Segundo o IBGE (2001), a região nordeste do Brasil possui um rebanho com cerca de 7.336.985 ovinos e 8.032.529 caprinos, representando, respectivamente, 51% e 93% do rebanho brasileiro. A maioria dessa população tem como base alimentar a utilização de pastagens nativas ou cultivadas, no entanto, com a estacionalidade de produção das forrageiras é necessária a busca por alimentos alternativos (SILVA e SANTOS, 2006).
Estima-se que cerca de 400 mil hectares de palma forrageira estão implantados na região nordeste, sendo considerada uma fonte energética de baixo custo, por ser rica em carboidratos não-fibrosos (CNF) rapidamente digeríveis no rúmen e de boa disponibilidade na região.
A palma forrageira sem espinho não é nativa do Brasil, foi introduzida por volta de 1880, em Pernambuco, através de sementes importadas do Texas- Estados Unidos. No Nordeste do Brasil são encontrados três tipos distintos de palma: a) gigante - da espécie Opuntia fícus indica; b) redonda - (Opuntia sp); e c) miúda - (Nopalea cochenilifera) (SILVA e SANTOS, 2006).
A espécie mais cultivada no Nordeste é a palma doce ou miúda (Nopalea cochenilifera) cujas raquetes alongadas possuem em média 25 cm de comprimento. É a menos resistente à falta de água, porém a mais palatável e nutritiva. Também é cultivada, embora em pequena escala, a palma gigante (Opuntia ficusindica), com raquetes em forma oval com até 50 cm de comprimento e a palma redonda (Opuntia sp), com 40 cm de comprimento em formas arredondadas.
A palma é resistente à falta de chuvas, armazena uma grande quantidade de água e tem alta digestibilidade. A produção obtida em um hectare de palma adensada (sistema onde se utiliza os espaçamentos, entre fileiras e raquetes, menores que os normalmente usados pelos agricultores, ou seja, numa mesma área pode se plantar quantidade maior de raquetes) é de aproximadamente 30 toneladas de matéria seca de palma a cada dois anos.
A palma forrageira, em regiões do semi-árido, é a base da alimentação dos ruminantes, pois é uma cultura adaptada às condições edafoclimáticas, além de apresentar altas produções de matéria seca por unidades de área. É uma excelente fonte de energia, rica em carboidratos não fibrosos, 61,79% (Wanderley et al., 2002) e nutrientes digestíveis totais, 62% (Melo et al., 2003). Porém, a palma apresenta baixos teores de fibra em detergente neutro, em torno de 26% (FDN) (Mattos et al., 2000).
A palma não pode ser fornecida aos animais exclusivamente, pois apresenta limitações quanto ao valor protéico e de fibra, não conseguindo assim atender as necessidades nutricionais do rebanho. Então, torna-se necessário o uso de alimentos volumosos e fontes protéicas.
Segundo Albuquerque et al. (2002), animais alimentados com quantidades elevadas de palma, comumente apresentam distúrbios digestivos (diarréia), o que, provavelmente, está associado à baixa quantidade de fibra dessa forrageira. Daí a importância de complementá-la com volumosos ricos em fibra, a exemplo de silagens, fenos e capins secos.
A palma forrageira apresenta baixo conteúdo de matéria seca quando comparada à maioria das forrageiras. Este aspecto compromete o atendimento das necessidades de matéria seca dos animais que recebem exclusivamente palma e, provavelmente, a elevada umidade limita o consumo pelo controle físico, por meio do enchimento do rúmen. Portanto, vale ressaltar que a elevada umidade observada na palma forrageira, independente da cultivar, é uma característica importante, tratando-se de região semi-árida, pois atende grande parte da necessidade de água dos animais, principalmente no período seco do ano (Santos et al., 2001).
Normalmente dietas compostas com palma apresentam elevado teor de matéria mineral devido à alta concentração de macroelementos minerais que a mesma contém (Melo et al., 2003).
Figura 1. Palma Adensada no Sertão Alagoano
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