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Comportamento na parição em ovelhas - Parte 2

POR DÉBORAH ASSIS BARBOSA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/09/2008

6 MIN DE LEITURA

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Na primeira parte vimos o comportamento materno pré e durante o parto, agora iremos entender o comportamento tanto materno quanto do cordeiro após o parto, e como esse comportamento interfere no vínculo materno-filial.

1.Comportamento materno pós parto

Em caso de parto normal, as ovelhas ficam em estação ("em pé") durante ou logo após o nascimento do cordeiro e já começa a cheirar e lamber sua cria. Esse período é crítico por ser extremamente importante no estabelecimento do vínculo mãe e filho.

Esse primeiro comportamento de lamber e limpar geralmente começa pela cabeça, e serve para estimulação e secagem do cordeiro. Essa limpeza é acompanhada por vocalização e empurrões com o focinho, que estimulam o cordeiro a levantar, e faz parte do processo de reconhecimento da mãe pelo cordeiro. Os ovinos têm uma vocalização específica ao parto - um balido de tom baixo ou ronco, que é feito exclusivamente para o cordeiro, e que tem grande importância no estabelecimento do vínculo entre eles, já que em alguns experimentos ficou comprovado que os cordeiros reconhecem a voz de sua mãe.

O vínculo entre mãe e filho pode ser maximizado com manejo alimentar correto (para garantir peso ao nascer do cordeiro e que a mãe não terá seu comportamento alterado por estar subnutrida), e permanência no local do parto por no mínimo 5-6 horas (para garantir que não haverá interferência na fase principal para formação do vínculo). Depois desse período crítico, o cordeiro será aceito mesmo depois de muitas horas de separação.

Etologistas ao tentar entender porque a ovelha é atraída pelo seu cordeiro perceberam que após parir elas são extremamente atraídas pelos líquidos associados com o parto. Se tiver um pano imerso em líquido placentário por exemplo, elas sentirão atração até mesmo por esse pano. Também perceberam que é comum que as ovelhas, durante o processo de limpeza do cordeiro, consomem as membranas do nascimento (geralmente não a placenta em si). Ou seja, o ato de lamber e limpar o cordeiro é um instinto que é exacerbado pelo estímulo olfatório e gustativo das membranas fetais.

Na prática, usamos esse instinto para ter maior êxito na adoção de cordeiros rejeitados por outras ovelhas. Tendo em vista que o olfato é o principal sentido que liga o cordeiro à sua mãe, tentamos "enganar" esse olfato para que ela adote outra cria que não a sua; abaixo temos alguns métodos de tentativa de adoção:

Método da Placenta- usar os fluidos fetais da ovelha que irá adotá-lo, esfregando-os no guacho antes de apresentá-lo a ela.
Adoção "úmida"- mergulhar o cordeiro a ser adotado e o cordeiro da ovelha adotiva em solução saturada de sal.
Canzil - Imobilizar a ovelha pela cabeça, forçando-a a deixar o cordeiro mamar. Em alguns casos, em 3 a 5 dias a ovelha aceita o cordeiro. Deixar acesso a água e alimentação para a ovelha.



Pele do cordeiro - Remover a pele do cordeiro morto e cobrir o cordeiro rejeitado com ela, para que a mãe adotiva o aceite.
Capa - usar uma capa sobre o filho da ovelha adotiva por 2-3 dias e depois colocá-la sobre o guacho.

A limpeza do cordeiro, como já foi dito, é fundamental para o vínculo entre mãe e filho, caso o cordeiro seja retirado antes dela lambê-lo, fica mais fácil dela adotar outro. Quanto mais perto do parto tentarmos enganar a ovelha, maior sucesso teremos, e caso a adoção falhe, é necessário alimentar os cordeiros com substituto de leite ou mantê-los amamentados em ovelhas presas no canzil.

As ovelhas identificam seus cordeiros poucas horas após o parto, e a principal maneira dela reconhecê-lo é cheirando a região genital de seu filho. Em caso de parto duplo, pode haver alteração no comportamento normal do pós parto, já que a fêmea ocupa-se com um segundo parto e pode deixar de lado o primeiro filho, ou preocupa-se tanto com o primeiro que deixa o segundo de lado.

Caso esse segundo parto não tenha complicações, ela limpará seus filhos na ordem em que eles nasceram, ou seja, a ovelha termina a limpeza do primeiro antes de iniciar a do segundo e caso tenha um terceiro cordeiro, ela só o limpará após terminar o segundo. Esse instinto pode prejudicar os últimos cordeiros em caso de clima desfavorável - daí a importância do responsável pelo rebanho atentar-se a cada detalhe da parição.

