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Aumento na frequência de ordenhas no início da lactação

POR RAFAELA CARARETO POLYCARPO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/04/2012

5 MIN DE LEITURA

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INTRODUÇÃO

Elevar a eficiência da produção de leite é fundamental para se atingir sucesso na atividade leiteira e existem vários fatores que interferem esta eficiência como, por exemplo, genética dos animais, o ambiente, a alimentação, o uso ou não de hormônios etc... Em se tratando de vacas de alto potencial de produção (acima de 30kg/leite/dia) e mantidas em confinamento, o aumento na frequência de ordenha durante as 3 primeiras semanas de lactação também pode ser um fator que contribui positivamente para o aumento na eficiência de produção de leite.

Conforme rápido levantamento realizado em artigos relacionados a este assunto e publicados no Journal Dairy Science (útimos 20 anos), o que podemos verificar é que com o aumento no número de ordenhas nos primeiros 21 dias após o parto (de 2X por dia a até 6X por dia) há aumento de 9 a 10% na produção de leite. E este aumento é verificado não somente durante as primeiras semanas, mas também ao longo de todo período de lactação (efeito chamado de "carry-over"). Além disso, o que os estudos indicam é que o aumento na frequência de ordenhas no início de lactação e em vacas de alta produção pode levar a redução na contagem de células de somáticas (CCS), por tanto contribui para saúde do úbere dos animais.

A seguir serão resumidos alguns destes estudos publicados no Journal Dairy Science (JDS).

RESUMO DE TRABALHOS (JDS)

O primeiro estudo, publicado em 1995, de Bar-Peled e colabores, comparou a produção de leite de 3 grupos de animais. No primeiro grupo, as vacas foram ordenhadas durante as 6 primeiras semanas 3x por dia; no segundo grupo foram ordenhas 6x por dia durante as mesmas 6 primeiras semanas e o último grupo, além das vacas serem ordenhadas por 3x ao dia, elas também amamentaram 3x por dia. Após a sexta semana de lactação, todas as vacas passaram a ser ordenhadas apenas 3x ao dia. O gráfico a seguir ilustra a produção de leite durante as 6 primeiras semanas e ao longo da lactação de cada grupo de vacas. Vale ressaltar que para estimar a produção de leite das vacas do grupo três, foi admitido que a quantidade de leite que os bezerros mamavam equivaleria a diferença de peso dos mesmos antes e depois da mamada.



LEGENDA:

3x ao dia ( )
6x ao dia ( )
3x ao dia de ordenha + 3x ao dia de amamentação ( )

Neste primeiro estudo, as vacas que foram ordenhas 3x por dia e ainda amamentavam 3x por dia produziram mais nas 6 primeiras semanas de lactação, mas reduziram drasticamente a produção a partir da sétima semana de lactação (talvez pelo estresse da ausência das crias). As vacas que foram ordenhadas 3x por dia produziram menos e as que foram ordenhadas 6x por dia tiveram produção intermediária, porém foram os animais que mantiveram a maior produção após as 6 semanas iniciais de lactação, ocorrendo por tanto o efeito de "carry-over".

Outro trabalho, de Dahl e colaboradores, publicado em 2004, comparou a produção, a composição do leite e a contagem de células somáticas (CSS) em dois grandes grupos de vacas: um grupo de vacas ordenhadas 3x ao dia durante os primeiros 21 dias de lactação e um segundo grupo de vacas que foram ordenhadas 6x ao dia durante os mesmos primeiros 21 dias de lactação. Todas as vacas eram multíparas e tiveram as mesmas condições de manejo (como alimentação, instalações, etc..) exceto a frequência de ordenha. Após os 21 dias iniciais de lactação, todas as vacas passaram a ser ordenhadas 3x ao dia.



vacas ordenhadas 6x ao dia durante os 21 primeiros dias de lactação.
vacas ordenhas 3x ao dia durante os 21 primeiros dia de lactação.

Além da maior produção de leite conforme o gráfico acima, as vacas ordenhadas 6x por dia produziram leite com maiores teores de proteína, gordura e sólidos totais quando comparados com animais que foram ordenhados 3x ao dia. O estudo mostrou ainda que com a maior frequência de ordenha houve redução na contagem de células somáticas e esta redução persistiu por mais 3 meses após o experimento.

Em outro trabalho publicado em 2007 no JDS (Wall e McFadden), os autores se preocupam em mostrar não só o aumento da produção de leite com o aumento no número de ordenhas, mas sim apresentar o motivo desta maior produção. As hipóteses seriam que o aumento viria de uma resposta hormonal ou então devido a aspectos locais internos na glândula mamária. Para tentar responder a esta questão eles dividiram o úbere das vacas em dois grupos: lado direito do úbere e lado esquerdo do úbere. O lado direito de cada úbere foi ordenhado 2x ao dia e o lado esquerdo de cada úbere foi ordenhado 4x por dia e a produção de cada metade do úbere foi medida separadamente. Ao final dos 21 dias iniciais de lactação, o lado esquerdo de cada úbere produziu em média 3,9kg/dia de leite a mais do que o lado direito. E ao final de toda lactação (305 dias), o lado esquerdo, que teve maior frequência de ordenhas, produziu em média 1,8 kg/dia a mais do que o lado direito. Com isso os autores concluíram que a maior produção de leite com o aumento na frequência de ordenhas no início da lactação se deve mais a aspectos internos da glândula mamária do que a modificações hormonais.

