde aquela época a fazenda produzia silagem de milho e suplementava os animais. Com os desafios impostos pelo período das chuvas, a fazenda optou por construir um barracão do tipo tie stall e confinar os animais em produção. “No início funcionava, quando tínhamos poucos animais. Conforme o rebanho foi crescendo, essa instalação foi ampliada, porém sem um planejamento estruturado. Num certo momento, tornou-se inviável, tanto pelo limite de espaço físico, como também pela baixa funcionalidade. Foi quando comecei a estudar um novo projeto”, explica João Guilherme.

A ordenha, a princípio, era feita de forma manual, evoluindo para um equipamento com balde ao pé. Anos depois foi construída a sala com fosso e instalado um equipamento com 12 conjuntos, o qual permanece ativo na propriedade, para a ordenha de alguns animais que não se adaptaram ainda aos robôs - como novilhas recém-paridas -, ou que estão em tratamento (apesar dos robôs fazerem o descarte do leite de mastite ou de vacas em tratamento, o produtor prefere manter desta forma). A nutrição do rebanho também foi sendo aprimorada ao longo dos anos, sendo que atualmente há um nutricionista responsável pelo balanceamento da dieta de todas as categorias animais. A construção das novas instalações foi iniciada em julho de 2014. São dois galpões, sendo um para 120 vacas e 2 robôs de ordenha, e outro para 60 vacas, com 1 robô. O novo sistema entrou em operação em junho de 2015.

Visando maior conforto e bem-estar dos animais, os galpões possuem potentes ventiladores, pisos de borracha, coçadores automáticos rotativos para as vacas e amplos cochos de água. As camas possuem colchões de borracha, cobertos com serragem, sendo a manutenção das mesmas e limpeza dos galpões um ponto fundamental. “Instalamos os scrapers para manter os corredores sempre limpos e com o mínimo de acúmulo de dejetos”, diz o produtor. “Os pisos de borracha também melhoram muito a movimentação dos animais, que se sentem mais confortáveis e seguros, o que é fundamental para estimular a ida aos robôs. Além disso, notamos um maior número de montas, o que facilitou a observação de cio”, diz o produtor, contando também que um dos próximos investimentos será a colocação de sensores (pedômetros ou brincos) nas vacas para avaliação de diversos parâmetros.

A alta produtividade é outra característica marcante do rebanho da Fazenda Engenho Velho. O processo de adaptação ao novo sistema acarretou em uma ligeira queda da produtividade - que encontra-se em 33 litros/vaca/dia -, mas a média do rebanho, até a mudança, era de 37 litros/vaca/dia. “Os animais já estão se adaptando e a produção voltou a crescer. Rapidamente retornaremos aos 37 litros por vaca. E a meta, ainda este ano, é atingir os 39 litros por vaca/dia”, afirma João Guilherme.

Analisando os dados armazenados no software de gerenciamento dos robôs, observamos que há muitas vacas produzindo acima de 45 litros/vaca/dia, chegando até 58 litros diários. Um volume que realmente impressiona. Atualmente são produzidos 6.000 litros diários, com 180 vacas em lactação. O produtor é associado da Frísia Cooperativa Agroindustrial (antiga Batavo) há muitos anos, para onde a produção diária é enviada.



Manejo e nutrição

Atualmente, as novilhas e vacas secas permanecem em áreas de pastagens, estando confinado apenas o rebanho em lactação. A secagem é feita 60 dias antes da data prevista de parto, e as vacas secas são mantidas em piquetes próximos a um centro de manejo, com pista de trato, canzil, tronco de casqueamento, tudo visando facilitar os procedimentos neste importante período da gestação. Recebem silagem de milho, pré-secado de aveia e concentrado. Vinte dias antes do parto, são levadas para outro lote, onde recebem dieta aniônica. Já bem próximo ao parto, seguem para um pequeno barracão, onde há 3 baias maternidade. “Há muito pouca intervenção nos partos”, diz o produtor.

As bezerras são criadas em um galpão com baias individuais, e quando atingem 45 dias, ficam parte do dia soltas em um solário. A fazenda mantém um banco de colostro e, além do volume ingerido diretamente nas mães, as bezerras recebem mais 2 litros quando são levadas para o bezerreiro. Até os 20 dias de vida, recebem 4 litros de leite por dia, e depois disso passam a receber 6 litros, divididos em 2 mamadas. Desde a primeira semana de vida é fornecida ração inicial e feno.

A desmama é feita por volta dos 90 dias, e as bezerras passam a integrar lotes de acordo à idade. A taxa de mortalidade até a desmama é inferior a 1%. A fazenda produz toda a base volumosa da dieta do rebanho, composta por silagem de milho, pré-secado de aveia e azevém. Exceto a ração, que é servida dentro dos robôs, os demais ingredientes são fornecidos nos cochos. Além dos volumosos, também compõem a dieta farelo de milho, farelo de soja, núcleo mineral e um tamponante.

A composição do concentrado fornecido nos robôs é a mesma para todos os animais (18% de proteína), variando apenas a quantidade fornecida, de acordo ao nível de produção.

O produtor explica que, neste sistema, um dos desafios é ter um balanço de matéria seca, de forma que a dieta servida nos cochos não satisfaça plenamente os animais, fazendo com que os mesmos busquem o concentrado dentro dos robôs. “Vários técnicos nos falaram que a ingestão máxima de concentrado dentro do robô era de 7,5 quilos. Mas isso não se confirmou aqui na fazenda, onde a média de consumo está em 9,1 quilos, com o lote de alta produção consumindo 10 quilos por dia (o máximo fornecido pelo robô)”, diz João Guilherme.

A grande característica do sistema robotizado está na voluntariedade dos animais para irem à ordenha. No entanto, existe um controle muito bem planejado, de forma que não recebam concentrado indiscriminadamente nos robôs. As vacas utilizam colares com dispositivos e, ao passarem pelos sensores dos robôs, a quantidade disponível de concentrado para cada uma é informada pelo software, que também controla a liberação para ordenha - baseado no volume de produção e tempo desde a última ordenha. “O nosso sistema permite que a vaca entre no robô. Mas não necessariamente ela será ordenhada. Isso depende do quanto ela está produzindo, e há quanto tempo ela foi ordenhada pela última vez”, explica João Guilherme. O número médio de ordenhas por vaca é de 3,1.


Tecnologia que agrega

O sistema robotizado oferece dados individualizados não só dos animais, como também de cada quarto mamário, como produção, condutividade, presença de sangue, entre outros parâmetros. Com isso, casos de mastite subclínica, por exemplo, são identificados muito precocemente, o que permite rápida intervenção e controle. Para que o sistema funcione adequadamente, tudo tem que ser padronizado, e isso engloba desde o horário de parada para limpeza, manutenção, até o treinamento e capacitação dos funcionários, adaptação dos animais, entre outros ajustes necessários.

Os procedimentos de ordenha dos equipamentos incluem a pré-limpeza dos tetos com água, um pré-dipping com solução de iodo, a ordenha propriamente dita, com a colocação individual das teteiras, e finalmente uma aplicação de pós-dipping.

Quando é detectado um caso de mastite durante a ordenha, o leite é automaticamente desviado para outro reservatório (unidade de separação) e o sistema faz uma limpeza de todo o equipamento (teteiras, tubos de leite, unidade final, etc). O mesmo ocorre quando é ordenhada uma vaca que está em tratamento com antibiótico ou outro medicamento que exija o descarte do leite (apesar que, no caso desta propriedade, optou-se por ordenhar separadamente os animais em tratamento, pela disponibilidade de mão de obra e outro equipamento de ordenha em funcionamento). Todos esses procedimentos garantem a qualidade do leite, ausência de antibióticos e evitam a contaminação entre os animais.

Além de casos de alteração no leite, o sistema também sinaliza qualquer falha ocorrida, como queda de energia, falhas no equipamento, falta de produtos de limpeza, entre outras. Os recursos humanos na atividade leiteira são um desafio, e o sistema robotizado é uma alternativa para o produtor de leite que busca melhorar a qualidade das atividades e a eficiência produtiva da sua propriedade e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida das pessoas envolvidas no negócio. De acordo com o produtor, para o nível atual de produção são necessários 4 funcionários. “Temos que ter 1 pessoa encarregada por gerenciar o sistema, uma para limpeza das camas e outra responsável pelo trato. Além disso, um funcionário para cobrir as folgas”, explica o produtor. Atualmente, a fazenda emprega 9 funcionários, considerando a ordenha, limpeza dos galpões e camas, o bezerreiro, lavoura, manejo do gado jovem, entre outras funções.

A meta contemplada no projeto é produzir, diariamente, 2.400 litros por robô. “Não penso em número de vacas por robô, mas sim em litros ordenhados por robô”, diz o produtor, enfatizando que sua atenção sempre esteve voltada para a produtividade dos animais. “A produtividade das vacas está relacionada a três principais fatores: desempenho reprodutivo, nutrição adequada e boa condição corporal, principalmente pernas e pés. As vacas precisam parir, ter boa conversão alimentar e cascos sadios que permitam fácil locomoção”, afirma João Guilherme.

Nesse sentido, foram feitos investimentos também em uma sala de manejo, com tronco casqueador, e o tratamento preventivo dos cascos é realizado de forma rotineira nos animais. “Idealmente, deveríamos conduzir diariamente aos robôs cerca de 5% dos animais. Nesta fase de adaptação estamos conduzindo 15% das vacas, e para atingirmos a meta de 5%, tanto as vacas quanto as pessoas que as manejam devem estar bem treinadas. Tudo deve estar ‘redondo’ e funcionando. Este aspecto do bom funcionamento sistêmico é, ao mesmo tempo, um grande desafio, mas revela-se uma grande oportunidade”, diz o produtor. “Não adianta investir em genética se a fazenda não disponibilizar uma boa nutrição, sanidade, conforto e manejo para seus animais”, ressalta João Guilherme.





Reprodução e genética

Um intenso trabalho reprodutivo foi feito na fazenda, com uso de biotécnicas como fertilização in vitro (FIV), resultando num grande excedente de animais jovens. Atualmente, a fazenda possui cerca de 400 cabeças entre bezerras e novilhas. “Fizemos muitos descartes no intuito de iniciar este novo projeto com animais totalmente capazes de se adaptar, e que fossem produtivos o suficiente para obtermos o retorno esperado”, explica o produtor. “Além disso, a venda de animais em leilões durante o ano, principalmente novilhas prenhas e tourinhos, compõe uma outra fonte de renda da fazenda, e por esses motivos intensificamos os nascimentos”, conta João Guilherme.

O produtor é quem faz os acasalamentos, sendo que a grande maioria dos touros utilizados são genômicos. Nas novilhas, opta-se pelo uso de sêmen sexado. A escolha dos touros leva em conta os critérios de vida produtiva, saúde, pernas e pés e úberes. “Tenho observado muito o temperamento animal também. É impressionante como na ordenha robótica este é um quesito determinante. Vacas saudáveis, com apetite, dóceis - mas ao mesmo tempo determinadas - fazem uma grande diferença no sistema”, ressalta.

A médica veterinária Monique Faure é a responsável pelo manejo reprodutivo dos animais. Há 10 anos na fazenda, Monique é uma das técnicas que auxilia o produtor nas condutas e decisões diárias. As novilhas entram em serviço por volta dos 15 meses. A inseminação é feita com base na observação de cio, utilizando protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) apenas em momentos específicos, como por exemplo, no intuito de multiplicar determinada genética, ou para recuperar atrasos em prenhez.

Já no manejo reprodutivo das vacas, os protocolos de IATF são utilizados com frequência. As vacas recém-paridas são acompanhadas de forma constante, visando identificar precocemente problemas metabólicos e intervir o mais rápido possível. Após o período voluntário de espera, de cerca de 65 dias, as vacas voltam ao serviço, sendo submetidas a protocolos de IATF.

“Os índices reprodutivos deste rebanho sempre foram muito bons. Temos um trabalho de muitos anos na propriedade, fazemos o acompanhamento semanal, e estamos atentos a qualquer problema com os animais. Agora, com a mudança de sistema, tivemos uma queda esperada nas taxas, devido ao período de adaptação dos animais”, diz Monique, explicando que a taxa média de concepção estava acima de 60%, e com o estresse da mudança caiu para 28%, estando agora em 42%. “E continua subindo, assim como a produção por vaca. Então, o que vemos, é que estamos no caminho certo, e isso é o que mais importa. Toda mudança gera estresse, e estávamos preparados para isso”, afirma.

João Guilherme ressalta que a fazenda busca manter um fluxo regular de partos por mês. “Isso facilita o manejo e mantém a taxa de lotação equilibrada nos galpões, assim como a produção diária”, diz.

“Nós, técnicos e funcionários, também estamos entrando no ritmo dos robôs. Agora são eles que ditam nosso horário de trabalho”, brinca a veterinária, contando que o manejo do gado é feito nos momentos em que os robôs estão em limpeza ou manutenção, evitando atrapalhar a nova rotina das vacas. “Novos POPs (Procedimento Operacional Padrão) estão sendo implementados, no sentido de respeitar o ritmo das vacas e melhorar a eficiência do sistema”, explica.

Em relação aos resultados obtidos após a implementação do novo sistema, ela afirma que a fazenda, num modo geral, está numa linha ascendente, melhorando os índices produtivos e reprodutivos, identificando e reduzindo significativamente os casos de mastite subclínica e problemas de cascos, além de obter um maior número de dados e informações gerenciais. “Ou seja, estamos atuando melhor nos pontos mais críticos do manejo do gado leiteiro”, enfatiza a veterinária.

Quanto ao perfil do rebanho, a prioridade do plano genético da fazenda é saúde, principalmente vida produtiva. “Também buscamos touros com alta fertilidade das filhas, além de boa conformação, já que participamos também de pistas de julgamento e leilões”, explica João Guilherme.