O cordeiro geralmente levanta-se antes de 30 minutos; caso ele tente levantar antes de acabar a limpeza, a mãe pode tentar impedi-lo com a pata. Após o cordeiro levantar, as ovelhas, principalmente as mais experientes, inclinam seu corpo para expôr a glândula mamária e ajudar o cordeiro em sua primeira mamada; algumas ovelhas chegam até mesmo a levantar uma pata traseira.

Alterações comportamentais maternas

Um problema bem comum é o roubo de cordeiro entre as ovelhas, isso acontece tanto em ovelhas cujos filhos morreram como em ovelhas no pré parto.
Às vezes pode haver também troca de cordeiros entre ovelhas que pariram na mesma hora e próximas. Há relatos de 3 a 15% de troca de cordeiros, e a menos que o responsável pela parição seja extremamente cauteloso e observador, essa troca passará despercebida, e podem ocorrer falhas na tomada de decisão com base nas anotações de nascimento.

Algumas ovelhas também podem apresentar baixa habilidade materna, e empurrar, escoicear ou fugir do cordeiro, impedindo a mamada. Porém, para dizer que ela não é uma boa mãe, devemos ter certeza de que não é um problema de manejo, como mastite ou subalimentação por exemplo.

Mas infelizmente, a baixa habilidade materna termina em abandono na maioria dos casos, quando a ovelha não tem interesse pelo cordeiro. Esse abandono pode ser temporário ou permanente, sendo que podemos encontrar taxas de 4 a 22% de abandono de cordeiros. Caso o problema não seja mastite, podemos tentar corrigir esse abandono colocando a fêmea junto com o cordeiro em um espaço menor ou deixando a fêmea presa em um canzil ou na corda, com acesso ao cocho de água e comida durante 2-3 dias, assim como vimos nos métodos de adoção.

2. Comportamento do cordeiro

Como visto anteriormente, após nascer o cordeiro levanta-se em menos de meia hora, levando de 10 a 180 minutos e sua próxima tarefa é alimentar-se. Ele naturalmente procura a parte ventral da ovelha (parte de baixo), mas sem saber se deve ir na frente ou atrás. Como dito anteriormente, uma ovelha com experiência ajudará o cordeiro a achar o lado certo para mamar. Porém algumas vezes ele tem dificuldade em achar a teta, perdendo tempo sugando tufos de lã ou outras protusões parecidas com a mama, podendo demorar de 2 a 3 horas para achar a verdadeira, embora de 60 a 80% dos cordeiros mamam em menos de 1 hora após nascer.

A observação dos cordeiros nessa fase é importantíssima - verificar o úbere no pré parto à procura de mastite, depósito de cera na saída do teto (caso tenha, removê-lo para possibilitar saída de leite) e quando necessário tosquiar a região do úbere para facilitar o acesso do cordeiro ao mesmo.

Todos esses cuidados facilitam a mamada do colostro o mais cedo possível, garantindo ao cordeiro a imunidade passiva, aumentando sua sobrevivência.

Mamadas

Os cordeiros mamam com uma grande freqüência durante as primeiras semanas, de 2 a 3 vezes por hora, chegando a 3 minutos cada mamada. Conforme eles ficam mais velhos, a freqüência das mamadas diminui, já que eles mamam com mais habilidade e vão dependendo cada vez menos do leite materno para sua nutrição. Na quinta semana de vida, o cordeiro mama 1 vez a cada duas horas.

No caso de parto duplo, até 2 semanas de idade a ovelha não tem grandes dificuldades em atendê-los, já que produz leite em quantidade suficiente para ambos, mas conforme eles ficam maiores ela pode não produzir tanto leite assim, e acaba não deixando um mamar sem o outro junto.

Nas primeiras semanas de vida os cordeiros ficam junto às suas mães, mas pouco a pouco vão explorando o ambiente e formando grupos sociais. No fim do primeiro mês, eles ficam 60% do tempo com outros cordeiros. Também começam a consumir concentrado ou volumoso bem cedo, aproximadamente com 10-15 dias de vida.

Com 4-6 semanas, o leite pode representar apenas 50% da nutrição deles, e com 8-10 semanas esse percentual pode cair para menos de 25%.

Referências bibliográficas

Gill, Warren - Applied Sheep Behavior - Agricultural Extension Service , The University of Tennessee
Fernandes, Simone - Comportamento Materno - O Ovelheiro - nº92, janeiro/fevereiro, 2008.

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FRANCISCO FERNANDES FILHO

CURITIBA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 20/07/2014

Parabéns Debora. Seu artigo me foi muito util, pois não é comum obter este tipo de informação condensada em um unico texto. Ficou excelente e orientativo.
CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO

NOVA ODESSA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 29/05/2009

Parabéns Débora, por seu excelente artigo.

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