CONCLUSÕES

Aparentemente, o aumento no número de ordenhas (4x ou até 6x ao dia) nas primeiras 3 primeiras semanas de lactação é benéfico no quis respeito ao aumento na produção de leite e redução na CCS, porém vale ressaltar que os estudos que comprovam este fato foram realizados com animais de alta produção de leite e mantidos em sistemas de confinamento onde os animais gastam pouca energia para se deslocarem até a sala de ordenha.
Não podemos, portanto generalizar esta prática de manejo, cada caso é um caso. E ainda devemos lembrar que o mais importante é conhecer a relação de custo:benefício da atividade e não somente quantificar o aumento na produção de leite da propriedade.

A seguir serão listadas mais referências de estudos deste assunto.

REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS

Bar-Peled, U., E. Maltz, I. Bruckental, Y. Folman, Y. Kali, H. Gacitua, A. R. Lehrer, C. H. Knight, B. Robinzon, and H. Voet. 1995. Relationship between frequent milking or suckling in early lactation and milk production of high producing dairy cows. J. Dairy Sci. 78:2726-2736.

Dahl, G. E., R. L. Wallace, R. D. Shanks, and D. Lueking. 2004. Hot topic: Effects of frequent milking in early lactation on milk yield and udder health. J. Dairy Sci. 87:882-885.

Fernandes, J., C. M. Ryan, D. M. Galton, and T. R. Overton. 2004. Effects of milking frequency during early lactation on performance and health of dairy cows. J. Dairy Sci. 82(Suppl.1):424. (Abstr.)

VanBaale, M. J., D. R. Ledwith, J. M. Thompson, R. Burgos, R. J. Collier, and L. H. Baumgard. 2005. Effect of increased milkin frequency in early lactation with or without recombinant bovine somatotropin. J. Dairy Sci. 88:3905-3912.

E. H. Wall and T. B. McFadden. The Milk Yield Response to Frequent Milking in Early Lactation of Dairy Cows Is Locally Regulated. Journal of Dairy Science Vol. 90 No. 2, 2007

RAFAELA CARARETO POLYCARPO

Profa. Dra. Universidade de Brasília - UnB

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GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/05/2012

Prezado Gilson Alves de Figueiredo: A Rafaela é muito mais qualificada do que eu para esta resposta. Mas, minha experiência pessoal, talvez, lhe ajude a solucionar ao impasse. Submeto, todavia, minha opinião ao crivo da Rafaela, corrigindo-a se estiver equivocada. O úbere se enche, via de regra, de seis em seis horas, e, depois de cheio, mesmo passando oito, nove horas, não há mais aumento de produção. Assim, explica-se o sistema de três ordenhas, realizadas, geralmente, de seis em seis horas, que é o padrão, para permitir-se o novo enchimento do sistema mamário e, destarte, ter alcançada a plenitude de produção. Se utilizarmos o sistema descrito por você, não teremos melhoria na produção, eis que o lapso temporal entre a primeira ordenha e a outra (ao final) não é suficiente para nova descarga do sistema mamário, sendo, portanto, inócua.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

=HÁ SETE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
GILSON ALVES DE FIGUEIREDO

MINEIROS - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/04/2012

Rafaela ou Guilherme, bom dia

uma fazenda que tira leite duas vezes por dia e seu lote de ponta ta com media de 36 litros por vaca e fica com 35 a 40 vacas, porem o produtor não quer ordenhar 3 vezes, o rebanho e composto de 140 vacas em ordenha, não seria possivel tirar no inicio da ordenha do lote de ponta e depois os demais porem no final da ordenha retornar com o lote de ponta novamente? desde ja obrigado  

LAÉRCIO BARBOSA MARQUES

GOIÂNIA - GOIÁS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 23/04/2012

Rafinha, parabéns pelo artigo!!

Estou com saudades, quanto tempo não falamos!

Meu e-mail laercio.marques@hotmail.com

Um abraço
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/04/2012

Prezada Rafaela: Parabéns pelo artigo. Na Fazenda Sesmaria, adotamos, há sete anos, o sistema de seis ordenhas diárias, nas quatro primeiras semanas pós-parto (não tentamos nas seis primeiras semanas, porque, em geral, os animais já apresentam evolução persistente naquele espaço de tempo), retornando, após este período, ao comum, que é três ordenhas por dia. Realmente, temos notado o aumento de até 10% (dez por cento) no volume produzido de algumas vacas, durante a lactação, e, ainda, a fixação generalizada de uma base lactativa, que se desenrola em torno de 46,5 quilogramas por dia, na média (carry-over), durante trezentos e cinco dias.

Tal como você, não conheço e não utilizei este sistema em animais a pasto ou semiconfinados, mesmo porque, dificilmente estes tipos de manejo proporcionam médias de mais de vinte e cinco quilogramas de leite/animal/dia e, pelo visto, o manejo, nestes casos, não compensa.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

=HÁ SETE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=

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