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Efeito da suplementação de lipídios vegetais na composição do leite

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/12/2008

4 MIN DE LEITURA

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Com vistas à saúde pública, cada vez mais a pesquisa tenta modificar o perfil de ácidos graxos do leite de vacas, particularmente para conter menos ácidos graxos saturados de cadeia média e mais ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa. Uma maneira simples de alterar a composição dos lipídios do leite é suplementar as vacas com dietas contendo lipídios insaturados.

Nos últimos 40 anos, várias pesquisas têm sido publicadas discutindo esse assunto. As principais fontes desses lipídeos são os óleos de sementes, no Brasil principalmente o caroço de algodão e a soja grão, além da semente de girassol, mas esse último de menor importância. A Tabela 1 apresenta a composição destes alimentos.

Tabela 1. Composição média dos ácidos graxos (%) de alguns alimentos para bovinos.

Clique na imagem para ampliá-la.

Recentemente, uma revista de grande prestígio internacional, "The Journal of Dairy Science", publicou uma meta-análise muito interessante sobre o assunto, a qual será apresentado a seguir.

Segundo o artigo científico, quando se forneceu baixa quantidade de lipídeo suplementar, as quantidades e proporções dos ácidos graxos de cadeia curta (C4:0) não foram afetados. Mas, os ácidos de seis e 10 carbonos sofreram uma diminuição, exceto quando a suplementação foi feita com semente de girassol protegida da degradação ruminal.

A proteção procedida no grão de soja para evitar alta atividade ruminal e com isso reduzir o efeito deletério não foi bem sucedida, ou seja, não foi capaz de coibir a redução de ácidos graxos de seis e 10 carbonos, quando comparada com as formas não protegida de lipídios vegetais.

Observou-se que os ácidos graxos de cadeia média (C12:0; C14:0; C15:0 e C16:0) foram sempre diminuídos por todos os suplementos. O ácido graxo C12:0 é sempre o mais afetado de todas as formas. Os ácidos graxos C14:0 e C16:0 são normalmente os menos afetados.

Também, observou-se que os ácidos graxos C14:1; C16:1; C17:0 e C17:1 também foram diminuídos pela grande maioria dos suplementos, mas o C16:1 foi notadamente o menos afetado, sendo que na maioria dos casos ele não teve sua concentração modificada.

Por outro lado, as percentagens de C18:0 e C18:1 foram aumentados na presença dos suplementos lipídicos. A média de C18:0 nas dietas não suplementadas foi de 35%, enquanto que nas dietas suplementadas com lipídios o mesmo sofreu um aumento de 45 a 59%. Esse aumento foi muito constante e independente do tipo de suplemento utilizado.

Os ácidos graxos de 20 ou mais carbonos foram fracamente afetados pelos tratamentos estudados, ocorrendo pequenas reduções nas concentrações de C20:3, C20:4, C22:5 e C22:6.

Assim, normalmente os ácidos graxos de 4 e 6 carbonos reduzem linearmente. Os ácidos graxos de 10 e 14 carbonos reduzem linearmente ou quadraticamente. Normalmente, para uma suplementação média de 600 g/dia ocorre uma redução 4,5 a 5,8% nas concentrações de C10:0 e C14:0 do leite.

Os ácidos graxos de cadeia média, em especial o C16:0 diminuiu quadraticamente e em média de 5,7 a 10,1% do total de ácidos graxos, quando fornecidos na forma não protegida, e reduziram em 12,9% quando na forma protegida.

Os modelos predisseram um aumento a concentração de C18 em 11,5 a 20% do total de ácidos graxos. A semente de girassol foi capaz de aumentar a concentração de C18 mesmo quando fornecida em mais de 1 kg/animal/dia. Por outro lado, o grão de soja proporcionou um valor máximo de C18 quando fornecida entre 600 e 850 gramas/dia. De uma maneira geral, os modelos predisseram um aumento de C18 entre 3,6 a 5,6% no total de ácido graxo, para uma suplementação média de 600 gramas de lipídios. As percentagens de cis e trans C18:1 aumentou linearmente em cerca de 7% do total de ácido graxo.

