Alguns países têm poucos animais enquanto em outros há uma população elevada. O tamanho dos rebanhos varia de algumas a centenas a milhares de cabeças. As razões para estas concentrações são explicadas por fatores geográficos, históricos e comerciais. Em alguns países, a produção e a exportação de carne e lã foi economicamente importante, quando havia uma demanda por estes produtos. Determinados fatores geográficos e características climáticas podem favorecer ou não a produção de ovinos.
Os ovinos estão também associados aos sistemas tradicionais de subsistência, especialmente nos países em desenvolvimento. Esta forma de criação tem permanecido inalterada por séculos em algumas regiões. Os animais fornecem carne, leite, lã e pele para seus criadores, sendo considerados nos sistemas tradicionais de criação, conversores eficientes de forragens em produtos para o consumo humano.
Por outro lado, principalmente por questões econômicas, observou-se uma intensificação na produção ovina e o desenvolvimento de uma ovinocultura industrial. O fato é que tanto naquela produção de subsistência quanto na produção em escala, a importância dos ovinos nos mais diferentes sistemas de produção é incontestável, seja como fonte alimentar para uma família, na complementação de renda de um pequeno produtor, ou na geração de renda e empregos que uma grande produção pode proporcionar.
Os ovinos são criados em sistemas que variam desde os extensivos até os mais intensivos. Por exemplo, em regiões áridas ou em campos nativos a taxa de lotação pode variar de uma ovelha para 3 a 5 hectares até seis ou sete ovelhas por hectare em pastagens cultivadas. Por causa dos fatores econômicos, há uma tendência para a intensificação da criação, tornando o sistema mais eficiente, mas dependente de forrageiras de elevada qualidade e suplementação com concentrados.
Porém, os ovinos são capazes de utilizar uma grande variedade de fontes de alimentos e o mérito da espécie é o aproveitamento de vastas áreas de pastagens naturais. Assim, as forrageiras continuam a ter um papel importante em todos os sistemas de criação de ovinos. Em algumas regiões a área disponível de pastagens tem diminuído e o valor da terra tem aumentado, se somarmos a isso um aumento do rebanho temos uma maior pressão de pastejo.
As práticas de manejo estão sendo melhoradas para suportar este maior número de animais por área, incluindo a adubação do solo, descanso de pastagens, uso de alimentação suplementar e utilização de forrageiras conservadas, para equilibrar a variação anual da disponibilidade de pasto e das exigências nutricionais dos animais.
O confinamento de cordeiros surgiu para controlar a verminose e proporcionar maiores ganhos de peso e tem variado de algumas centenas a milhares de cabeças que são alimentados normalmente com dietas a base de grãos.
Mas qual seria o melhor sistema de produção de ovinos? Talvez a maior dificuldade ou, então, o desafio para quem vive da produção agrícola e/ou pecuária seja esta: buscar pelo seu sistema de produção ideal, já que não existe um padrão definido que seja apropriado para todos os produtores.
Na verdade o sistema de produção é a combinação de cultivos e criações que o produtor utiliza para atingir os seus objetivos. Portanto, não existe sistema de produção de ovinos, mas sim, produção de ovinos nos mais diferentes sistemas. A criação de ovinos é uma atividade que faz parte de um sistema de produção que sofre interferência de vários fatores externos, como os fatores políticos, históricos, culturais, mercadológicos e ambientais.
No sistema de produção existem fluxos como os de entrada de informações, de insumos, fluxos internos do sistema e fluxos de saída de informações e de produtos (Figura 1). Atingir a tão comentada sustentabilidade está no equilíbrio deste complexo sistema de produção.
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Figura 1 Exemplo da dinâmica e variabilidade de um sistema de produção.
Atualmente a disponibilidade de informações e tecnologias para a produção de ovinos é enorme, resultantes de trabalhos de pesquisa, observações de campo e experiências de criadores. Estas tecnologias podem afetar positivamente ou negativamente os sistemas de produção. O problema é que sempre que se tentou fazer uma apropriação de técnicas de manejo e formas de criação padronizadas, os resultados foram desastrosos.
Uma das explicações para este fato é de que as tecnologias produzidas normalmente nos centros de pesquisa são desenvolvidas sem se considerar a real situação social, econômica e ambiental pela qual passam os agricultores, justamente pela dificuldade causada pela variabilidade dos fatores que atuam sobre os sistemas de produção.
Portanto, ao se tomar decisões que vão interferir no sistema de produção é preciso antes de tudo se conhecer, isto é, determinar quais são os objetivos da criação, quais as características da região na qual se está inserido, como atuam os produtores com sistemas semelhantes. Ao se adotar uma inovação, verificar o que se pretende com ela e se esta é apropriada para o seu sistema de produção.
Para reduzir a fragilidade dos sistemas produtivos é importante reconhecer os problemas e buscar por alternativas para minimizá-los. É necessário que a atividade desenvolvida não seja somente economicamente viável, mas também sustentável. Por isso, é interessante se questionar se o sistema de produção atende as suas necessidades atuais e se continuará atendendo as necessidades das futuras gerações.
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