A sanidade animal sempre foi importante e estratégica para qualquer país, principalmente para aqueles que, como o Brasil, são líderes na produção de alimentos. As notícias da incidência de surtos de febre aftosa, mal da vaca louca e gripe aviária, causando prejuízos ao comércio mundial e preocupação à saúde pública, intensificam a importância pelo tema sanidade animal.
A agenda é ampla, dentre esta, temas que envolve a erradicação da febre aftosa, a inocuidade dos alimentos, as zoonoses novas e emergentes, a eliminação da raiva humana e a cooperação das instituições nacional e internacional frente a problemas que surjam na agropecuária e saúde humana. Para isto, a ampliação da base de conhecimento sobre as doenças nas espécies animais permitirá a melhora dos métodos de controle e erradicação das enfermidades, principalmente aquelas que impactam a pauta de exportação.
A formação de equipes em sanidade animal e suas articulações, o intercâmbio com pesquisadores em outros países, a prospecção de novas idéias e formas de prevenção e controle das doenças serão objetivos no fortalecimento aos esforços anteriormente realizados. Como exemplo, destacam-se as tentativas de desenvolvimento de métodos de diagnósticos mais sensíveis, práticos e de custo acessível, bem como da escolha de abordagens técnicas para auxiliar a vigilância epidemiológica e a defesa sanitária animal, tendo como alvo as enfermidades em fase de preparo de campanha de controle e erradicação.
Novas estratégias de controle de doenças que permitam reduzir a dependência de compostos químicos e tenham ênfase na prevenção, podem gerar informações para as agências reguladoras, garantindo processos produtivos saudáveis e alcançando mercados específicos.
A busca por resultados nos programas de sanidade animal deverão ser pautados pelo uso da inovação da informação como instrumento de articulação e cooperação com as instituições de pesquisa, ensino e de defesa sanitária nacional e internacional, visando-se antecipar às perguntas e investigar o futuro. Estes objetivos tem como metas a segurança nacional e visão estratégica, em relação ao risco de introdução de novas doenças, as barreiras sanitárias e comerciais, o que aumenta a importância da Defesa Sanitária Animal e a responsabilidade dos setores público e privado para a sua implementação.
No plano do avanço do conhecimento, resultados deverão ser perseguidos no uso da genômica funcional como instrumento para obtenção de animais resistentes ao parasitismo/doenças, de marcadores moleculares e da proteômica na identificação de moléculas bioativas com potencial de controle de microrganismos causadores de doenças. A produção de novas fórmulas e biofármacos para uso humano e animal serão alvos prioritários. A exploração das características genômicas e proteômicas funcionais para detecção e tipagem de patógenos, análise de genes envolvidos na patogenia, na regulação da resistência e de interesse econômico, o sequenciamento do genoma de microrganismos impactantes para cada espécie animal, bem como a trangenia animal para produção de biofármacos para uso humano serão importantes no contexto animal versus saúde pública. A prospecção e a possibilidade da utilização da nanotectologia como ferramenta biotecnológica para o diagnóstico de doenças, no aumento do desempenho de medicamentos a tratamentos específicos pela liberação controlada e a nanomanipulação de genes serão também priorizadas como áreas estratégicas ao avanço da sanidade animal.
O uso de tecnologias biomoleculares poderão ser utilizadas para avaliar o efeito ambiente sobre a sobrevivência, virulência e detecção de microorganismos, antecipando, assim, as perdas na produção. A validação destas tecnologias visará também ao diagnóstico mais rápido e sensível das enfermidades. A implementação do estudo de vacinas específicas a cada espécie animal também deverá ser prospectada. A busca de experiência nas instituições internacionais no manejo de microorganismo semelhante será uma estratégia adotada visando identificar opções de abordagens que possam aumentar a eficiência dos processos de prevenção já desenvolvidos até então, como também prospectar instituições locais de estudo da microbiota ruminal com intuito de propiciar a redução da produção de metano, o qual representa um fator importante no aquecimento global.
Na questão da inocuidade dos alimentos procurar-se-á acompanhar o desenvolvimento e padronização de métodos rápidos e mais eficientes de detecção e quantificação de agentes biológicos e químicos, de forma a facilitar a rastreabilidade e o controle das matérias-primas e dos alimentos processados, o que garantirá maior segurança e qualidade dos produtos agropecuários. Novas estratégias de implementação da gestão associada à segurança e qualidade dos alimentos através de Boas Práticas Agropecuárias e de Fabricação, Produção Integrada e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle serão acompanhadas para a redução de perigos biológicos, químicos e físicos, ou seja, o uso de técnicas quarentenárias.
O aprimoramento do acervo do conhecimento existente na área de sanidade animal no contexto Brasil, se consolidará na execução de projetos estratégicos em rede em nível nacional e na validação de tecnologias. Novas propostas servirão para fomentar outras pesquisas criando oportunidades para áreas afins e para o aperfeiçoamento de pesquisadores e técnicos. Tendências novas e direcionamentos no diagnóstico e controle das doenças nas diversas espécies animais deverão ser discutidos em fórum específico, buscando-se o fortalecimento de políticas públicas e da Defesa Sanitária em nosso País.
A melhoria da capacidade interlaboratorial em sanidade animal no Brasil, a produção de insumos e a utilização de técnicas imunológica, microbiológica e molecular deverão ser prioridades com objetivo de fortalecer a nossa agenda ampla e estratégica para o País.