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Como atender a um mercado em alta

POR ENEAS REIS LEITE

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/12/2006

4 MIN DE LEITURA

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Os criadores nordestinos costumam dizer que dos caprinos e ovinos só não se aproveita o berro. De fato, as aptidões desses animais para a produção de leite, carne e pele são cada vez mais exploradas. Apesar do crescimento verificado na caprinocultura leiteira nas últimas décadas, mais de noventa por cento dos caprinos do país são explorados basicamente para carne e pele.

As raças mais representativas são a Anglo-Nubiana e a Boer, embora no Nordeste sejam encontradas algumas raças naturalizadas ameaçadas de extinção, como a Canindé, a Moxotó e a Repartida. Essa região, que agrega cerca de noventa e três por cento dos caprinos do Brasil, nove em cada dez animais são do tipo Sem Raça Definida (SRD), de grande rusticidade mas com baixo potencial produtivo.

Quanto aos ovinos, a Raça Santa Inês tem despontado como a mais procurada pelos grandes e médios produtores, estando expandindo-se por todo o país. Recentemente importada, a raça Dorper também já desempenha um importante papel na produção de carne ovina, especialmente por seu potencial para cruzamentos industriais. Entretanto, da mesma forma que ocorre na caprinocultura, a parcela mais significativa do rebanho ainda é composta por animais SRD, especialmente no Nordeste.

No que pese os problemas existentes ao longo da cadeia produtiva, verifica-se um notório crescimento na produção de pequenos ruminantes de corte no país, como conseqüência do aumento da demanda pelas carnes de cordeiro e de cabrito, especialmente nos grandes centros urbanos. Mesmo assim o consumo per capita anual é ainda muito baixo, situando-se em torno de 1.500 gramas/habitante. Esse número, entretanto, sinaliza que ainda há muito espaço para a expansão da atividade. Dentro deste cenário, as raças especializadas ganham cada vez mais representatividade.

Apesar de todo potencial que as raças especializadas para carne têm demonstrado, até o momento as importações têm surtido efeito apenas nas médias e grandes propriedades. Nas pequenas unidades produtivas, notadamente no Nordeste, a evolução da qualidade genética dos rebanhos ainda deixa a desejar.

O produtor descapitalizado e com baixo nível de escolaridade é de certo modo refratário às inovações tecnológicas que rapidamente se processam na caprinocultura brasileira. O resultado é a ocorrência de um alto índice de abates clandestinos, sem o devido controle sanitário. Com isso o criador disponibiliza seu produto sem valor agregado, comprometendo o consumo entre os segmentos mais exigentes do mercado.

A estimativa é que no Nordeste o abate clandestino atinja índices superiores a noventa e cinco porcento. A situação é resultante da desorganização da cadeia produtiva, que, dentre outros gargalos, aponta para a frágil relação de negócios entre os frigoríficos e os produtores. Também não existe uma sintonia entre os próprios produtores, faltam associações e cooperativas, de forma que as relações comerciais entre os elos da cadeia desenvolvem-se na informalidade. Este quadro poderá ser revertido se mudanças radicais forem promovidas no perfil do produtor, além de ser fomentado um maior interesse governamental na implantação de programas específicos, como a rigorosa inspeção sanitária.

Como a demanda de fato existe muitos empresários estão adentrando ao setor, no intuito de atender aos novos e exigentes consumidores. Os preços ora praticados, em geral o dobro daquele que remunera a carne bovina, são os principais atrativos para a partida de novos empresários em direção à produção de ovinos e caprinos.

Entretanto, para não correr o risco de oferecer matéria-prima com baixo valor agregado, os recentes interessados no agronegócio em apreço, ainda não familiarizados com os meandros de um sistema de produção, devem atentar para uma série de requisitos. O produtor deve, antes de tudo, decidir pelo sistema de produção mais interessante para as condições de sua fazenda e de sua região. O mercado para os produtos e a infra-estrutura para o escoamento da produção, por exemplo, devem ser considerados em uma tomada de decisão.

Além de formar um plantel com uma raça de vocação adequada ao produto a ser repassado ao mercado, o empresário rural deverá conhecer o seu potencial de produção de alimentos na fazenda (pastagens e outras fontes de volumosos), a fim de que as necessidades nutricionais dos animais sejam atendidas ao longo do ano.

Em virtude do hábito alimentar dos caprinos, que têm preferência por plantas de folhas largas (árvores e arbustos), o Nordeste desponta com grande potencial para empreendimentos com esses animais. A vegetação da caatinga, pródiga em espécies botânicas com essas características, se bem manejada pode suprir o suporte forrageiro por alguns meses do ano (período chuvoso).

Entretanto, é preciso destacar que um sistema de produção racional impõe a disponibilidade de reservas alimentares para os períodos críticos, especialmente nos anos de baixas precipitações pluviométricas, quando as pastagens nativas apresentam reduzida produção de forragens.

Em uma produção mais intensiva, quando pretende-se o abate de animais com até seis meses de idade, e com peso vivo em torno de 30 quilos, o produtor pode recorrer ao confinamento. Neste sistema, os cabritos e cordeiros apresentam boas respostas quando alimentados com feno, silagem e concentrados, como o farelo de soja e o milho em grãos.

Os resíduos de agroindústria, especialmente os provenientes do processamento de frutas, podem ser aproveitados para alimentação dos animais em confinamento, uma vez que esses alimentos, em geral, apresentam bom valor nutritivo e baixo custo. Pesquisas recentes desenvolvidas pela Embrapa têm demonstrado que o farelo do pedúnculo do caju, fornecido em conjunto com uma boa fonte protéica, como o feno de leucena, pode resultar em um ganho de peso diário de 160 gramas/cabeça, em cordeiros confinados após o desmame e por um período de 70 dias. Além das vantagens do ponto inerentes ao desempenho animal, o confinamento contribui na redução da sazonalidade da produção, promovendo a fixação do produto no mercado em decorrência da regularidade na oferta e da padronização da matéria-prima.

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