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Ureaplasma e a reprodução animal

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2002

4 MIN DE LEITURA

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O Mycoplasma e o Ureaplasma, juntamente à Brucella abortus, às Leptospiras e ao Campylobacter constituem o grupo de bactérias que causam as principais doenças reprodutivas em bovinos. Em linhas gerais, as causas de doenças associadas à reprodução podem ser divididas em infecciosas e não infecciosas. Dentre as infecciosas destacam-se as bactérias (sendo que as mais importantes estão citadas acima), os vírus (IBR, BVD,...), protozoários (Trichomonas faetus, Toxoplasma gondii,...) e os micóticos (Aspergillus spp, Cândida tropicalis,...).

Muitas vezes, o Ureaplasma é intitulado de Mycoplasma, mas na realidade são gêneros diferentes da Classe Mollicutes. Algumas características que diferenciam o Ureaplasma são a habilidade de hidrolisar uréia e o fato de serem menores do que as colônias de Mycoplasma. Todavia, os mecanismos de virulência são semelhantes, incluindo a alteração da resposta imune e a produção de amônia e peroxidade.

O Ureaplasma diversum está associado à infertilidade com repetição de cio, à vulvite granular com descarga mucopurulenta, à endometrite, à salpingite, ao aborto e ao nascimento prematuro. Na vulvite granular os nódulos aparecem na vulva de um a cinco dias após a infecção, e persistem por vários meses. No início, são cinza ou avermelhados com um a dois milímetros de diâmetro, e, com o tempo, tornam-se pequenos e translúcidos. Observa-se ainda hiperemia na vulva.

Os casos de infertilidade com repetição de cio ocorrem devido à morte do zigoto antes do 14o dia, ou devido à morte embrionária. Nem sempre os animais com infertilidade causada pelo Ureaplasma diversum apresentam a vulvite granular. Os casos de aborto ocorrem principalmente no terço final da gestação. Nestes casos o Ureaplasma diversum causa placentite crônica e pneumonia no feto.

No Canadá, o Ureaplasma diversum, foi diagnosticado como uma das mais freqüentes causas de aborto. No Brasil, em 1997, este organismo foi isolado em 23% das amostras de muco colhido de vacas com problemas reprodutivos. Este mês, no XXIX Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, realizado em Gramado, foi publicado um estudo que avaliou a relação entre a presença do microrganismo, a extensão e a gravidade das lesões encontradas na vulva de 93 fêmeas bovinas repetidoras de cio, submetidas exclusivamente ao programa de inseminação artificial, das raças Holandês e Pardo Suíço. As análises das amostras do conteúdo das lesões de vulvovaginite foram feitas no Instituto Biológico-SP. Observou-se que a presença do agente esteve positivamente relacionada à presença de lesões na mucosa vulvovaginal, especialmente àquelas com leve hiperemia e presença de poucas vesículas.

A virulência da cepa do Ureaplasma diversum, o grau de resistência do animal e o número de prévias exposições ao organismo determinam a probabilidade da ocorrência da enfermidade. As novilhas em fase reprodutiva são os animais com maior risco de contraírem a infecção. A infecção natural com o Ureaplasma não confere proteção contra possíveis reinfecções, por isso mesmo, após a eliminação deste organismo do útero, podem ocorrer infecções subseqüentes. Pesquisas procuram alcançar uma vacina eficaz contra a infecção, mas ainda não obtiveram sucesso.

Os relatos de tratamento com melhores resultados são obtidos com a chamada IPI (infusão intrauterina após a inseminação). Este tratamento busca melhorar as condições do ambiente uterino. O tratamento deve ser realizado 24 horas após a inseminação, os antibióticos não irritantes de escolha são a tetraciclina e a gentamicina (1 grama/ infusão). Casos crônicos, com lesões do endométrio e oviduto, podem não responder ao tratamento devido ao caráter irreversível das lesões.

O controle da doença deve enfocar todas as medidas que minimizam o contato com a vulva durante a inseminação artificial, transferência de embriões e nas infusões intra-uterinas.

Este artigo destaca apenas algumas das principais informações sobre o assunto, e foi realizado devido às inúmeras perguntas sobre este tema que chegam neste site. Devido à grande importância do tema, sua elevada prevalência e o impacto sobre a produtividade do rebanho do Ureaplasma diversum, será ainda assunto de muitas pesquisas e seus resultados serão também destacados em futuros artigos.


Fonte:

KIRKBRIDE, C. A. Mycoplasma, Ureaplasma, and Acholeplasma Infections of Bovine Genitalia. Vet. Clin. Nort. Am. Food Am. Pract., v.3, n.3, p.575, 1987.

Microbial Agents Associated with Bovine Genital Tract. Veterinary Bulletin, v.62, n.9, 1992.

SANDERSON, M.W.; CHENOWETH, P.J. The role of Ureaplasma diversum in Bovine Reproduction. . Medicine e Management - Food animal, v.21, n.3, p.98, 1999.

METTIFOGO, E. Efeitos da infecção por micoplasma no trato reprodutivo dos bovinos: diagnóstico, controle e tratamento - Revisão. Rev. Bras. Reprod. Anim., v.24, n.2, p.83, 2000.

MILLER, R. Ureaplasma diversum as a cause of reproduction disease in cattle. Vet. Clin. Nort. Am. Food Am. Pract., v.10, n.3, p.479, 1994.

CARDOSO, M. V.; BLANCHARD, A.; FERRIS. S.; VERLENGIA, R.; TIMENETSKY, J.; CUNHA, R.A.F. Detection of Ureaplasma diversum in cattle using a newly developed PCR-based detection assay. Veterinary Microbiology, v.72, p.241, 2000.

KUNZ, T.L.; OLIVEIRA FILHO, B.D ; GAMBARINI, M.L.; CARDOSO, M.V. CARVALHO, F.J. GALINDO JÚNIIOR, E.C. Isolamento do Ureaplasma diversum em vacas leiteiras, de alta produção, repetidoras de cio. In: CONBRAVET, 29, Gramado, 2002. Anais. p.100.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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RUY CESAR PADULA

OUTRO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/10/2002

TEMOS NECESSIDADE DE SABER MAIS SOBRE TODOS OS PROBLEMAS QUE ATRAPALHAM A REPRODUÇÃO.

PARABÉNS POR ESTA MATÉRIA. EXISTE MUITO POUCA INFORMAÇÃO SOBRE ESTE ASSUNTO
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