ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Superlotação de free stalls: prós e contras

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/05/2000

4 MIN DE LEITURA

0
0

Marcelo Pereira de Carvalho

O objetivo de qualquer investimento é obter retorno sobre o capital investido da maneira mais rápida possível. No caso de instalações em fazendas de leite, a premissa continua válida. Um exemplo bem prático é a lotação utilizada em confinamentos do tipo free stall. Considerando a necessidade de otimizar a estrutura física, quanto mais vacas forem alojadas, maior a diluição do capital imobilizado. A contrapartida disto é que diminui o espaço útil por animal, dificultando a dissipação do calor produzido, elevando a chance de doenças respiratórias e, em suma, prejudicando o conforto animal.

Recomendações vigentes há cerca de 10 anos indicavam que se poderia trabalhar com superlotação de 10 ou até 15% a mais de vacas em relação ao número de camas disponíveis, uma vez que nem todas as vacas deitariam nas camas ou estariam comendo ao mesmo tempo. Porém, tem-se notado nos últimos tempos um questionamento a respeito desta regra, havendo até quem recomende trabalhar com sublotação, isto é, menos vacas do que baias. A argumentação é que ter menos vacas com maior produção (e menos problemas a lidar) é mais negócio do que ter mais vacas com menor produção e potencialmente mais problemas. É evidente que tal equação depende do quanto se compromete em produção ao superlotar, além do preço do leite, custo da instalação e outras variáveis mais.

Em trabalho realizado no nordeste dos EUA, foram avaliados os efeitos da superlotação de 30% comparados a 0%, ou seja, mesmo número de vacas e camas, em free stall com 2 fileiras de camas em cada lado do barracão. Na situação de superlotação, a ára útil por animal foi de 5,85 m2, ou passo que na situação normal foi de 7,61 m2/vaca. Obs: como área útil considera-se a área de camas e corredores do free stall. O espaço de cocho por animal foi de 0,72 m na situação sem superlotação e 0,56 m na situação com superlotação.

O gráfico 1 mostra as diferenças de comportamento entre os 2 grupos. Em ambos, 3 turnos principais de alimentação ocorreram, coincidindo com o período pós-ordenha. A diferença entre os grupos em relação a vacas se alimentando no cocho cerca de 1 hora após as ordenhas foi elevada e significativa (P < 0,05), variando entre 45 e 66% para o lote não superlotado e apenas 30 a 38% para o outro grupo. Ainda, entre 37 e 43% das vacas no lote não superlotado ingeriram alimento no momento da passagem do trato, ao passo que apenas 18 a 21% das vacas do outro grupo tiveram este comportamento.

 

Gráfico 1



O gráfico 2 mostra ainda que de 95 a 100% das baias do grupo superlotado estavam ocupadas 1 hora após a ordenha, indicando que, havendo concentração excessiva de animais, muitos acabam preferindo deitar em vez de se alimentar, pois a dominância de algumas vacas se sobressai nesta situação. Também, a argumentação de que vacas que não estariam deitadas estariam comendo é questionável, pois o tempo gasto em pé pelas vacas no lote superlotado, aguardando uma baia livre, foi maior do que o tempo dispendido no cocho.

 

Gráfico 2



Os dados ainda mostraram que a ocupação média das baias no lote sem lotação excessiva foi de 66% ao longo das 24 horas diárias, contra 91% no lote superlotado (P < 0,05).

Em relação à ruminação, também houve diferença considerável. O lote superlotado teve média de 28% de ruminação durante as 24 horas diárias, contra 37% do outro lote (P < 0,05). Enquanto que por alguns momentos se passou de 40% de vacas ruminando no lote mais folgado, chegando a 55%, em nenhum momento o lote superlotado passou de 32% de vacas ruminando.

Apesar de tudo isto, não houve diferença no consumo de MS entre os 2 grupos, sendo em média de 23,41 kg de MS para o rebanho sem lotação excessiva e 23,40 kg de MS para o rebanho com 30% de superlotação. Há que se considerar que a duração do trabalho foi curta, 3 semanas e meia, além de ter sido realizado em condições climáticas favoráveis.

Os resultados demonstram que é importante manter alimento fresco ao longo do dia e não só nos momentos que se seguem à alimentação, especialmente quando se trabalha com curto espaço de cocho por vaca. Também, embora o estudo não seja de forma alguma conclusivo (duração curta, não foi avaliada a produção de leite e outros parâmetros), fica claro que o stress social foi importante no lote superlotado, refletido no tempo gasto em pé pelas vacas e na reduzida ruminação, que pode ter efeitos de longo prazo importantes, motivados pela redução da produção de saliva e, com isto, menor tamponamento ruminal. Talvez este tenha sido o principal aspecto do trabalho.

Uma estratégia a se pensar é o redução da superlotação por exemplo em animais até 100 dias de lactação ou com alta produção de leite.

Finalizando, para climas tropicais, a recomendação vigente é se trabalhar com área útil de 8 a 8,5 m2/vaca em free stalls.

 

********



fonte: Dr. Terry Batchelder (Cornell University) e MilkPoint

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures