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A consorciação de plantas forrageiras e o perfil da gordura do leite

POR DANIEL AUGUSTO BARRETA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/04/2018

3 MIN DE LEITURA

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Autores do artigo: 

Daniel Augusto Barreta e Beatriz Danieli > Zootecnistas e mestrandos do PPGZOO UDESC.

Ana Luiza Bachmann Schogor > Zootecnista, Professora Doutora do Departamento de Zootecnia da UDESC Oeste.

Atualmente, é comum observarmos vacas leiteiras criadas à base de pasto alimentando-se essencialmente de monoculturas de forragem, geralmente apenas gramíneas de gênero C3. Quanto aos animais confinados, uma característica comum dos sistemas é a alimentação regular, leia-se, os mesmos ingredientes e porcentagens ao longo do ano. Nestas duas situações é praticamente inexistente o emprego de leguminosas na dieta dos animais.

Embora o uso de pastagens consorciadas promova diversos benefícios ao solo e as plantas, como o aporte de nitrogênio no sistema por meio do processo de fixação biológica de N, e a melhoria da qualidade nutricional da pastagem, principalmente em termos de PB e digestibilidade, a prática ainda é muito pouco explorada por produtores brasileiros.

No entanto, além destes benefícios, o uso de pastagens consorciadas tem mostrado um potencial de modificar o perfil de ácidos graxos (ou gordura) do leite. Tal fato tem chamado a atenção de muitos pesquisadores acerca deste tema, impulsionados diretamente pela demanda crescente de consumidores cada vez mais preocupados com a qualidade nutricional dos produtos que consomem.

Na maioria dos casos, as pesquisas que avaliam o perfil lipídico do leite buscam o aumento dos ácidos graxos poli-insaturados, em especial o ácido linoleico conjugado (CLA).  Shokryzadan et al. (2017) revisaram inúmeros estudos envolvendo o CLA e seus benefícios aos seres humanos, e os autores sentiram-se seguros em afirmar os efeitos benéficos do isômero CLA sobre o controle do peso corporal e também a inibição de diversos tipos de câncer em animais. No entanto, estas e outras questões como a diminuição do risco de doença cardiovascular em seres humanos ainda são controversos, embora os resultados preliminares sejam animadores.

Na literatura mundial, diversos estudos comparam sistemas à base de pasto com sistemas confinados e a influência disto no percentual de CLA no leite. Contudo, são escassos trabalhos que comparem apenas sistemas pastoris de monocultura com sistemas mistos. Os autores Rego et al. (2016), avaliaram vacas leiteiras da raça Holandesa em dois regimes de alimentação, em que no primeiro momento os animais foram mantidos em pastagem com suplementação de 5 kg de concentrado dia-1, e na sequência, os animais foram alocados em um confinamento no qual recebiam uma dieta composta por 60% de silagem de milho e 40% de concentrado. Após os 21 dias de confinamento as vacas retornaram a pastagem, que por sua vez era composta majoritariamente por azevém e trevo branco.

A concentração dos isômeros CLA no leite (g/100g de ácidos graxos totais) foi semelhante entre as duas etapas de pastagem, e estas, superiores ao período que os animais permaneceram confinados (1,71 e 1,58 vs. 0,85). Os mecanismos que explicam estas mudanças não estão completamente elucidados. Todavia, a principal hipótese é de que as leguminosas possuem compostos secundários, como os terpenos e os polifenóis que poderiam diminuir a taxa de biohidrogenação ruminal (Chilliard et al., 2007).

Lahlou et al. (2014) que trabalharam com vacas Holandesas confinadas versus animais à base de pastagem composta de 55% gramíneas e 45% leguminosas (trevo branco e vermelho) atribuíram a maior quantidade de CLA para os animais a pasto (1,06 vs. 0,71 g/100 g de ácidos graxos totais), devido aos polifenóis do trevo vermelho, os quais também poderiam proteger os lipídeos da biohidrogenação no rúmen.

Embora o mecanismo de ação destes compostos ainda não esteja totalmente claro, os resultados de pesquisa evidenciam a influência do consumo de leguminosas na composição do leite de vacas. Ao mesmo tempo, os trabalhos têm demonstrado que o consumo de produtos ricos em CLA parece ser promissor para a saúde humana. Aqui, gera-se então uma hipótese de que alimentar vacas com pastagens consorciadas pode ser uma alternativa para enriquecer ainda mais a qualidade nutricional do leite. Neste contexto, abre-se o precedente: podemos futuramente explorar este nicho de mercado?

Referências bibliográficas

SHOKRYZADAN P et al. 2017. Conjugated Linoleic Acid: A Potent Fatty Acid Linked to Animal and Human Health. Food Science and Nutrition. 57: 2737-2748.

REGO AO et al. 2016. Changes in milk production and milk fatty acid composition of cows switched from pasture to a total mixed ration diet and back to pasture. Italian Journal of Animal Science. 15: 76-86.

CHILLIARD Y et al. 2007. E?ects of white clover content in the diet on herbage intake, milk production and milk composition of New Zealand dairy cows housed indoors. Europe Journal Lipid Science Technologic. 109:828-855.

LAHLOU MN et al. 2014. Grazing increases the concentration of CLA in dairy cow milk. Animal. 8: 1191-1200.

DANIEL AUGUSTO BARRETA

Zootecnista, Núcleo de Pesquisa em Pastagem - UDESC/CAV

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EDILSON SILVEIRA BORGES

ESMERALDA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/05/2018

Queria saber qual a melhor fórmula de adubo para trevo e qual seria o pH do solo ideal
DANIEL AUGUSTO BARRETA

XANXERÊ - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 03/05/2018

Olá Edilson, o pH ideal do solo para o cultivo dos trevos é 6,0. Quanto ao adubo ideal, não há como definir exatamente, o mais recomendado é realizar uma análise de solo.

Quanto ao nitrogênio, é importante realizar uma boa inoculação das sementes, já a adubação com P e K varia de acordo com os níveis no solo. Para níveis médios de fertilidade as doses recomendadas são de 100 e 90 Kg/ha de P2O5 e K2O, respectivamente (CQFS, 2016).

Att. Daniel Augusto Barreta

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