Mais de duas décadas de pesquisas mostraram que o CLA (ácido linoléico conjugado) pode ajudar na redução de gordura corporal de forma muito significativa. Pesquisas mais recentes têm demonstrado também sua capacidade de manutenção e aumento de tecido muscular, o que é importantíssimo para manter um metabolismo acelerado. Seus efeitos antioxidantes também são muito conhecidos.

Em 02/01/2005 o jornal "O GLOBO" publicou uma matéria em que a chamada era a seguinte: "Para ajudar a queimar gorduras e a emagrecer, pílulas de CLA - viram febre de verão no Rio e em São Paulo". Em 07/02/2007 a revista "ISTO É" publicou a seguinte matéria: "Gordura do Bem - A capacidade do composto de reduzir lipídios está confirmada por várias pesquisas. Uma delas, feita na Universidade Estadual de Campinas, revelou uma diminuição de 18% do tecido adiposo em ratos alimentados com dieta rica na substância".

O interesse científico pelo CLA foi despertado em 1988, quando um pesquisador da universidade de Wisconsin descobriu determinadas propriedades do CLA relacionadas a manutenção da saúde. A partir daí, diversas pesquisas foram feitas com o CLA, e os resultados foram surpreendentes.

Neste estudo aqui apresentado, a meta-análise apontou que a percentagem de CLA aumentou linearmente no leite de vacas alimentadas com dietas suplementadas com lipídios, aumento este que variou de 3 a 5% do total de ácidos graxos do leite.

Considerações finais

Lipídios suplementares induzem a um aumento na percentagem de C18, resultado de um aumento na utilização pela glândula mamária de ácidos graxos de cadeia longa absorvidos no intestino e da diminuição da síntese mamária chamada de "síntese de novo".

A modificação da proporção e composição de ácidos graxos do leite mostra a sua grande plasticidade, fato este que pode ser usado em benefício da saúde humana, como no caso da redução dos ácidos graxos de 4 a 16 carbonos e aumento de ácido linoléico conjugado, de 18 carbonos.

Fonte:

Adaptado de:
GLASSER, F.; FERLAY, A.; CHILLIARD, Y. Oilseed Lipid Supplements and Fatty Acid Composition of Cow Milk: A Meta-Analysis. Journal of Dairy Science. 91:4687-4703, 2008.

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/07/2009

Prezado Thiago.
Recomendo ler os artigos de 17/10/2007 - Fontes alternativas de energia para bovinos leiteiros - parte 1 e de 28/03/2008 - Fontes alternativas de energia para bovinos leiteiros - Parte 6.
THIAGO

SANTO INÁCIO - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 27/06/2009

Boa tarde caro Junio.
Gostaria de saber sobre mais informações sobre o caroço de algodão na suplementação de vacas leiteiras.
Abraço.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/01/2009

Prezada Elídia.
Sim, existem vários estudos, tanto com bovinos como com caprinos. Procure nas revistas científicas nacionais, na base de dados do portal Scielo e na base de dados do CAB (através de IP de sua instituição de ensino) que você encontrará várias referências bibliográficas.
ELÍDIA ZOTELLI DOS SANTOS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 06/01/2009

Parabéns!

Muito interessante o tema.
E aqui no Brasil, há estudos sobre o CLA em questão de produção de leite, e composição?

Att,
MARCOS ANTONIO TEIXEIRA

TRÊS BARRAS DO PARANÁ - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/12/2008

Parabéns Dr. Martinez.
É deste tipo de trabalho, artigo que nós profissionais da extensão estamos precisando.Um artigo cientifico como este traz um enorme plus para nossa atividade e com certeza pode ajudar e muito na parte de marketing do leite. Mais uma vez parabéns.

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