ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Efeito de dietas de diferentes níveis de energia no desenvolvimento da glândula mamária até a puberdade

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/06/2008

6 MIN DE LEITURA

2
0

Atualizado em 27/10/2022

É sabido que dietas de alta energia permitem que novilhas leiteiras apresentem rápido crescimento, permitindo emprenhar mais rapidamente, reduzindo de maneira considerável o custo associado com a criação de novilhas para a reposição de vacas a serem descartadas no rebanho. Entretanto, segundo pesquisas científicas, o crescimento da glândula mamária em relação ao crescimento corporal, quando bezerras entre 2 e 10 meses de idade são alimentadas com dietas com alta energia, promove ganhos maiores que 1 kg/dia durante um período de 12 ou mais semanas, o que pode ser um problema e pode vir a comprometer a produção de leite.

Vários estudos têm indicado que aumentando o consumo de energia de bezerras durante um período curto de tempo, no máximo de 8 semanas, pode promover o desenvolvimento mamário e potencializar a futura produção de leite. Quando se aumentou o consumo de energia entre a segunda e a oitava semana de idade, aumentou-se o crescimento corporal, o tecido parenquimal mamário e o teor de DNA e RNA mamário, acusando maior capacidade de produção de leite quando adulto.

Ainda, avaliando a cria e recria de bezerras leiteiras, um estudo constatou que bezerras amamentadas até a sexta semana tiveram maior ganho de peso (0,86 kg/dia) quando comparada com bezerras recebendo sucedâneos do leite (0,56 kg/dia), e tenderam a produzir maior quantidade de leite na primeira lactação. Ainda, as bezerras quando alimentadas com leite tiveram maior peso vivo, mas o tamanho esquelético foi o mesmo quando comparado ao outro grupo recebendo sucedâneos.

Outro sistema de criação consiste na alimentação com dieta de alta energia por dois meses e dieta com energia restrita por três meses, que também resulta em aumento da concentração mamária de DNA e RNA, de proteína e aumento da produção de leite quando adulto. Entretanto, este tipo de resposta para este tipo de alimentação ainda tem seus mecanismos desconhecidos. Uma possibilidade é que o crescimento dos tecidos da glândula mamária de pré-ruminantes e novilhas jovens responde diferentemente quando os animais são alimentados com dietas com alta energia por um período curto de tempo, comparado com um período longo de tempo.

Tendo em vista tantas dúvidas e desencontro de informações, um recente estudo publicado em revista de renome internacional, estudou os efeitos da alimentação antes da puberdade de bezerras leiteiras alimentadas com dietas de alta energia por um período curto ou longo de tempo, avaliando-se o crescimento e a composição da glândula mamária. Foram usadas no estudo 68 bezerras Holandesas de 2 meses de idade divididas em 4 grupos de 17 animais. Todos os grupos foram adaptados durante 3 semanas para se ajustarem as dietas experimentais. Na décima primeira semana, uma bezerra de cada grupo foi sacrificada para mensuração da taxa de crescimento do tecido mamário e as demais 16 foram blocadas por peso para receber os tratamentos.

Os tratamentos foram:
1. Dieta de baixa energia por 12 semanas sem nenhuma semana com dieta de alta energia.
2. Dieta de baixa energia por 9 semanas seguido de dieta de alta energia por 3 semanas.
3. Dieta de baixa energia por 6 semanas seguido de dieta de alta energia por 6 semanas.
4. Dieta de alta energia por 12 semanas.

A dieta de baixa energia foi formulada para permitir 0,6 kg de ganho médio diário, com 10% de palha, 33% de silagem de alfafa, 33% de aveia e 24% de concentrado. Esta dieta continha 0,72 Mcal de energia líquida para ganho, 16% de proteína e 45% de FDN. A dieta de alta energia permitia ganho médio diário de 1,2 kg, formulada com 20% de silagem de alfafa, 20% de silagem de milho e 60% de concentrado. Esta dieta continha 1,2 Mcal de energia para ganho, 18% de proteína e 23% de FDN.

As dietas eram fornecidas a vontade e na forma de ração total e as novilhas foram sacrificadas com 23 semanas de idade para novas avaliações do desenvolvimento da glândula mamária.

Na Tabela 1 são apresentados o peso vivo corporal e o peso vivo da carcaça. Pode-se observar que as dietas mais ricas em energia proporcionaram maior peso vivo e maior peso de carcaça das bezerras.

Tabela 1. Peso vivo corporal e característica da carcaça de novilhas alimentadas com rações de diferentes concentrações energéticas.


Na Tabela 2 são apresentados os dados de composição da glândula mamária.

Tabela 2. Composição da glândula mamária de bezerras alimentadas com ração com diferentes concentrações de energia.


A alimentação com maior energia não causou variação na quantidade de gordura livre ou de DNA. Entretanto, as bezerras alimentadas com dietas de alta energia por longo tempo tiveram maior peso corporal e maior peso de carcaça.

Quando se analisou os dados de composição da glândula mamária em relação ao peso ajustado da carcaça, a alimentação com dieta de alta energia, antes da puberdade, resultou em um aumento linear da massa de gordura mamária, demonstrando prejuízo para a mamogênese, quando alimentadas com esse tipo de dieta por 12 ou mais semanas. Muitos outros estudos têm demonstrado que bezerras e novilhas alimentadas com dietas de alta energia têm seu desenvolvimento acelerado e grande acúmulo de gordura no úbere.

Por outro lado, algumas outras pesquisas têm demonstrado resultados bastante interessantes. Um estudo avaliando o efeito do ganho compensatório concluiu que um regime alternativo de alimentação com duração de 2 meses e 25 a 30% acima da recomendação, seguido de um regime de alimentação de 3 a 5 meses com 20 a 30% abaixo da recomendação, pode aumentar o potencial de lactação das novilhas. Os mecanismos envolvidos neste tipo de resposta para esse tipo de manejo ainda são desconhecidos.

Considerações finais

O crescimento e o desenvolvimento da glândula mamária de bezerras e novilhas leiteiras são cruciais para a produtividade, uma vez que o número de células do epitélio mamário é o maior fator determinante da produção de leite.

Antes da puberdade, a glândula mamária cresce mais rápido do que o restante do corpo, diferentemente do que ocorre após a puberdade, onde o crescimento é isométrico. Embora o impacto da massa de tecido parenquimal e do teor de DNA até a puberdade ainda não tenham sido claramente demonstradas, vários estudos tem demonstrado que o desenvolvimento da glândula mamária nesta faze é um fator de grande importância para a produção de leite. Assim, sistemas de manejo que diminuam a taxa de crescimento do úbere ou acelere a puberdade poderá afetar negativamente a produção de leite.

No estudo aqui relatado, concluiu-se que aumentando a energia da dieta por curta duração de tempo, não melhorou o crescimento mamário, mas inibiu consideravelmente o crescimento mamário relativo ao crescimento corporal, de forma tempo-dependente, quando a dieta de alta energia foi oferecida por longo período de tempo.

O aumento no peso corporal e no peso da carcaça, sem proporcional aumento da glândula mamária, poderá resultar em menor tecido parenquimal mamário a puberdade, decorrente do maior ganho médio diário, fazendo com que os indivíduos cheguem a puberdade mais jovens, fato este que pode reduzir o potencial de produção de leite destas fêmeas.

Assim, deve-se evitar que as futuras produtoras de leite da fazenda ganhem acima de 1 kg/dia durante essa fase da vida, a fim de evitar redução da produção de leite quando adultas.

Fonte:
Adaptado de:
DAVIS RINCKER, L.E.; WEBER NIELSEN, M.S.; CHAPIN, L.T.; LIESMAN, J.S.; DANIELS, K.M.; AKERS, R.M.; VANDEHAAR, M.J. Effects of Feeding Prepubertal Heifers a High-Energy Diet for Three, Six, or Twelve Weeks on Mammary Growth and Composition. Journal of Dairy Science, Savoy, v. 91, p.1926-1935, 2008.

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

2

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

LUCAS REICHELM COSTA

PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/09/2017

Bom texto Junio Cesar. Tenho apenas um dúvida, saberia me dizer qual a composição do sucedâneo que foi utilizado nos estudos citados no texto?



Obrigado!
ODIR GIRARDI

CONCÓRDIA - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/06/2008

Eu tenho em minha propriedade, como alimentação do meu rebanho, grama hermatria e capim pioneiro, sendo adotado o método de rotação de piquetes, pois eu não quero utilizar ração, que se torna muito cara. Eu trabalho com a raça jérsei e quero implantar o trevo branco sobre a pastagem, mas eu utilizo como fertilizante dejeto de suínos já passado pelo bio gás. Queria saber se o dejeto mata o trevo, se a minha pastagem está completa e se tem como eu trabalhar sem ração.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures