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Ambiência não é Bem-Estar Animal

POR FERNANDA VIEIRA

E IRAN JOSÉ OLIVEIRA DA SILVA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/03/2013

3 MIN DE LEITURA

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Como citado em artigo aqui publicado em 2012 (O sistema de produção de leite não define o nível de bem-estar animal), ambiência animal não é sinônimo de bem-estar animal (BEA; Figura 1). Parece simples, uma vez que se conhece o conceito de ambos os termos, mas existem muitos que ainda não sabem diferenciá-los e, consequentemente, implantá-los de forma adequada nas propriedades leiteiras.

Figura 1. Esquema explicativo da complementariedade dos conceitos de conforto térmico, ambiência e BEA (Silva, 2012).

Bem-estar é um conceito amplo que considera, dentre diversos aspectos, a qualidade de vida física e mental do animal. Para favorecê-lo, deve-se fornecer água e alimento em quantidade e qualidade adequadas, ambiente confortável para o animal deitar e se movimentar sem dor, favorecer trocas sociais saudáveis entre os animais e o ser humano (Milkpoint, 2012). Conforto térmico é um dos diversos fatores aqui citados, que deve ser fornecido aos animais, influenciando positivamente no BEA.

Não é novidade que as fazendas leiteiras no Brasil passam por uma série de dificuldades em relação à ambiência de seus animais. Ambiência, na concepção da palavra, define-se pelo “meio em que vive um animal”, ou seja, tudo aquilo que faz parte de seu meio. Segundo o dicionário Aurélio, ambiência representa “o meio físico estético ou psicológico especialmente preparado para as atividades humanas” e/ou animais.

Quando o assunto em pauta é ambiência de vacas leiteiras, um dos pontos mais importantes e desafiadores é o conforto térmico. Muito tem se discutido sobre o assunto, principalmente por influenciar diretamente aspectos produtivos e reprodutivos e, assim, o bolso do produtor.

Vacas devem estar em conforto térmico para serem mais eficientes, isto é, não precisam dispor de mecanismos termorreguladores para estarem em sua zona termoneutra, e consequentemente, não estarão gastando energia para alcançar isto. Desta forma, esta energia será direcionada à produção de leite.

Sabe-se que, sob condições de estresse térmico, as vacas reduzem o consumo de alimento, na tentativa de diminuir a taxa metabólica e a produção de calor endógeno. Neste cenário, minimizar o estresse térmico evita, por exemplo, estas mudanças de consumo, o que influenciaria negativamente na produção de leite.

É importante enfatizar que quanto mais a vaca deixa de gastar energia tentando manter-se na zona termoneutra, mais ela disponibiliza esta energia para se alimentar e reverter isto em leite.

Pode-se citar a adoção de um manejo simples e extremamente eficiente. Collier (1985) já observava sobre o efeito positivo do sombreamento na produção de leite. Mesmo para vacas em transição, a sombra é eficiente em diminuir a carga térmica radiante e beneficiar a produção de leite subsequente (Tabela 1).



Em conforto térmico, as vacas descansam e aproveitam melhor os recursos oferecidos. Segundo Matzke (2003), vacas que produziram mais, também descansaram mais (Tabela 2). Em zona termoneutra, poderão usufruir mais e melhor de outros aspectos, que também são essenciais para a otimização da produção: adequada nutrição, saúde, área de descanso, temperatura, ambiente favorável para demonstrar comportamento natural.



Deve-se considerar que a ambiência, o conforto térmico e o BEA estão intimamente relacionados, entretanto, cada um tem sua própria definição e contribuição no sistema de produção. Entendê-los é de extrema importância para que as decisões sejam tomadas de acordo com a possibilidade e realidade de cada propriedade leiteira.

O que deve ser deixado bem claro nesse texto é que não se produz leite de qualidade sem considerar a importância dos aspectos citados. Cabe ao produtor adequar as ações positivas que deverão ser implantadas em seu processo produtivo, de forma que o planejamento seja a curto, médio e longo prazos, agregando consequentemente nos resultados finais esperados. É necessário que o primeiro passo seja dado.

