Infecções parasitárias são o principal problema sanitário em pequenos ruminantes no Brasil e no Mundo. A dificuldade no tratamento de verminose deve-se à falta de eficácia de muitos anti-helmínticos devido à resistência anti-helmíntica, ou seja, os vermes estão resistentes aos medicamentos e o tratamento não faz efeito. A falta de eficácia dos antiparasitários vem ocorrendo pelo uso indiscriminado desses fármacos, com subsolagens e manejos de controle parasitário equivocados.
O erro no manejo parasitário nos rebanhos começa quando há a escolha errada do anti-helmíntico, que muitas vezes não funciona. Vinculado a isso, o insucesso no tratamento é ocasionado pelo uso de dosagens incorretas do medicamento (sem a pesagem de animais) e a falta de critério no tratamento. Sendo assim, como escolher o vermífugo? Essa pergunta não é prontamente respondida por nenhum profissional sem antes lançar mão de exames que auxiliem no diagnóstico da população parasitária e do grau de infecção nas diversas categorias de animais. Esses exames são o OPG (ovos por grama de fezes) e a coprocultura (identificação dos gêneros de parasitos do rebanho). Com base nesses resultados, é necessário testar as bases de vermífugos que serão indicadas para cada caso frente ao tipo de parasitos e de manejo dos animais. Com os anti-helmínticos em mãos, é necessário realizar o teste de eficácia dos mesmos e utilizar o que melhor apresentou redução da carga parasitária.
Atualmente, há vários tipos de testes de eficácia de antiparasitários in vitro, moleculares e in vivo. Apesar dos limitantes, o teste da redução da contagem de ovos nas fezes (TRCOF) ainda é o mais utilizado e viável no campo. Esse teste basicamente avalia a redução da carga parasitária do animal antes e após a administração do antiparasitário. O anti-helmíntico que apresentar eficácia mais próxima de 95% é o indicado para o rebanho. É válido lembrar que esse teste é individual para cada fazenda, não podendo ser extrapolado para outras porque há diferenças na população parasitária, manejo dos animais e no grau de resistência anti-helmíntica. Podendo um anti-helmíntico ter 95% de eficácia para os animais de uma fazenda e 0% para outra.
Sendo assim, para escolher o vermífugo deve-se:
-Solicitar exames de OPG e coprocultura para a avaliação da carga e população parasitária do rebanho;
-A partir desses resultados, pedir indicação para o veterinário de algumas bases anti-helmínticas que possam ser testadas no rebanho;
-Testar os anti-helmínticos pelo TRCOF, ou o teste indicado pelo profissional, e o que apresentar melhor eficácia deve ser instituído em um programa de controle parasitário.
-O programa de controle parasitário deve ser instituído por um profissional capacitado, de tal forma que o anti-helmíntico utilizado possa ter eficácia por mais tempo e este não seja a única forma de controle parasitário. O manejo do rebanho é essencial no controle de verminose devendo-se considerar: nutrição, melhoramento genético, categorias mais susceptíveis, sistemas de produção, tipo e rotação de pastagens, clima e outros fatores que podem ser modificados para melhorar a resposta do animal às parasitoses e diminuir a carga parasitária do rebanho.
Para melhor entendimento desse assunto, indica-se a leitura de alguns artigos:
-TRCOF: https://www.farmpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/trcof-teste-de-reducao-da-contagem-de-ovos-nas-fezes-59874n.aspx
- OPG: https://www.farmpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-de-noticias/opg-ovos-por-grama-voce-realiza-86316n.aspx
- Coprocultura: https://www.farmpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/vale-a-pena-ler-de-novo-coprocultura-um-exame-importante-no-controle-de-verminose-78933n.aspx
-Sistemas de produção e verminose parte 1: https://www.farmpoint.com.br/radares-tecnicos/sistemas-de-producao/sistemas-de-producao-e-verminose-parte-i-de-ii-77369n.aspx
- Sistemas de produção e verminose parte 2: https://www.farmpoint.com.br/radares-tecnicos/sistemas-de-producao/sistemas-de-producao-e-verminose-parte-ii-de-ii-77790n.aspx
-Resistência parasitária: https://www.farmpoint.com.br/radares-tecnicos/sanidade/avaliacao-do-manejo-sanitario-de-rebanhos-de-ovinos-e-a-resistencia-parasitaria-no-estado-de-sao-paulo-uma-experiencia-para-o-77769n.aspx
Figura 1 - Coleta de fezes diretamente da ampola retal para exames coproparasitológicos.
Figura 2 - Exames de OPG e coprocultura para identificação da carga e gêneros parasitários.
Figura 3 - Teste de eficácia de anti-helmínticos (TRCOF), dose calculada de acordo com o peso dos animais.