Os vários estudos com monensina produziram resultados bastante variados. Alguns constataram uma redução no consumo de alimento, sem reduzir a produção de leite. Entretanto, o efeito da monensina sobre a produção de leite é variado. O comportamento mais comum é a redução nos teores de gordura do leite; entretanto, essa redução depende do perfil de carboidratos presentes na dieta. Isso ocorre porque existe um efeito associativo entre a monensina e carboidratos não estruturais da dieta, fato este que favorecerá a manter os teores de gordura do leite inalterados.
Assim, surgiu a idéia de se utilizar a monensina na forma de cápsulas de liberação controlada a partir da terceira semana antes do parto previsto, visando melhorar o consumo de alimento, a produção de leite e amenizar as mudanças de pH durante o período de transição e início da lactação.
As CLCM somente têm ação sobre o pH do rúmen quando o concentrado perfazer 75 a 92,5% da matéria seca da dieta. Dietas mais tradicionais, com 60 a 65% de concentrado na dieta, é esperado menor atuação da CLCM sobre o pH. A explicação para esse comportamento se dá pelo fato da dieta contendo alto grão acumula lactato no rúmen, o que acontece com maior freqüência com dietas contendo acima de 65% de concentrado. Portanto, a suplementação com monensina somente será efetiva para redução do pH ruminal quando as dietas produzirem quantidades significantes de ácido lático.
Estudos também demonstraram que a monensina aumenta o pH ruminal de vacas primíparas e não de vacas multíparas. Este efeito de ordem de parição pode ser resultado de uma grande adaptação da população microbiana do rúmen, das papilas do rúmen e da capacidade de absorção de ácidos graxos voláteis de vacas multíparas em detrimento às primíparas.
O efeito da CLCM sobre o consumo de alimento é de certa forma inconclusiva, pois hora diminui, hora aumenta o consumo de matéria seca. Entretanto, se segmentarmos a lactação em três fases, poderemos obter uma resposta um pouco mais palpável.
Embora existam estudos onde o fornecimento de monensina aumentou o consumo de alimento em vacas recém paridas, de certa forma, os estudos levam a concluir que vacas em início de lactação podem reduzir o consumo ao receberem monensina. Já, as chances de uma redução no consumo para vacas em estágio mediano ou final de lactação são menores.
Devemos lembrar que este comportamento depende ainda da relação volumoso:concentrado e do perfil de carboidratos presentes na dieta. A depressão nos teores de gordura causados pela monensina sempre foram menores nos estudos com rebanhos que tinham suficiente fibra, em comparação com rebanhos onde a fibra era insuficiente para manter a saúde ruminal, sugerindo que o efeito da monensina na produção de leite depende de fatores dietéticos.
Como o consumo pode ou não ser afetado pela suplementação com monensina, o mesmo pode-se esperar da produção de leite.
No estudo onde as CLCM foram introduzidas dentro do rúmen três semanas antes do parto, a produção de leite tendeu a aumentar até a sexta semana, quando se encerrou o experimento. Entretanto, esse aumento somente esteve estatisticamente correlacionado aos dias em lactação, e não aos tratamentos, conforme mostra a Figura 1.
Figura 1. Médias semanais da produção de leite diária de vacas recebendo placebo ou CLCM no período de pré-parto.
Neste mesmo estudo, o teor de gordura do leite teve um comportamento quadrático e o teor de proteína não foi afetado pelas cápsulas de liberação controlada de monensina.
Considerações finais:
Mais estudos são necessários para inferir com maior firmeza sobre a atuação das CLCM sobre os parâmetros acima relatados. Entretanto, com base nos conhecimentos vigentes, é de se esperar um efeito mais pronunciado deste tipo de suplementação quando a dieta apresentar proporções de concentrado acima de 65% da matéria seca, e com altos teores de carboidratos não estruturais.