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Estratégias de coordenação da cadeia da carne ovina e a qualidade de carne

POR LETICIA DE ABREU FARIA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/08/2008

6 MIN DE LEITURA

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A ovinocultura nacional caracterizada pelo efetivo rebanho nordestino e pela tradicional produção de lã na região sul vem se expandindo para o sudeste e centro-oeste, que são regiões caracterizadas pela tradicional bovinocultura de corte e pela crescente expansão das áreas destinadas à agricultura o que interfere no desenvolvimento exigindo profissionalismo para atingir competitividade no mercado.

Recentemente no Rio Grande do Sul, estado detentor do maior rebanho brasileiro, a ovinocultura era dirigida para a produção de lã, porém os baixos preços nos mercados internacionais contribuíram para a redução de seu rebanho e conseqüentemente, o da região sul do país. Mas recentemente, os ovinocultores viram na indústria de cordeiros uma alternativa mais rentável (RIBEIRO et al., 2002).

O crescimento da atividade destinada à produção de carne foi estimulado principalmente pelo baixo preço da lã, a crescente demanda de carnes alternativas pelo mercado consumidor e pela alta rentabilidade econômica que a exploração desta atividade proporciona ao criador (OLIVEIRA et al. 2003).

O rebanho ovino mundial é estimado em 1,07 bilhão de cabeças e vem apresentando redução em números absolutos em torno de 10,7% desde 1990, em contrapartida a produção destinada à carne tem aumentado (FIRETTI, 2007). Em 2005 foi estimado um rebanho nacional equivalente a 15.628.452 cabeças (ANUALPEC, 2007) o que, representou crescimento de 5,45% em 5 anos.

Esse crescimento esta relacionado à expansão da atividade nas regiões Sudeste (51,76%), Centro-Oeste (35,1%), Norte (33,7%), Nordeste (17,35%) exceto no sul do país, em que houve redução do rebanho em cerca de 20%. A expansão da atividade tem influenciado o surgimento e especialização das indústrias de bens de capital, de produtores e a implantação de plantas frigoríficas especializadas. Esses fatores acarretam o aumento da especificidade dos ativos e conseqüentemente, implicam em maiores riscos para o mercado concordando com Azevedo e Silva (2002) em que, a exigência de um produto com especificações precisas de qualidade pode implicar na elevação da especificidade dos ativos envolvidos na transação.

A ausência de organização dos produtores e de coordenação da cadeia pode favorecer a ocorrência dos abates clandestinos. Segundo Azevedo e Bankuti (2007), a ilegalidade derivada da evasão fiscal implica, além da redução de transferência de recursos para o Estado, perdas sistêmicas diversas que ultrapassam a concorrência desleal entre empresas especializadas e as clandestinas, como por exemplo, a ingestão de carne contaminada.

Os esforços para a elaboração de normas e portarias têm entre seus objetivos inibir e extinguir o abate ilegal, porém ainda não há eficácia avaliada, além de que freqüentemente desconsideram as particularidades do funcionamento de mercados informais, o que pode conduzir a políticas equivocadas.

O aumento da procura por quantidade e qualidade de carne ovina tem acarretado maior demanda por carcaças de conformação adequada e, conseqüentemente aumentado a exigência relacionada à eficiência produtiva da "porteira para dentro" e das estruturas frigoríficas ociosas relacionadas ao conflito de informações e interesses entre ovinocultor-frigorífico, o que retarda o estabelecimento da cadeia, além de encarecer e prejudicar a qualidade do produto final.

As preposições da Nova Economia Institucional regem que a escolha da estrutura de governança dependerá da estratégia de qualidade a ser adotada, que pode alterar os atributos de transações (especificidade dos ativos, incerteza e freqüência) conduzindo a mudança da estrutura de governança.

Esta seqüência de fatores poderá modificar as estratégias de qualidade através da adoção de estruturas hierárquicas (integração vertical) ou formas híbridas (contratos idiossincráticos) em vez de, utilizar-se do mecanismo do mercado spot (AZEVEDO e SILVA, 2002).

Neste aspecto é passível a comparação com a cadeia da carne bovina, apesar da carne ovina ser limitada ao mercado interno, o segmento consumidor também vem sendo responsável por proporcionar mudanças mercadológicas altamente relacionada à exigência de qualidade e segurança alimentar.

Deste modo, Faria e Silva (2006) relataram a crescente demanda por carne de ovinos em cortes padronizados ou produtos processados, embalados e comercializados de forma resfriada ou congelada, principalmente em áreas habitadas pelo segmento populacional detentor de maior poder aquisitivo.

Visando atender as exigências mercadológicas há tendência de verticalização pelas empresas, assim já é possível verificar a existência de frigoríficos com produção própria ou proveniente de acordos com criadores, o que garante o fornecimento em quantidade e qualidade.

O usufruto da estratégia de diversificação na cadeia da carne também já é verificado através de frigoríficos com plantas direcionadas ao abate de bovinos que vem sendo utilizados para abater ovinos e também, a estratégia de diferenciação com a inserção de produtos como, cortes de cordeiro com padrões de qualidade para mercados consumidores específicos.

Há fortes evidências da preferência do mercado consumidor por carnes obtidas do cruzamento industrial, sendo que este conduz vantagens para os criadores na obtenção de melhores índices zootécnicos, além de implicar na economia dos parâmetros produtivos obtendo-se melhor remuneração por qualidade.

Apesar desta visão, há dificuldades na obtenção de animais padronizados entrando em contradição com Azevedo (2001) de que quando um fornecedor vende uma mercadoria de qualidade inferior esta colocando em risco a continuidade de contrato.

Entraves de comercialização enfrentados no mercado interno, como o hábito de consumo limitado, alto custo de produção, dificuldades de padronização, competitividade com abatedouros clandestinos e atuação de produtos procedentes do Uruguai embaraçam o estabelecimento da cadeia da carne ovina no Brasil e as possibilidades de exportação.

As estratégias realizadas para a coordenação da cadeia, além de beneficiar o funcionamento da atividade para todos seus segmentos, acarreta o avanço nos atributos de qualidade da carne.

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