ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Raças de ovinos leiteiros - pergunta de leitora do FarmPoint

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/09/2007

4 MIN DE LEITURA

9
0
A leitora Elídia Zotelli Dos Santos, estudante de zootecnia de São Paulo, enviou uma carta ao artigo Ovinocultura de leite - uma introdução, publicado dia na seção de Sistemas de Produção do FarmPoint (clique aqui para ler), na qual questionava os autores sobre as raças ovinas recomendadas para a produção leiteira no estado de São Paulo. Além disso, Elídia perguntou sobre o consumo interno dos derivados de leite de ovelha, como os queijos, por exemplo.

Rodrigo Emediato, zootecnista pela FMVZ/Unesp de Botucatu e Mestre e Nutrição e Produção de Ruminantes pela mesma instituição, e autor do artigo, enviou a seguinte resposta:

"Sua pergunta é uma das mais comuns para qualquer espécie, seja bovino, ovino, caprino, etc, assim como sobre qual a melhor forrageira para tais espécies. O que temos que pensar inicialmente é:

Quais raças temos disponíveis atualmente?

Resposta: a única raça comprovadamente leiteira é a Lacaune, a não ser que vamos pensar em importação de raças, aí as possibilidades aumentam.

Se for o caso, qual importar?

Cada país europeu possui uma ou duas, às vezes três raças melhoradas para o leite, geralmente, quando é mais de uma raça, é uma para a região de planície e outra de montanha, ou de uma região importante e dependente da ovinocultura de leite. Por exemplo a raça Serra da Estrela não é uma das raças mais produtoras, mas é uma raça importante de Portugal, da região de Serra da Estrela, de onde se faz o queijo Serra da Estrela. Existem lá cães pastores Serra da Estrela... assim você pode ver como esta região é dependente da ovinocultura e do nome para sobreviver. Além do queijo Serra da Estrela, um dos mais famosos e apreciados queijos, é também uma região turística importante de Portugal.

Quando pensamos em criar comercialmente uma espécie animal, temos que pensar primeiro na interação genótipo-ambiente, ou seja, será que a raça que eu quero irá se adaptar a minha região? Por exemplo: Será que a raça Santa Inês ou Dorper se adapta bem à regiões muito frias ou que nevam? Pensando que eles são originários de regiões tropicais e são deslanados, ou seja, não possuem isolamento térmico natural, provavelmente não seriam tão produtivos quanto em regiões tropicais.

Mas existem casos, como a vaca holandesa, que veio da Europa, região fria e é criada em praticamente todas as regiões do mundo, mas vacas puras e produtivas precisam de vários sistemas que mantenham o seu ambiente em temperaturas amenas para que os animais não percam produtividade. Por exemplo em Israel, há relatos de vacas criadas em ambientes com sistemas de refrigeração de ar, como um ar condicionado. Lá isto parece ser economicamente viável, mas será que aqui no Brasil isto também seria viável? Provavelmente não.

Entre as raças ovinas, também em Israel, criou-se uma raça, a Assaf, cruza de East Friesian (a holandesa das ovelhas) com a Awassi, ou seja, a Assaf é como se fosse a nossa Girolando. Assim a Assaf é menos produtiva e menos exigente (mais "rústica") que a East Friesian, e consequentemente mais produtiva e mais exigente que a Awassi. Portanto criaram uma raça intermediária e adaptada ao ambiente de Israel.

Outra coisa a se pensar é a finalidade da propriedade: Será para fabricar o quê? Apenas queijos? Queijos, iogurtes, etc? Vai ser produção artesanal ou industrial? Quanto se tem para investir? E aí entre as raças disponíveis, ver a que melhor se enquadra na situação pretendida.

Por exemplo, se a produção será artesanal, ou de baixa escala, tavez não seja necessário investir em uma East Friesian, que é mais exigente e mais produtora de leite, e sim em uma mais "rústica" com menor produção e que atenda aos objetivos da propriedade.

Para quem não tem experiência com a atividade, pode ser uma boa opção começar com uma raça brasileira, como a Bergamácia, por exemplo, pois além de já estar completamente adaptada ao Brasil, possui uma produção de leite razoável e está sendo estudada na UNESP de Botucatu para a produção de leite, além de provavelmente os reprodutores terem menores preços no mercado.

A Assaf parece ser também uma boa opção. Ouvi dizer que alguns empresários estão vendo a viabilidade de importar exemplares de Israel. Talvez num futuro de longo prazo, quando a atividade ser tornar importante no Brasil, possa ser pensado em desenvolver uma raça leiteira de ovino, como a Assaf.

