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Efeito da concentração de potássio no balanço ácido-base de vacas no pré-parto

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/12/2009

3 MIN DE LEITURA

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Por questões éticas e econômicas, sistemas de produção de leite baseados em forragem estão aumentando em importância, particularmente nas produções orgânicas. Entretanto, o uso de chorume, a adubação química, bem como as características das forrageiras, resulta em alta concentração de potássio, e é sobre esse assunto que trataremos neste artigo.

As rações para vacas secas, durante o período de transição, geralmente são exclusivas de forragem, e/ou com pouco uso de concentrado, e portanto, a concentração de potássio na ração destes animais é alta. Essas dietas têm grande diferença cátio-aniônica dietética, e pode comprometer a homeostase de cálcio de vacas no pré-parto, levando a alcalose, que reduz a habilidade da vaca em manter o equilíbrio de cálcio. Considerando que outros minerais tais como o cálcio, o fósforo, o sódio e o cloro são usualmente suplementados com o fornecimento de minerais, para balanceamento da dieta, o potássio normalmente não é adicionado.

Alguns estudos têm demonstrado os efeitos das forragens com relação ao balanço ácido-básico contrastantes e no metabolismo mineral de vacas no pré-parto. Assim, como o potássio é alto na maioria das forragens, e sendo ele o maior cátion que determina o balanço cátion-aniônico dietético, pesquisas com vacas pré-parto são interessantes para se estabelecer estratégias de manejo neste importante período.

Para estudar esse assunto, dezesseis vacas com duas ou mais lactações completas e sem episódios anteriores de hipocalcemia, foram colocadas em dois tratamentos na seguinte maneira:

Pré-parto:
Tratamento 1 (K13): Dieta a base de feno com concentração de 13,4 gramas de potássio por kg de matéria seca, mais complemento com concentrado.
Tratamento 2 (K33): Dieta a base de feno com concentração de 33,0 gramas de potássio por kg de matéria seca, mais complemento com concentrado.
Pós-parto:
Todas as vacas receberam a mesma dieta com 33,0 gramas de potássio por kg de matéria seca e o concentrado.

O feno do tratamento 1 foi conduzido sem adubação e secado em piso, visando minimizar a concentração de potássio. Por outro lado, o feno do tratamento 2 foi adubado com nitrato de amônio e com chorume.

Os resultados foram bastante interessantes. Das oito vacas de cada tratamento pré-parto, duas vacas do grupo K33 e uma vaca do grupo K13 sofreram com hipocalcemia e foram excluídas do experimento. Uma vaca do grupo K13 ficou deitada no dia após o parto e foi tratada para hipocalcemia. As médias dos valores de concentração cátion-aniônica dietética no pré-parto estão demonstrados na Tabela 1.
Tabela 1. Ingestão efetiva de nutrientes durante o pré-parto de vacas alimentadas com diferentes concentrações de potássio no feno.



Observou-se que o consumo de alimento diário foi similar em ambos os grupos durante o período pré-parto. Exceto para o Cálcio, a ingestão efetiva de nutrientes foi diferente entre os tratamentos. O consumo diário diminuiu no grupo K33 (maior potássio) dois dias antes do parto (Figura 1). Após o parto, o consumo de alimento no grupo K13 (menor potássio) aumentou.

Conforme apresentado na Tabela 1, a diminuição do potássio fez diminuir também a concentração de cloro. O cloro é um forte ânion e tem uma importante influência no balanço cátio-aniônico dietético, tanto que a diferença entre os tratamentos foi alta (195 vs 514 mEq/kg de MS).



Figura 1. Variação no consumo de MS e na concentração sérica de Cálcio de vacas no pré-parto alimentadas com diferentes concentrações de potássio na dieta.


Considerações finais

Os resultados deste estudo indicaram que a diminuição no balanço cátion-aniônico dietético é possível através do fornecimento de alimentos com baixa concentração de potássio. Esta diminuição de 514 para 195 mEq/ kg de MS, induziu uma variação na homeostase ácido-base no pré-parto e reduziu a alcalose metabólica. Assim, a alimentação de feno com baixo potássio no pré-parto aumentou o consumo de alimento durante os primeiros dias após o parto e aparentemente teve um efeito positivo no balanço de cálcio e fósforo de vacas no início da lactação, ou seja, foi benéfico.

Fonte:

M. RÉRAT , M., A. PHILIPP, A., HESS, H. D. ,LIESEGANG, A. Effect of different potassium levels in hay on acid-base status and mineral balance in periparturient dairy cows. J. Dairy Sci. v. 92, p. 6123-6133.

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/02/2010

Prezado Sidney e prezado Walter,

Também sou agrônomo por formação e entendo um pouco de adubação. Mas, logicamente que a ideologia aqui apresentada não mudará toda a rotina de uma fazenda no tocante a adubação das pastagens, até porque, estamos nos referindo a um grupo específico de vacas, que compõem uma pequena percentagem do rebanho, e que portanto, não tem poder para tal. Notem também, que embora o feno do tratamento de baixo potássio não tenha sido cultivado com adubação deste elemento, o seu preparo não foi feito da forma convencional, e sim em piso, visando justamente evitar o contato com o solo. Então, o número de animais é pequeno (proporcionalmente falando), e os dias de alimentação também são poucos. Desta forma, acredito que a produção para atender a essa demanda não afetará de forma vertiginosa a adubação das pastagens como um todo, e sim, um talhão específico para produção de feno especificamente para vacas próximas do parto.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/02/2010

