As novilhas representam uma grande fonte de gastos para uma propriedade leiteira, incluindo alimentos, instalações, medicamentos e mão-de-obra. E, o retorno de todo esse investimento somente acontece quando as novilhas chegam ao primeiro parto, salvo nas poucas situações onde se produz novilhas exclusivamente para a venda. Então, se o retorno advém do leite e da cria, o manejo empregado às novilhas deve ser tal que proporcione o melhor animal possível, com alto potencial para produção, mínimo custo para a fazenda e para o meio ambiente.

Sendo a alimentação o fator que mais onera a produção, ter o controle deste fator significa dizer que se produzirá uma novilha com excelente relação: quilo de leite produzido por quilo de alimento oferecido. A eficiência de uso do alimento depende de vários fatores, a exemplo da genética, da qualidade da forragem (digestibilidade), taxa e estágio do crescimento do animal, escore de condição corporal, gestação, estresse, nível de exercícios, etc.

A seguir, farei uma revisão resumida dos importantes conceitos sobre alimentação de novilhas, enfatizando eficiência alimentar, redução de custos de alimentação e geração de resíduos.

Balanceamento da dieta

O fornecimento da quantidade exata de nutrientes é sempre importante, em especial para animais em crescimento. No caso de fêmeas leiteiras, o controle do ganho de peso diário pode ser importante durante certas fazes do crescimento, sendo que em alguns casos, o uso de ração total e uma única alimentação diária pode ser uma boa estratégia para alcançar o objetivo.

Proteína

Normalmente antes da puberdade a dieta deverá ser um pouco mais rica em proteína e o nível de consumo um pouco mais alto. Deverá buscar fornecer dieta com 14 a 15% de proteína bruta e nível de consumo de 2,15% do Peso vivo. Após a puberdade, o teor de proteína pode cair para 13 a 14% e o nível de consumo para 1,65% do Peso vivo. Em ambas as situações, recomenda-se manter 30 a 35% de proteína solúvel nas rações. A proteína não degradável no rúmen não deve exceder 25 a 30% da proteína total. Pesquisas têm demonstrado que novilhas requerem proteína de alta qualidade, e que elas utilizam muito eficientemente a proteína degradável no rúmen. A boa noticia é que a ureia pode ser usada eficientemente como fonte de proteína solúvel.

Energia

O requerimento energético de novilhas é influenciado principalmente pelo tamanho, taxa de crescimento e ambiente. Existem duas maneiras de se conhecer o requerimento energético de uma novilha. Primeiro: dietas podem ser formuladas com densidade energética variável e fornecidas à vontade, permitindo que a novilha selecione o seu consumo energético. Segundo: formulações específicas são fixadas, geralmente altas, e uma quantidade conhecida é oferecida ao animal. De maneira geral, o consumo de energia pode ser ajustado para um ganho diário de 0,750 a 0,900 kg de peso vivo, ou então, 290 kcal de energia metabolizável por quilo de peso metabólico.

Fibra

Normalmente se verifica o oferecimento de altos níveis de fibra e forragem de baixa qualidade para controlar o consumo energético de novilhas. Na verdade, o requerimento por Fibra em Detergente Neutro (FDN) para novilhas ainda não estão bem definidos, especialmente para o conhecimento do limite mínimo. Mas, por segurança, não formular dietas com menos de 19% de FDN. Por outro lado, teor de fibra acima de 60 a 70% pode limitar o consumo de alimento. Como o nível energético afeta diretamente o ganho de peso, o acompanhamento deste por meio da pesagem dos animais é de grande importância.

Vitaminas e minerais

De maneira geral, os produtos disponíveis no mercado são suficientes para suprir as necessidades diárias por vitaminas e minerais. As empresas comercializam premix específicos para cada categoria animal, ficando fácil a solução deste problema. São poucos os casos onde formulações específicas são requeridas para suprir exigência de uma dada categoria animal.

Dicas importantes

As novilhas deverão ser pesadas rotineiramente, sempre no mesmo horário e na mesma rotina, a fim de calcular o ganho médio diário. O conhecimento do ganho é importantíssimo para estimativa do desempenho do animal e possíveis correções na alimentação. Uma pesagem por mês é suficiente, mas pesagens a cada 15 dias podem ser feitas em caso de disponibilidade de mão-de-obra e infra-estrutura. Em fazendas com grande número de animais, e na impossibilidade de pesar todos, o que seria ideal, pode-se realizar uma amostragem representativa e pesar o maior número de animais possíveis.

Para um manejo alimentar mais eficiente é interessante separar os animais em grupos por tamanho. Como as demandas por nutrientes são correlacionadas com o tamanho do animal, esta estratégia pode simplificar esta atividade, Recomenda-se manter animais de até 4 meses de idade separados de demais categorias do rebanho. Na composição dos grupos, procure não ter uma variação de idade maior do que 2 a 4 meses ou 90 kg de peso vivo. Após a inseminação os grupos podem suportar variação de peso de até 140 kg.

Para animais estabulados, evite palhas e serragens como produtos para compor a cama de novilhas, pois animais jovens têm apetite voraz e podem consumi-los, afetando o desempenho. Este fato passa a ser ainda mais importante quando os animais estavam ganhando peso acima do recomendado e passaram a ser alimentados de forma restrita para correção do ganho de peso diário.

Considerações finais

O manejo alimentar, em especial dos 4 aos 22 meses determina o potencial produtivo da futura vaca leiteira. Pesquisas demonstraram que novilhas devem ganhar peso em uma faixa ideal, sem passarem por privação de comida, ou recebê-la em demasia. Em alguns casos, um sistema de consumo restrito com alimentos concentrados pode reduzir custos, reduzir a excreção de nutrientes e aumentar a eficiência alimentar sem comprometer a futura produção de leite.