Com relação ao consumo de derivados do leite ovino, primeiramente gostaria de salientar, que os queijos, iogurtes, sorvetes, etc não são subprodutos, são produtos da ovinocultura de leite. Os queijos ovinos importados são encontrados no mercado brasileiro na faixa de preços de R$150,00 a R$200,00/kg. Portanto são produtos extremamente nobre e sofisticados.

Bom, com relação ao consumo, assim como acontece com a carne de ovinos, a procura é maior do que a oferta, assim é necessário importar queijos, principalmente, a preços exorbitantes, mas mesmo assim tem consumo. Não é qualquer um que compra este tipo de produto, mas existe um potencial mercado que ainda é pouquíssimo explorado no Brasil. Quando você for em algum supermercado de rede observe a sessão de queijos, geralmente encontramos queijos caprinos e bubalinos à preços altos, e provavelmente estes queijos tem saída, senão o supermercado não iria estar sempre oferecendo. E o queijo ovino, você encontra? Geralmente não, pois os nacionais não dão cota de fornecer para estas redes e às vezes os importados ficam tão caros que as redes não querem correr o risco de ter o produto "encalhado" no estoque."

9

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

LUCIA HELENA MELO PEREIRA PANZA

RIO BONITO - RIO DE JANEIRO - OVINOS/CAPRINOS

EM 22/03/2019

Luiz, Boa Noite !! sou pequena produtora , tenho algumas ovelhas e preciso de uma informação; então não existe leite substituto para ovinos?
Grata!!!
Lúcia
LUCIA HELENA MELO PEREIRA PANZA

RIO BONITO - RIO DE JANEIRO - OVINOS/CAPRINOS

EM 22/03/2019

Boa Noite!
Leite de cabra pode ser dado ao cordeiro?
Lucia
LUCIA HELENA MELO PEREIRA PANZA

RIO BONITO - RIO DE JANEIRO - OVINOS/CAPRINOS

EM 22/03/2019

Boa noite! preciso de informação sobre leite para ovino.
Grata!!!
RICARDO

ACEGUÁ - RIO GRANDE DO SUL - ESTUDANTE

EM 28/05/2014

Como ocorre a variação na produção de proteína e gordura em ovinos, os dois componentes mais importantes para elaboração de queijos e, portanto essenciais para a produção de queijos?
TAMARA MARIA PEDROSA DE MELO

VIÇOSA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 04/06/2013

Rodrigo, sou estudante de Zootecnia da UFV e estou tendo dificuldades em encontrar assuntos relacionados com Manejo alimentar de Ovinos Liteiros. Você teria algo a dizer ou algo a me indicar? Muito obrigada!
EDUARDO PICCOLI MACHADO

ALEGRETE - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE OVINOS DE LÃ

EM 28/09/2007

Prezado Rodrigo,

Gostaria de saber qual raça de ovelha leiteira se adaptaria melhor ao clima da campanha gaúcha, onde se tem extremos de frio e calor, mas na maior parte do tempo o clima é temperado, mas em compensação temos pastagens naturais muito boas.

<b>Resposta do autor:</b>
Prezado Eduardo,

Com relação ao clima, o principal a se pensar e na umidade e não só temperatura. Raças lanadas possuem a vantagem de conseguirem sobreviver em qualquer tipo de temperatura, haja visto que o maior produtor de lã do mundo é a Austrália, país de clima extremamente quente e com regiões áridas. E na Europa, muito países produtores de leite possuem estações de neve e de calor.

Praticamente todas as raça leiteiras são lanadas, e a lã funciona como um isolante térmico tanto para o calor, quanto para o frio. Já se fosse uma raça deslanada, o frio pode ser um fator importante a ser considerado.

Por que e umidade é importante? Porque além de favorescer o desenvolvimento de larvas de nematóides (verminose), irá propiciar problemas de casco, doenças respiratórias, de pele, etc.

Já que comida de qualidade não é o problema, no seu caso, ao introduzir um animal de uma outra região ou país na sua área, o importante é fazer uma adaptação gradual do animal ao ambiente. Permita acesso à sobra e água limpa durante o período de calor, e abrigo durante o frio, sempre com alimentação de qualidade e abundante. Muitas vezes o animal rejeita o alimento no início por desconhecê-lo, mas aos poucos vai "pegando".

A adaptação ao ambiente/clima novo, pode demorar alguns meses, mas uma vez adaptado não há mais com o que se preocupar.

Animais mais jovens (borregos e borregas) se adaptam mais facilmente à climas diferentes do de sua origem do que animais adultos.

No Brasil, por enquanto, até onde sei, raça realmente leiteira é somente a Lacaune, que pode ser encontrada do Rio Grande do Sul à Minas Gerais, ou seja, parece que não haverá problema com a sua região.

Um abraço,
--
Rodrigo M. S. Emediato
Zoot. MSc Nutrição e Produção Animal
FMVZ/UNESP - Botucatu/SP
JORGE MOREIRA DOS SANTOS JR.

