Entretanto, recomenda-se no máximo 5% de inclusão de gordura nas dietas, pois proporções maiores que esta podem diminuir o consumo de alimento e anular o efeito do aumento da concentração de energia. Isso abre um pressuposto de que o entendimento dos efeitos da suplementação de gordura sobre o consumo de matéria seca (CMS) é necessário para desenvolvimento de apropriadas estrategias de suplementação.
Os pesquisadores Weiss e Pinos-Rodríguez, do Departamento de Zootecnia do Centro de Desenvolvimento e Pesquisa em Agricultura, da Universidade do estado de Ohio-EUA, hipotetizaram que se oferecessem gordura para vacas recebendo dieta com alta forragem, poderia aumentar o consumo de energia sem afetar o CMS, porque o enchimento ruminal poderia ser o regulador primário do CMS. Por outro lado, caso a gordura fosse adicionada a uma dieta com baixa forragem, o CMS poderia ser reduzido mas o consumo de energia poderia ser mantido, uma vez que a demanda por energia seria o regulador primário.
Utilizaram 72 vacas agrupadas por ordem de parto e data de parição. As dietas tinham 40 ou 60% de forragem e 0 ou 2,25% de gordura, e observaram que as vacas recebendo dieta com menor percentagem de forragem consumiram mais MS (24,8 vs 23.5 kg/dia), do que as vacas alimentadas com alta proporção de forragem. E, a adição de gordura não afetou o CMS, embora numericamente o tratamento suplementado e com baixo teor de forragem teve valores numéricos maior em boa parte do experimento.
Os dois pesquisadores constataram que a ingestão de energia líquida para lactação foi maior para as vacas que receberam a suplementação com gordura, mas esse comportamento somente aconteceu no início do experimento. A medida que as vacas foram avançando na lactação e distanciando do parto, o CMS foi aumentando e com isso, diminuindo tal efeito, demonstrando que existe uma interação entre suplementação com gordura e estágio de lactação. Tal efeito foi mais proeminente na dieta com baixa forragem, sugerindo que também ocorreu uma interação com o nível de forragem na dieta.
A produção de leite aumentou somente na interação para a dieta com baixa percentagem de forragem e suplementada com gordura, conforme apresenta a Tabela 1. Os tratamentos não afetaram as concentrações de gordura, proteína e lactose do leite, entretanto, as dietas com menor proporção de forragem proporcionaram maiores produções de lactose e proteína.
Tabela 1. Efeito da suplementação com gordura e relação volumoso:concentrado no consumo e produção de vacas leiteiras.
Considerações finais
Substituição de forragem por misturas de subprodutos ou substituição de milho grão por gordura, resulta em aumento da ingestão de energia. O efeito da forragem pode ser causado pelo aumento no consumo de alimento, e da gordura pelo aumento na densidade energética.
Normalmente em dietas de alta forragem, quando se suplementa com gordura, o aumento na ingestão de energia é direcionada principalmente para reservas corporais, enquanto que em dietas de baixa forragem, esse mesmo tipo de suplementação vai principalmente para a produção de leite.
Fonte: Weiss, W.P., Pinos-rodríguez, J.M. Production responses of dairy cows when fed supplemental fat in low- and high-forage diets. J. Dairy Sci. v.92, p. 6144-6155, 2009.