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As maiores dúvidas em relação ao resfriamento de vacas no período seco

POR EULER RABELO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/05/2017

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 05/10/2022

Texto adaptado dos Anais da Western Dairy Management Conference, 2017 - Reno, NV – Estados Unidos. “Top Ten Considerations for Dry Cow Cooling” – Geoffrey E. Dahl. Ph.D – Department of Animal Science – University of Florida. 

Enquanto alguns produtores estão familiarizados com efeitos positivos do alívio do estresse térmico em vacas durante a lactação, uma quantidade menor desconhece o efeito do alívio do estresse térmico ou resfriamento nas vacas no período seco. Existem vários trabalhos científicos que fornecem evidências que a falha no alívio de estresse térmico durante o período seco determina efeitos negativos na produtividade e saúde das vacas na próxima lactação. Talvez mais importante do que isso, trabalhos recentes demonstraram um impacto negativo do estresse calórico no desenvolvimento subsequente da bezerra/novilha filha dessa vaca, ou seja, um efeito in útero. Isso impacta negativamente a longo prazo na saúde e produtividade da bezerra. 
 
As maiores dúvidas em relação ao resfriamento de vacas no período seco

Como o alívio do estresse térmico no período seco afeta a produção de leite?

Vacas que são submetidas ao estresse térmico durante o período seco produzem 3,5 a 4,5 kg de leite por dia na lactação subsequente a menos em relação a vacas que foram resfriadas. Não existe impactos na composição do leite apesar de haver aumento na produção de componentes do leite com o resfriamento. O efeito na produção está presente no primeiro dia da lactação e persiste por pelo menos 10 meses, embora existam evidências da persistência durante toda a lactação. O crescimento de células epiteliais da glândula mamária é deprimido em vacas submetidas ao estresse calórico em relação a vacas que foram resfriadas; o que é consistente com os efeitos na produtividade de leite na lactação seguinte.

Quais são os efeitos metabólicos nas vacas?

Vacas secas submetidas ao estresse calórico consomem menos alimentos em relação a vacas resfriadas da mesma forma que vacas em lactação. Apesar do menor consumo de nutrientes, não existem evidências que a vaca submetida ao estresse térmico sofra algum impacto metabólico durante o estresse calórico. Na verdade, não existe evidências de mudanças nos níveis basais ou estimulados de insulina, glicose ou ácidos graxos livres entre vacas resfriadas e vacas submetidas ao estresse calórico. Após o parto, há alguns efeitos transitórios do resfriamento do período seco; no entanto consistentes com a maior produção de leite das vacas resfriadas no pré-parto.

A saúde da vaca é afetada?

Durante o período seco, o estresse calórico reduz a resposta de anticorpos e a proliferação de linfócitos é menor. Portanto, o estresse calórico possui um impacto direto negativo na habilidade da vaca responder a patógenos durante o período seco. Existe um efeito persistente na lactação advindo do estresse calórico no período seco no qual vacas submetidas ao estresse calórico possuem uma resposta imunológica inata menor em relação às suas colegas que foram resfriadas. A condição imune das vacas resfriadas no período seco determinou uma melhor resposta imunológica a um desafio por S. uberis no início da lactação.

E os efeitos no desempenho reprodutivo?

O maior indício de que o resfriamento de vacas no período seco afeta positivamente a reprodução subsequente vem de um estudo que comparou vacas que foram secas nos meses mais frios do ano com aquelas secas nos meses mais quentes. As vacas que foram secas nos meses mais frios produziram mais leite e foram menos predisponentes a adoecerem comparado a vacas que foram secas no verão. Vacas que foram secas nos meses mais frios tiveram menos inseminações por concepção, menos dias em aberto em relação a vacas seca em meses quentes. Tudo isso apesar das vacas secas em meses frios produzirem mais leite e serem inseminadas em meses quentes do ano. Um período seco em meses mais frios melhora o desempenho reprodutivo.

A saúde e crescimento da bezerra sofrem alteração?

Bezerras filhas de vacas submetidas ao estresse calórico são mais leves, permanecem mais leves ao desmame e até aos 12 meses de idade em relação a filhas de vacas resfriadas no período seco. Bezerras que sofreram estresse térmico in útero são também menores até um ano de idade. Bezerras filhas de vacas estressadas têm menor eficiência de absorção de imunoglobulinas (IgG), determinando menores concentrações séricas de IgG no primeiro mês de vida. Este efeito não é devido a qualidade do colostro da mãe e sim uma limitação na absorção de IgGs. A saúde dessas bezerras foi monitorada até a primeira lactação. Observou-se que uma maior proporção de bezerras submetidas ao estresse calórico in útero deixa o rebanho devido a problemas de saúde durante a lactação e antes da puberdade e, portanto, menor quantidade de fêmeas finalizarão a primeira lactação.

O desempenho produtivo e reprodutivo da novilha na primeira lactação é afetado?

As novilhas de mães submetidas ao estresse calórico (EC) atingem a puberdade na mesma idade em relação as novilhas nascidas de mães resfriadas mas necessitam de maior número de inseminações para gestarem. Talvez o mais importante é que primíparas de mães submetidas ao EC produziram 4,5 kg/dia de leite a menos que primíparas nascidas de mães resfriadas. Essa resposta não é associada  às diferenças de crescimento durante a primeira lactação, já que ambos os grupos de animais pariram com pesos similares e estes foram também similares durante toda a lactação.

Quais são os impactos econômicos do estresse calórico para as vacas secas?

Em uma análise recente foi avaliada as perdas econômicas associadas à falta de resfriamento de vacas no período seco em áreas nos Estados Unidos. Foram estimados dias prováveis durante o ano que uma vaca passaria por estresse calórico. O impacto financeiro foi calculado para cada estado dos EUA e o número total de vacas em cada estado foi usado para se calcular a perda potencial em produção de leite. A estimativa é uma perda de aproximadamente 810 milhões de dólares devido à falta de resfriamento de vacas leiteiras durante o período seco. Esta estimativa considera somente a perda em produção de leite e não leva em consideração o impacto na saúde da vaca e da bezerra; portanto o impacto negativo total é provavelmente muito maior. Estudos recentes demonstram que somente a prevenção da perda de produção de leite determina retorno positivo no investimento de sistemas de alívio de EC.

Como eu avalio o estresse calórico?

Já que tanto a temperatura e a umidade influenciam a habilidade da vaca em perder calor para o ambiente, o melhor é um usar um índice de temperatura e umidade (THI) para se acessar a carga calórica no animal. A temperatura retal (TR) é o melhor padrão para se determinar estresse calórico. A TR aumenta ao THI de 68, portanto medidas de alívio de estresse térmico devem começar antes que esse limite de THI seja atingido. Além da temperatura retal, a taxa respiratória vai indicar a magnitude do estresse calórico e pode ser usada de maneira relativamente eficiente em um grupo de animais para ver se o grupo está em estresse calórico. Uma média igual ou maior que 60 respirações por minuto é indicativo de que o estresse calórico está ocorrendo e estratégias de alívio necessitam ser empregadas para reduzir a carga calórica nas vacas.

Qual a melhor maneira de resfriar as vacas secas?

Os métodos de resfriamento utilizados não são diferentes dos utilizados para vacas em lactação. Em ambientes quentes e úmidos, aspersores de média e baixa pressão que formam gotas grandes, ventiladores e sombra são estratégias efetivas para alívio de estresse calórico. Entretanto, somente a sombra não será suficiente em impedir o estresse calórico em altas temperaturas e teores de umidade.

Onde eu posso obter mais informações?

Ferreira, F.C., R.S. Gennari, G.E. Dahl, and A. De Vries. 2016. Economic feasibility of cooling dry cows across the United States. J. Dairy Sci. 99:9931–9941.

Monteiro, A.P.A., S. Tao, I.M.T. Thompson, and G.E. Dahl. 2016. In utero heat stress decreases calf survival and performance through the first lactation. J. Dairy Sci. 99:8443-8450.

Tao, S., and G.E. Dahl. 2013. Invited review: Heat stress impacts during late gestation on dry cows and their calves. J. Dairy Sci. 96:4079-4093.

Thompson, I. M., and G. E. Dahl. 2012. Dry period seasonal effects on the subsequent lactation. Prof. Anim. Sci. 28:628-631.

 

EULER RABELO

Médico Veterinário Ph.D. Especialista na área de nutrição de gado de leite. Consultor na área de gestão e nutrição de gado de leite.

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EDUARDO GERALDINI

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/05/2017

Muito se diz sobre resfriamento por aspersão e ventilação, porém pouco ou nada é dito por equipamentos disponíveis. Dados dos equipamentos ofertados no mercado como ventiladores e aspersores, sequer apresentam dados técnicos convincentes do que proporcionam, é muito "achismo"

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