Prezado Alexandre,

O início da lactação impõe à vaca grande demanda por cálcio. Algumas vacas não conseguem se adaptar a esta súbita demanda e entram em quadro de hipocalcemia, chamado de paresia da parturiente, que reduz em 14% a produção total de leite na lactação, tem associação com outras doenças do período periparto, como distocia, retenção de placenta, cetose e mastite, reduz a vida produtiva da vaca leiteira em mais de 3 anos, e apresenta uma incidência de 8 a 9% em rebanhos leiteiros dos Estados Unidos. No Brasil, eu encontrei só um dado na literatura, de um único rebanho, que revelou incidência de 4,25%.
O uso de sais aniônicos, ou a manipulação do balanço catiônico-aniônico da dieta (BCAD) tem sido utilizado e apontado como um método efetivo na manutenção dos níveis de Ca durante a parição. Mas, tem trabalhos demonstrando que as vezes não se tem resultado. Em resumo, o problema é complexo. Talvez essa complexidade se deva ao fato de que somente os minerais sódio (Na), potássio (K), cloro (Cl) e enxofre (S) têm sido utilizados no cálculo do BCAD, devido a suas respectivas importâncias no metabolismo, que está associada à participação de cada elemento no balanço osmótico, balanço ácido-básico, mecanismo de bombeamento e integridade de membranas. Mas, e o papel dos outros minerais? Minerais como Calcio, fósforo (P) e magnésio (Mg), ainda não estão completamente entendido no equilíbrio ácido-básico, e talvez por isso ainda não somos capazes de elucidar por completo o problema. Por hora, a minha resposta seria, reduzir somente o teor de potássio ajuda, mas não elimina 100% das chances da vaca apresentar hipocalcemia.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/02/2010

Prezado Cláudio
Esse assunto já foi e ainda está sendo muito estudado pela comunidade científica. Existem vários trabalhos que não observaram resultados, e uma grande quantidade que observaram efeito desse tipo de manejo. Tentando tomar partido na história, talvez o efeito preventivo da dieta aniônica sobre a hipocalcemia subclínica seje mais presente quando a dieta apresenta altos níveis de Calcio, por exemplo 1,2% na dieta. Digo isso porque em alguns estudos onde não foi observado efeito, o nível de Ca na dieta aniônica ficava por volta de 0,70%. Eu, por enquanto, continuo acreditando que o manejo catio-aniônico promove bons resultados e pode ser empregado com sucesso.
WALTER JARK FLHO

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/01/2010


Como agrônomo e produtor de leite (Produção a pasto ) gostaria de fazer algumas observações a respeito. O K tem importantes funções na planta. Cito apenas algumas diretamente relacionadas as forrageiras :
- Síntese de proteinas;
-Reserva de carboidratos nas raizes de forrageiras ,melhorando sua capacidade de rebrota;
-Teor de açúcar (muito importante na cana )
-Resistência a doenças;

-Resistência a doenças

Como extensionista tenho observado que a maioria dos produtores que adotam sistema rotacionado, adubam exclusivamente com adubos nitrogenados . A partir de um determinado momento ,a resposta ao N tem sido muito pequena. As análises de solo revelam baixos teores de K . Tenho recomendado adubações em que a relação N:K é de 1:1 com exelentes resultados. Vale ressaltar que o K é o elemento retirado em maior quantidade ,em forrageiras. Com essa medida ,e com pastoreio rotacionado, há uma tendência de se manter o K em níveis adequados no solo.
A dúvida que fica ,conforme relato do autor , é o nível adequado na forrageira para não causar problemas aos animais. Dados de literatura mostram que o teor adequado de K na forrageira para um bom desenvolvimento, está em torno de 1,5 %. A pergunta que faço é : Este é tambem um bom teor para os animais ?

Walter
SIDNEY LACERDA MARCELINO DO CARMO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 23/12/2009

Prezado Martinez,

Em virtude de estudos de várias análises de solo que chegam as nossas mãos de produtores rurais que se encontram dentro da realidade da maioria, isto vem a constatar que potássio não é um fator limitante de produção de forragem ( com excessão para produção de milho silagem). A maioria das análises de solo que tenho visto o potássio se encontra de bom a ótimo e os nutrientes limitantes encontrados são Ca, Mg e fósforo considerando os macronutrientes ( Minas Gerais). Como estratégia poderia se sugerir adubações sem potássio barateando o custo da adubação.

Grato


Sidney
ALEXANDRE M. PEDROSO

PIRACICABA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 21/12/2009

Martinez, muito bom o artigo. Qual o nível de produção das vacas avaliadas? Você acredita que a redução no teor de potássio da dieta de vacas no pré-parto é suficiente para reduzir a incidência de hipocalcemia em animais de alta produção?

Abs,

Alexandre M. Pedroso
CLÁUDIO HENRIQUE OLIVEIRA DE CARVALHO

CÁSSIA - MINAS GERAIS

EM 15/12/2009

Caro sr. Martinez. Inicialmente, gostaria de parabenizar pela matéria. Trata-se de tema muito interessante e, muitas vezes, pode se tornar complexo.
Em nossas orientações técnicas muitas vezes há grande dificuldade em termos de manejo nutricional, principalmente nessa época do ano, quando o desafio pelo potássio é alto, pois há incidência de altos teores de brotações nos piquetes. Isso dificulta o balanço cátion-aniônico da dieta, sem dúvida.
Você tem procedimento diferenciado em relação à dieta no pré parto quando se trata de primíparas? Pode-se observar que, no experimento citado, somente multíparas foram utilizadas. Há algumas linhas de pesquisa demonstrando que devemos trabalhar com dietas catiônicas para primíparas. Qual sua opinião a respeito?

Obrigado e abraços.

Att.,

Cláudio H. O. de Carvalho.
Zootecnista.

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