O aumento do custo da mão de obra e do valor da terra no Brasil, principalmente a partir de 2006, são as principais razões para o número de produtores de leite recuar de forma expressiva nos últimos anos. Se não houver aumento de produtividade (litros/vaca ou litros/ha) o produtor forçosamente arrendará a terra, venderá a propriedade ou se dedicará a outra atividade.
De qualquer forma, todo o aumento de produção leiteira numa propriedade somente é alavancado pela maior produção e oferta de comida para o rebanho, em especial a silagem de milho.
Houve tempo em que a safrinha era uma cultura marginal. Aproveitava-se a adubação residual do plantio de verão e arriscava-se, sem maiores cuidados. Se o tempo ajudasse, com chuva no tempo certo e sem geada, a lavoura não se perdia e o pecuarista poderia ensilar o milho. O custo por tonelada produzida ultrapassava o das silagens de verão, mas poucos faziam as contas. Essa visão, porém, é coisa do passado. Devem ser plantados cerca de oito milhões de hectares de milho na próxima safrinha, indicando que, cada vez mais, uma boa parte da nossa silagem de milho será proveniente de uma segunda safra, seja em sucessão à cultura da soja ou, mais comum na região sul, em sucessão a uma primeira safra de milho.
Nos últimos anos, houve grande avanço tecnológico no cultivo do milho safrinha. A área atual, em breve, será maior que a de verão e as produtividades cada vez mais próximas, possibilitando a produção de silagens com maior qualidade e menor custo de produção. Durante o processo de profissionalização da safrinha alguns aspectos técnicos foram decisivos para a o incremento de produtividade. Entre eles, a seleção e plantio de cultivares de soja precoce, como estratégia de antecipar o plantio da safrinha e minimizar alguns efeitos de estresse como estiagem e as geadas; a seleção de híbridos adequados à época de plantio, combinando-se diferentes híbridos, cujas características principais como potencial produtivo, precocidade e defensividade sejam complementares; a adequação da população de plantas que, de forma geral, apresentaram os melhores resultados numa população final na faixa entre 55.000 e 62.000 plantas/ha; a redução de espaçamento entre linhas, de 90 para 45 cm, que tem por objetivo melhorar a distribuição espacial das plantas na lavoura, visando aumentar a interceptação da radiação solar e reduzir a evaporação da água do solo pelo fechamento mais rápido da cultura (Seleme, 2011).
Na Tabela 1 temos custos médios de produção de duas lavouras de milho com produtividades de 25 e 40 t/ha de massa verde (MV) para silagem. A menor despesa com fertilizantes não é uma questão de redução de custos, mais sim da menor extração de nutrientes decorrente da produtividade mais baixa. Na escolha da semente comparou-se um produto de custo bem menor, mas certamente de menor capacidade produtiva e/ou defensividade agronômica, implicando em maiores riscos de perdas agronômicas. Nota-se que quanto mais produtiva for a lavoura menor será o custo de produção por tonelada. A silagem feita com o milho da lavoura de 40t/ha, na qual se investiu mais em insumos, custa quase 40% menos por tonelada que a do outro plantio, em que se gastou menos e se obteve menor produtividade. Além do menor custo, a lavoura de maior produção de MV/ha também produz mais grãos, que são a principal fonte de energia na silagem de milho.
Quanto à qualidade da silagem, o ponto de maturação do milho, que está ligado ao teor de matéria seca da planta, deve ser um dos fatores de maior atenção. O ideal é colher as plantas quando os grãos estão no estádio farináceo duro (matéria seca entre 32% e 38%), com cerca de 95% do potencial produtivo de grãos. Por isso, a agilidade na colheita é fundamental para garantir a qualidade da silagem, principalmente na safrinha, quando a colheita tem de ser acelerada em razão do ciclo precoce do milho e do risco de perdas por doenças ou geadas.
O planejamento agronômico, porém, permite ampliar a janela de corte, combinando híbridos de ciclos diferentes e escalonando o plantio para que estejam no momento ideal de corte de modo sequenciado. Se a colheita for feita no momento certo, a qualidade da silagem dependerá da rapidez e eficiência das operações (corte, transporte e compactação).