Referências Bibliográficas

COLLIER, 1985. Citado por CAMPOS, E.F. (2009). Manejo e cuidados necessários durante o período de transição – Pré-parto. 
MATZKE, W. C. 2003. Behavior of large groups of lactating dairy cattle housed in a free stall barn. M.S. Thesis. Univ. of Nebraska, Lincoln.
SILVA, I.J.O. Ambiência Pré e Pós Porteira: novos conceitos da ambiência aninal. SIMCRA - Simpósio de Construções Rurais e Ambiência. Palestra - Cd-Rom -. UFV, Viçosa, 2012.
[Milkpoint]. 2012. O sistema de produção de leite não define o nível de bem-estar animal. 

IRAN JOSÉ OLIVEIRA DA SILVA

Engenheiro Agrícola, Professor Livre-Docente ESALQ/USP. Coordenador e Pesquisador responsável pelo NUPEA - Núcleo de Pesquisas em Ambiência. Especialista em Ambiência e bem-estar de animais de produção.

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VINÍCIUS ALVES

MARINGÁ - PARANÁ - TRADER

EM 08/10/2014

Parabéns pelo artigo, minha pergunta é: Como proporcionar um maior conforto termico para vacada em lactação com sistema de produção a pasto?
EDSON APARECIDO DOS SANTOS

CERQUEIRA CÉSAR - SÃO PAULO - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 25/09/2013

Num país onde a maior parte dos produtores de leite ainda utiliza o sistema de balde ao pé, ler um artigo desses soa como música aos ouvidos! Parabéns à autora e ao Milkpoint pela feliz escolha do tema. Por outro lado, pergunto: Existe estatística a respeito da parcela de produtores de leite no Brasil que conhecem o assunto, têm preocupação com seus efeitos e adotam práticas relacionadas com o BEA em caráter permanente em suas propriedades?
ROCCO ANSANTE

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 25/09/2013

O conforto termico deveria ser obrigatorio em toda cadeia produtiva do leite,pois o bem estar animal,BEA,é muito mais importante,do que se imagina.
JOSE ARIMATEIA DA SILVA

NATAL - RIO GRANDE DO NORTE - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 08/04/2013

É indiscutivel a necessidade de prover ambiencia e o Bem Estar Animal-BEA para a produção de leite, afinal as vacas em lactação precisam de um estado de completo relaxamento para "soltar" o leite. Se possivel deve ser oferecido uma ambiente com musica e da melhor qualidade...
IRAN JOSÉ OLIVEIRA DA SILVA

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/04/2013

Prezado Márcio.

Toda a discussão relacionada ao sombreamento e o barro formado nas regiões de manejo, estão relacionados com o dimensionamento das áreas de sombra. è importante que essas áreas não seja únicas ( ou melhor, grandes áreas). É importante  que seja distribuídas de modo a oferecer opções de escolha aos animais, sem ocorra uma grande frequência de uso.  É melhor que se tenha menores áreas sombreadas em maior numero espalhadas no pasto, do que uma grande área  de sombra. Acredito que essa é uma das medidas a serem providenciadas. Outro fato é a discrepância existente inclusive na literatura, com relação as  áreas ideais para a categoria animal. Perceba que a faixa indicada é muito variável. É importante um dimensionamento eficaz, considerando o conforto térmico e a relação custo benefício. Caso tenha interesse poderei enviar via e-mail, alguns trabalhos desenvolvidos nessa área. Segue o meu e-mail para maiores informações: iranoliveira@usp.br

Espero poder ajudá-lo.

Abraço, Iran
MÁRCIO F. TEIXEIRA

ITAPURANGA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/04/2013

Iran, bom dia !!



Gostaria de saber a sua opinião sobre as consequencias do sombreamento, em sistemas de produção à pasto, com a maior presença de barro. Estou arborizando as minhas áreas de descanço visando o conforto térmico e fazendo o possível para amenizar os problemas com barro. Na minha opinião o fundamental é disponibilizar sombra principalmente (e lógico tudo q vc disse, água....), depois procuramos corrigir os outros problemas decorrentes, já que meu sistema é à pasto e confinado durante 7 meses, na época seca do ano.

Abraço

Márcio

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