O objetivo de uma vacina é estimular o sistema imunológico a desenvolver uma resposta imune de forma similar a uma infecção natural, sem causar reações adversas no animal e contaminação do ambiente. Com isso, a vacina diminui os riscos às doenças, porém a qualidade da imunidade pode ser seriamente comprometida caso não haja condições de manejo e higiene adequados antes, durante e após o processo de vacinação.
A adoção de alguns conceitos e regras ajudam a garantir o sucesso da vacinação e uma resposta imune eficaz e duradoura, a exemplo dos citados abaixo:
1. Compra
Compre os produtos em casas comerciais de sua confiança ou, se possível, direto das distribuidoras, atentando para o correto armazenamento, o prazo de validade do lote, assim como, a integridade, limpeza e temperatura do frasco. Não compre produtos com validade vencida ou próxima do prazo e não se iluda com produtos mais baratos do que os recomendados.
2. Transporte e armazenamento
Todas as vacinas devem ser transportadas em uma caixa isotérmica ou de isopor bem fechada e refrigerada com gelo reciclável, e estocadas na fazenda em geladeira com temperatura em torno de 4oC (entre 2 e 8oC). Use um recipiente plástico para impedir o contato direto da vacina com o gelo a fim de evitar que a mesma congele. A vacina perde seu efeito se congelada. Mantenha a vacina armazenada dentro de uma caixa de isopor e tenha sempre disponível gelo ou bolsas de gelo reciclável caso haja queda ou falta de energia na propriedade.
3. Agulhas, seringas e aplicação
As agulhas e seringas devem ser esterilizadas em água destilada fervente por 20 minutos. Nunca use desinfetantes químicos (a base de álcool, iodo, cloro, etc.), pois estes produtos deixam resíduos que inativam as vacinas. A grande maioria das vacinas utilizadas em pequenos ruminantes pode ser administrada pela via subcutânea (SC), sendo esta a via de escolha. Para isso, utilize agulhas 10x10 ou 15x10. Não empregue agulhas tortas, "rombudas" ou quebradas. O local de aplicação pode ser sobre as costelas ou no terço médio superior do pescoço (Foto 1). O local de aplicação deve estar limpo, sem poeira, terra ou lama. Realize a assepsia do local de aplicação com algodão embebido em álcool iodado, puxe a pele formando um triângulo, introduza a agulha no meio do triângulo em sentido vertical e injete o produto. A pessoa responsável pela aplicação deve ter e manter sempre as mãos e braços limpos e secos. A cada 10 animais vacinados troque a agulha para minimizar o risco de transferência de doenças e agentes patogênicos entre animais (Foto 2).
Foto 1. Locais de eleição para aplicação de injeções SC em pequenos ruminantes.
Foto 2. Cabra Parda Alpina apresentando diversos abscessos na região do pescoço, frutos da transferência de agentes patogênicos entre animais durante a vacinação.
4. Manipulação da vacina
Leve para o curral de manejo apenas a quantidade de vacina que será utilizada naquele período de trabalho e mantenha sempre as vacinas, assim como as agulhas e seringas a serem utilizadas, sob refrigeração em caixa de isopor fechada com gelo, antes e durante a vacinação. Entre os manejos de enchimento do brete, mantenha as seringas sempre na caixa de isopor. Agite bem o frasco de vacina antes de usar e toda vez que for recarregar as seringas. Utilize apenas uma agulha para extrair a vacina e faça a desinfecção da tampa de borracha do frasco de vacina com álcool iodado antes de introduzir a agulha. Nunca permita que as vacinas sejam expostas à luz solar e ao calor. Ambos inativam a vacina. Nunca misture diferentes vacinas em uma mesma seringa.
5. Manejo dos animais
Traga para o curral apenas o número de animais que a instalação tecnicamente suporta e que poderá ser vacinado dentro do período de trabalho. Os animais devem ser conduzidos e manejados com o mínimo de estresse e, apresentar boa saúde geral e escore de condição corporal adequado (entre 3 e 4, na escala de 1 a 5; ou entre 5 e 6, na escala de 1 a 9). Procure vacinar os animais nas horas mais amenas do dia, sobretudo no período da tarde. Fatores estressantes e debilitantes como temperatura alta, manejo agressivo, mistura de lotes, viagens, partos, parasitismo, má nutrição e doenças intercorrentes reduzem a capacidade do animal em desenvolver uma resposta imune satisfatória e prolongada.
6. Controle
Registre os lotes e os animais vacinados, a data de vacinação, o nome comercial do produto, o número de partida, o laboratório e a validade da vacina. Incinere todos os frascos vazios e as sobras de vacinas. Esterilize as agulhas e seringas, e guarde-as em local limpo, prontas para o próximo trabalho.