A fazenda participa de exposições da raça Holandesa, tendo conquistado diversos títulos nas principais pistas de julgamento do país. O rebanho é 100% registrado pela Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa. No último mês de dezembro, o técnico da APCBRH, Pedro Guimarães Ribas Neto, esteve na fazenda para fazer a classificação linear para tipo dos animais. A média da avaliação foi 86,7, sendo que a maioria das fêmeas avaliadas são primíparas.

Em prol da raça Holandesa

A participação de João Guilherme Brenner em diretorias das entidades da raça Holandesa iniciou-se na Associação Paranaense (APCBRH), como 1o vice-presidente, há 15 anos. Desde então, o produtor esteve envolvido em ações em prol da raça e dos criadores.

Em maio de 2015, João Guilherme assumiu a presidência da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, em um mandato de 2 anos. “Nossa diretoria é muito bem representada, com as filiadas trabalhando de forma alinhada, e desta forma é muito mais rápida a obtenção dos resultados esperados”, ressalta.


A ABCBRH subdelega a suas filiadas regionais o controle leiteiro e classificação pra tipo, tendo como função o gerenciamento técnico e zootécnico das mesmas. “O papel da ABCBRH é realizar auditorias para garantir que os registros genealógicos sejam feitos corretamente, assim como todos os processos realizados”, explica João Guilherme. “Trabalhamos com algumas premissas, sendo a principal delas valorizar a vaca holandesa, o que é possível expressando em seu registro as informações mais robustas”, diz o produtor. “Temos que atuar também para tornar o Brasil um país competitivo no mercado mundial, envolvendo também instituições públicas e privadas. Além disso, buscamos estreitar o relacionamento com associações internacionais da raça, visando divulgar os trabalhos feitos nos rebanhos brasileiros, valorizando nosso rebanho”, enfatiza.



Investimento na atividade


“Para fazer uma mudança sistêmica é preciso estar preparado para as dificuldades e para os problemas iniciais que, inevitavelmente, vão aparecer. Calma nesta hora é fundamental. Revisitar as premissas do projeto e refletir sobre os processos chave que levam ao resultado é uma boa prática. No caso em questão, vencemos a fase de adaptação e estamos colhendo os primeiros resultados positivos; o pay back do projeto irá acontecer”, ressalta João Guilherme, afirmando que todos os investimentos do novo projeto foram muito bem planejados. “Cumprindo as metas de produtividade, o investimento se pagará no prazo determinado. Para isso, temos que manter 180 vacas em lactação, com produtividade mínima de 37 litros/vaca/dia”, diz.

O produtor considera a atividade leiteira muito promissora. “Como a maioria das cadeias produtivas, a atividade leiteira está sentindo as influências diretas do câmbio, e das condições econômicas do país. Mas os impactos não são só negativos. Essas ocasiões nos obrigam a ser cada vez mais eficientes, ter controle dos processos, gerenciar melhor não só os custos, como também as rotinas, os investimentos, a equipe”, afirma o produtor.

Sobre o mercado, o Presidente da ABCBRH afirma que o setor lácteo brasileiro precisa voltar seus esforços para ser um país exportador. “E para isso, precisamos fazer nosso dever de casa, principalmente em relação à sanidade animal e qualidade do leite. Isso depende de conscientização dos produtores, assistência técnica, políticas públicas e privadas. A produção está crescendo, e certamente temos condições de ter volume excedente para exportação”, ressalta.

Pensando no futuro e possíveis planos de expansão, João Guilherme diz que não pretende aumentar o rebanho e as instalações nas terras da Fazenda Engenho Velho, mas considera sim novos investimentos em outras áreas. “Quero fazer deste projeto, que é um piloto, um local de referência em produtividade e rentabilidade, para que produtores, estudantes e demais interessados venham conhecer e aprender sobre a atividade leiteira. Mostrar não só o que fazemos bem, como também nossos pontos críticos, o que estamos trabalhando para melhorar, enfim, mostrar a realidade de um sistema produtivo, na prática”, conta o produtor.

Com sua experiência corporativa, João Guilherme conduz a propriedade de forma totalmente empresarial, visando sempre aumentar a rentabilidade e ter maior controle das rotinas. Neste sentido, a ordenha robotizada também agregou muito. “No meu caso, que não estou diariamente na fazenda, um sistema que me permita acompanhar 24 horas por dia a produção, à distância, é uma ferramenta incrível”, enfatiza.

A Fazenda Engenho Velho é um ótimo exemplo de como a tecnologia e o manejo de precisão, aliados a uma equipe comprometida, podem contribuir com a atividade e alavancar a eficiência produtiva. Sem dúvida, são investimentos com retorno garantido.

*Esta matéria foi publicada na edição de janeiro/2016 na Revista Leite Integral.

MARLIZI M. MORUZZI

Coordenadora de Conteúdo do EducaPoint

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