Segundo a classificação de Köppen existem 5 (cinco) tipos de clima no Brasil. Demonstração na figura 1:
Fonte: Adaptada de Muller, 1989
Figura1. Climas do Brasil
Ao estudar a importância do clima tropical sobre o comportamento, bem-estar, produção e reprodução animal, deve-se, também, conhecer a influência direta e/ou indireta dos elementos climáticos sobre o clima e os animais.
Elementos climáticos são grandezas meteorológicas que variam com o tempo e o espaço. Estes é que irão afetar o clima de uma região e influenciar na tomada de decisões para se conseguir a manutenção do conforto térmico para os animais durante o dia. Exemplos na figura 2:
Figura 2. Elementos climáticos e sua influência nos animais.
Os elementos climáticos como temperatura do ar, umidade relativa, radiação solar e velocidade do vento irão influenciar na zona de conforto térmico dos ovinos, conseqüentemente no bem-estar, comportamento, consumo, produção e reprodução.
Durante o dia pode haver mudanças de temperaturas, obrigando os animais utilizarem mecanismos comportamentais e fisiológicos de adaptação a curto, médio e longo prazo para manter sua temperatura corporal dentro da zona de conforto térmico normal.
Dentro da zona de sobrevivência dos animais existem: Zona de termoneutralidade (conforto), zona de hipotermia (estresse por frio) e zona de hipertermia (estresse por calor).
a) Zona de termoneutralidade: Corresponde aos limites de temperaturas em que não há mobilização de recursos termorreguladores para ajuste de condições ambientais.
b) Zona de hipotermia: Corresponde aos limites de temperaturas inferiores em que os animais sofrem estresse por frio e precisam mobilizar recursos termorreguladores na tentativa de aumentar sua temperatura corporal e voltar à zona de termoneutralidade.
c) Zona de hipertermia: Corresponde aos limites de temperaturas superiores em que os animais sofrem estresse por calor e mobilizam recursos termorreguladores para diminuir sua temperatura corporal e voltar à zona de termoneutralidade.
Os recursos termorreguladores citados acima são:
- Hipotermia: Buscam sol, lugares secos, refugiam-se dos ventos, pisos quentes, diminuem consumo de água, aumentam consumo de alimento, vasoconstrição, piloereção, não suam, aumentam metabolismo e tremor muscular.
- Hipertermia: Buscam sombra, lugares molhados, expor-se aos ventos, pisos frios, aumentam consumo de água, reduzem consumo de alimento, vasodilatação, pêlos normais, sudoração e diminuem o metabolismo.
Fonte: Müller (1989), Pereira (2005), Silva (2000) e Ferreira (2005).
Figura 3. Temperaturas críticas ambientais
Os ovinos possuem, segundo os autores da tabela 1, zona de conforto térmico:
A zona de conforto térmico é sugestiva e, conseqüentemente, irá variar de acordo com a raça; sexo; categoria animal; estado fisiológico; adaptabilidade; elementos climáticos atuantes na região, bem como localização, estrutura, cobertura e altura das instalações zootécnicas que abrigam os animais.
Para identificar provável desconforto, a temperatura retal é uma boa indicadora da temperatura corporal. A temperatura retal média de ovinos adultos varia de 38,5 a 39,5 ºC. Outro parâmetro importante a ser acompanhado é a freqüência respiratória, que o normal está em 32 movimentos por minuto.
Tanto a temperatura retal quanto a freqüência respiratória são fáceis de serem avaliadas nas propriedades, bastando apenas atenção na mensuração:
a) Temperatura retal: Uso de um termômetro digital humano ou veterinário colocado no reto numa profundidade de 5 (cinco) cm durante 2 minutos.
b) Freqüência respiratória: Contagem dos movimentos respiratórios (inspiração e expiração) no flanco dos animais durante 15 (quinze) segundos e multiplicar por 4 (quatro) para obter movimentos/minuto.
Além de se preocupar com a alimentação e sanidade dos ovinos, é importantíssimo e inadiável avaliar seu bem-estar e sua adaptabilidade ao clima tropical, ainda mais agora com previsto aquecimento global que poderá influenciar diretamente e indiretamente toda a cadeia de produção animal.
O sucesso da exploração ovina em altas temperaturas dependerá das ações realizadas agora, ou seja, é preciso:
- conhecer o comportamento normal e sob estresse por calor dos animais;
- modificar as instalações para facilitar dissipação de calor, ventilação e diminuição da radiação solar;
- selecionar os animais mais adaptados e produtivos às altas temperaturas.
Portanto, chegou a hora dos pesquisadores, técnicos e produtores avaliarem os animais, selecioná-los e testarem sua adaptabilidade, resistência e seu desempenho sob as condições térmicas altas. Com isso, encontrar-se-á soluções para produção de ovinos em altas temperaturas. A ovinocultura permanecerá crescendo e solidificará como uma exploração viável economicamente e com qualidade.
Referências Bibliográficas
FERREIRA, R.A. Maior produção com melhor ambiente para aves, suínos e bovinos. Viçosa - MG: Aprenda fácil, 2005.
MÜLLER, P.B. Bioclimatologia aplicada aos animais domésticos. 3ª ed. Porto Alegre - RS: Editora Sulina, 1989.
OLIVEIRA, F.M.M.; DANTAS, R.T.; FURTADO, D.A.; NASCIMENTO, J.W.B. & MEDEIROS, A.N. Parâmetros de conforto térmico e fisiológico de ovinos Santa Inês, sob diferentes sistemas de acondicionamento. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.9, n.4, p.631-635, 2005.
PEREIRA, J.C.C. Fundamentos de bioclimatologia aplicados à produção animal. Belo Horizonte: FEPMVZ, 2005.
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STARLING, J.M.C., SILVA, R.G., NEGRÃO, J.A., MAIA, A.S.C., BUENO, A.R. Variação Estacional dos Hormônios Tireoideanos e do Cortisol em Ovinos em AmbienteTropical. Revista Brasileira de zootecnia, v.34, n.6, p.2064-2073, 2005.