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Raiva bovina: uma ameaça para todos os tipos de rebanho - Parte 2/2

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/06/2002

3 MIN DE LEITURA

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No último artigo, a Raiva bovina foi abordada, sendo discutidas as vias de transmissão, sintomatologia e controle. No presente artigo, a Raiva bovina será novamente enfocada, sendo abordado um trabalho de pesquisa que avaliou o uso da terra como um fator determinante para a distribuição da enfermidade.

A raiva animal e sua transmissão são descritas desde a antigüidade. Historiadores romanos já descreviam a doença e, desde então, esta enfermidade acompanha a evolução dos tempos. Entretanto, antigamente, as fontes de alimento dos morcegos hematófagos eram os animais silvestres.

A colonização do Continente Americano induziu mudanças nas populações de morcegos hematófagos através da introdução de animais domésticos. Dentre as espécies hematófagas destaca-se o Desmodus rotundus rotundus como a espécie economicamente mais importante. Este morcego tem uma ampla distribuição na América Latina, indo do México à Argentina e Uruguai.

Já está definido que a epidemiologia da raiva bovina envolve fatores naturais como o habitat favorável ao morcego, bem como fatores sociais que estabelecem a forma com que o homem desempenha sua atividade econômica na natureza.

As modificações de ordem ambiental, como o desmatamento, instalação de mineradoras, usinas hidroelétricas, desenvolvimento e intensificação da pecuária e a introdução de monoculturas, conduziram à redução do número de animais silvestres, forçando os morcegos a se adaptarem a novos hospedeiros, principalmente à espécie bovina. Dados de pesquisa evidenciam que a disseminação da doença foi crescente ao longo das estradas de rodagem e leito de rios.

Pesquisadores já constataram que, no Brasil, para cada notificação apontada por diagnóstico clínico ou laboratorial, existem cerca de seis animais mortos pela doença. Outro dado interessante, e que alerta os criadores em relação às medidas de controle, determinou que o vírus encontra-se cerca de 20 km à frente do último caso de raiva notificado.

Poucas pesquisas enfocam a questão geográfica, econômica e social como um fator associado à epidemiologia e controle da doença. Porém, o trabalho de pesquisa aqui relatado objetivou avaliar a forma de ocupação da terra como um dos fatores determinantes da distribuição espacial da raiva bovina.

Neste trabalho, pôde ser observado que a raiva apresenta um expressivo aumento nos meses de abril a agosto, com pico no mês de junho. Além disso, os autores constataram uma intensa propagação da doença no estado de Minas Gerais (estado onde foi conduzida a pesquisa), conforme pode ser observado no Graf.1.

Gráfico 1- Tendência de municípios com raiva bovina em Minas Gerais
 


Fonte: Adaptado de Silva J.A.,et al. Arq. Bras. Vet. Zootec. 53(3):263-272, 2001.

O resultado final do trabalho determinou uma maior associação entre a raiva e as lavouras permanentes e temporárias, pastagens naturais e plantadas e com o efetivo bovino. Em contrapartida, foi observada uma menor associação entre a raiva e matas naturais e plantadas, lavouras em descanso e terras produtivas não utilizadas.

Pode-se concluir que a associação da raiva bovina com as lavouras permanentes e pastagens está associada à devastação das matas naturais e dos cerrados, que destrói os abrigos naturais e os alimentos dos morcegos, fazendo com que os mesmos mudem para outras áreas, como por exemplo as áreas de lavouras permanentes e pastagens onde ocorre maior presença de insetos, frutos e pequenos roedores.

Além disso, as áreas com lavouras e pastagens oferecem uma grande diversidade de abrigos para os morcegos, como as construções advindas do desenvolvimento agropecuário (túneis, bueiros, pontes, ...). Em contrapartida, a menor associação da raiva com matas naturais é devido à manutenção do nicho ecológico, fato que evita o maior deslocamento e ataque dos morcegos aos bovinos.

Quanto às matas plantadas, uma justificativa pode estar associada ao fato dos Eucalyptus sp. e dos Pinnus sp. serem pouco adequados à existência de animais tropicais, diminuindo a oferta de abrigo e alimento.

Com base nestas informações é fácil concluir que independentemente da raça, do grau de sangue e da qualidade nutricional da dieta oferecida, todos os rebanhos estão expostos ao morcego hematófago e desta forma, expostos à raiva bovina. No entanto, o tipo da exploração na região, conforme foi abordado neste artigo, é um fator que pode auxiliar no programa de combate, auxiliando a diferenciar as áreas de risco.

Fonte: Silva J.A.,et al. Arq. Bras. Vet. Zootec. 53(3):273-283, 2001.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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