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 25/09/2007

Gostaria de aproveitar o gancho da pergunta e a boa vontade do autor das respostas e fazer outra pergunta: Onde, no Brasil, é possível se fazer um bom curso de queijos e outro derivados de leite de cabras e ovelhas? Muito grato!

<b>Resposta do autor:</b>
Prezado Jorge,

Existem fitas K-7 e DVDs de cursos de produção de queijos. não é o ideal, mas são razoáveis. Provavelmente existam muitos outros cursos de queijos caprino, mas eu conheço a Capritec, em São João da Boa Vista/SP e a Queijaria Escola de Nova Friburgo, em Nova Friburgo/RJ. Para queijos ovino acredito que ainda não deva existir curso, já que tão pouco são aqueles que fazem queijos de leite de ovelhas.

Um abraço,
--
Rodrigo M. S. Emediato
Zoot. MSc Nutrição e Produção Animal
FMVZ/UNESP - Botucatu/SP
FERNANDO JOSE DE AZEVEDO

SÃO CARLOS - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 25/09/2007

Como deve ser o esquema (nutricional) de desmame no caso de exploração leiteira de ovinos? Qual é o mínimo de tempo que o cordeiro deve mamar? Vou ter problemas com mamadeira e leite de vacas p/ acabar de criá-lo?

<b>Resposta do autor:</b>
Prezado Fernando,
O leite de vaca é o melhor substituto do leite ovino para cordeiros, uma vez que não existe no Brasil sucedâneo específico para ovino. Os que existem para bezerros não devem ser usados para cordeiros, pois como a proteína deste sucedâneo vem da soja, e o leite ovino é rico em proteína, os cordeiros "sentem" muito a diferença, não absorvendo esta proteína vegetal e a taxa de mortalidade de cordeiros nesta situação é alta.

Em países como Nova Zelândia, existem sucedâneos específicos para cordeiros que funciona muito bem, mas o custo para importá-los é muito alto, portanto, temos 3 opções: ter uma ou mais vacas leiteiras na fazenda para fornecer o leite, comprar leite fluido direto de laticinios ou de produtores de leite para pagar mais barato pelo produto, ou comprar leite em pó no atacado, pois assim pode-se estocá-lo por mais tempo e fazer menos compras do produtos. É possível encontrar leite em pó em sacos de 25 e 50 kg.

O sistema de desmama depende da sua disponibilidade de mão de obra, uma vez que amamentar cordeiros não é uma tarefa fácil. Deve-se deixá-lo pelo menos 3 dias com a mãe para que mame o colostro e depois alimentá-lo com leite em mamadeiras ou algum sistema de amamentação coletivo até no mínimo 30 dias.

Na Europa, muitos deixam o cordeiro mamar até 30 dias e aí faz-se a desmama e começam a ordenhar as ovelhas, ou usam o sistema misto, com uma ordenha matinal e separação do cordeiro apenas durante a noite, colocando-os juntos após a ordenha. Pretendo escrever um artigo só sobre este tema para esclarecer melhor os sistemas de produção mais utilizados nos países com tradição nesta atividade.

O mais importante quando se pensa é amamentar cordeiros é a higiene. Sempre mantenha a mamadeira ou baldes coletivo limpos, lave as mãos sempre antes de mexer com o leite dos cordeiros, assim como os utencílios utilizados no preparo do leite. O simples fato de sermos displicentes com a higiene resulta em alta mortalidade de cordeiros amamentados artificialmente.

Espero ter lhe ajudado,
Um abraço,
--
Rodrigo M. S. Emediato
Zoot. MSc Nutrição e Produção Animal
FMVZ/UNESP - Botucatu/SP
LUIS BERNABE CASTILLO GRANADOS

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RIO DE JANEIRO - PESQUISA/ENSINO

EM 20/09/2007

Para complementar a discussão do leite de ovelha sustentada pelo colega Rodrigo, eu tenho paixão e grande interesse em desenvolver a ovinocultura leiteira no Brasil. Como o colega comentou, a demanda é muito grande e o potencial produtivo ainda é pouquissimo explorado.

Na região Sul do Brasil tem dois produtores e beneficiadores já consolidados e exemplos do sucesso na atividade. Eu, que moro em Campos, interior do Rio de Janeiro, chega ao mercado o queijo de ovelha a 80 reais/quilo, e garanto que a demanda é muito grande, já que o que chega a prateleira acaba logo.

Eu morei e fiz minha especialização na Italia, pais onde uma boa parte da economia é movimentada através da produção e beneficiamento do leite de ovelha, e recentemente fiz um estudo da viabilidade tecnica destes ovinos no Brasil e garanto que é exelente.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures