A cana-de-açúcar destaca-se como uma planta com elevado potencial para transformar energia solar em energia química, representada principalmente pela sacarose. O elevado teor deste nutriente na planta madura (31% da matéria seca), justamente numa época do ano em que as pastagens são escassas e deficientes em proteína e energia, faz da cana uma importante fonte energética para ruminantes durante o período seco. Isto é um fato importante em pesquisas realizadas em vários países tropicais.
Forrageira que se conserva "in natura" pois seu maior valor energético é no período "da seca", quando deve ser utilizada. Produz até 120 toneladas de massa verde/ha/ano. Apresenta o inconveniente de possuir grande quantidade de açúcar altamente solúvel no rúmen, que prejudica a digestão da fibra do bagaço. Possui, ainda, baixo teor protéico, devendo ser suplementada com farelos de oleaginosas ou uréia (0,5-1,0 % na matéria original, após período de adaptação). Pode ser utilizada para animais menos exigentes como ovelhas "secas" e animais adultos em geral.
Restos de cultura e subprodutos agrícolas
Alguns resíduos produzidos durante ou após a colheita de cereais, oleaginosas, tubérculos ou raízes e mesmo do processamento de frutíferas, podem ser utilizados para alimentação de ovinos. As palhadas são, geralmente, pobres em proteína, com baixo valor energético e palatabilidade. Podem ser utilizadas para manutenção de ovelhas secas, devidamente suplementadas com alimentos protéicos.
A utilização de palhas e cascas de arroz não é recomendada devido a sua baixa digestibilidade. Palhadas de milho, sorgo, aveia e trigo podem ser utilizadas para manutenção de ovelhas secas, suplementando-se com uréia (0,5-1,0%, com período de adaptação) e farelos de oleaginosas ou ração concentrada com elevado teor protéico (18-20%). Devem ser picadas ou moídas e misturadas a alimentos mais palatáveis. Palhadas de soja e feijão apresentam teor mais elevado de proteína bruta que as palhadas de cereais, mas também apresentam baixo teor energético, podendo ser utilizadas se complementadas neste aspecto. As vagens apresentam valor nutritivo mais elevado e as cascas dos grãos tem bom valor nutritivo.
Não é recomendada a utilização do bagaço de cana cru na alimentação de ovinos devido seu baixo valor nutritivo e palatabilidade, porém, quando hidrolizado, o bagaço de cana apresenta maior digestibilidade e, consequentemente, um valor energético maior, podendo ser utilizado na alimentação de ovelhas secas e animais pouco exigentes. Pode compor dietas para ovelhas secas, em até 40% na matéria seca e para cordeiros, em pequena proporção (10 a 20%), em dietas com elevada proporção de concentrados.
As ramas de mandioca, após a colheita das raízes e aproveitamento das manivas para novo plantio, podem ser utilizadas. Deve-se aproveitar o terço superior, que apresenta maior quantidade de folhas e menor de talos. Apresentam bom valor nutritivo e alta palatabilidade; possui entre 9-15% de proteína bruta e bom valor energético. Podem ser picadas e secas ou conservadas como silagem, sem necessidade de aditivos ou emurchecimento. As variedades de mesa (mansas) apresentam baixo teor de ácido cianídrico, mas as variedades para farinha, denominadas bravas, apresentam teor elevado desta toxina; picagem, secagem e ensilagem diminuem o teor desta substância e assim não causam problemas aos animais.
Para fornecimento "in natura" deve-se picá-la com antecedência (12 horas) para que o processo de autólise enzimática diminua a toxidez. Também é aconselhável a introdução gradativa das ramas na dieta, visando adaptar os animais ao seu consumo.
Resíduos de farinheiras são ricos em amido e podem ser utilizados para todas as categorias. Apresentam baixo teor de proteína bruta e minerais, principalmente cálcio e fósforo, mas bom valor energético, que varia em função do seu teor em amido e fibra. Substitui, parcialmente, o milho ou polpa cítrica e pode combinar-se com uréia ou farelos. Cascas de mandioca podem ser utilizadas, desde que seu conteúdo de solo aderido seja pequeno.
O resíduo de cervejaria úmido tem ao redor de 25% de proteína bruta e 60-65 % de NDT na matéria seca, podendo ser fornecida até 3 kg por ovelha/dia. Tem elevado teor de fibra e é bem aceito pelos animais, sendo considerado um alimento muito bom para ruminantes. A forma úmida, geralmente a mais disponível no mercado, apresenta o inconveniente de ter que ser utilizada rapidamente, pois sofre degradação rápida e acentuada, com o desenvolvimento de fungos, com o passar do tempo, podendo ser armazenada na forma de ensilagem. Utilização por mais de 5 dias deve ser evitada por perigo de intoxicação. A forma desidratada apresenta a vantagem de poder ser armazenada mais eficientemente, pode ser fornecido até 1,0 kg/ovelha/dia, todavia o custo é superior.