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Quimioprofilaxia da babesiose bovina

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/11/2001

4 MIN DE LEITURA

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No penúltimo artigo publicado, foram mencionadas as perdas econômicas causadas pelos carrapatos. Neste texto, será abordada a quimioprofilaxia, uma medida de controle que visa reduzir as perdas econômicas causadas pelo Boophilus microplus.

Como já foi mencionado, o carrapato ao se alimentar pode introduzir no organismo do hospedeiro alguns agentes patógenos, dentre eles o Anaplasma marginale (causador da anaplasmose) e a Babesia bovis e B. bigemina (protozoário causador da babesiose). Ambas as doenças são comumente consideradas um só complexo de enfermidades, denominadas de Tristeza Parasitária Bovina. É importante destacar que, rotineiramente, a quimioprofilaxia é utilizada como uma medida de controle para a Anaplasmose, mas os pesquisadores envolvidos neste estudo têm observado que a quimioprofilaxia também tem apresentado resultados promissores no controle da babesiose. Desta forma, neste artigo serão abordados métodos de controle apenas para a Babesiose.

Nas áreas endêmicas com estabilidade para a babesiose, os animais são expostos ao carrapato vetor, Boophilus microplus, ainda nos primeiros dias de vida. Neste período, há proteção da imunidade passiva advinda do colostro, ocorrendo assim uma infecção subclínica. Mas, existem outros sistemas de criação, nos quais os bezerros recém-nascidos têm pouco ou nenhum contato com os carrapatos e quando futuramente são liberados em piquetes e pastos, têm o primeiro contato com o vetor, podendo apresentar sintomatologia clínica da babesiose (febre, depressão, anemia, icterícia e urina de coloração vermelha escura), e as conseqüentes perdas econômicas advindas da doença.

Nos casos citados acima e em outras várias situações, evidencia-se a necessidade da utilização de métodos de controle. Dentre as medidas de controle para esta enfermidade, destacam-se a premunição, a quimioprofilaxia e a vacinação com agentes atenuados. A vacina atenuada pode ser ministrada em sua forma tríplice (Babesia bovis, Babesia bigemina e o Anaplasma marginale). Entretanto, a vacina pode provocar uma manifestação clínica da enfermidade, sendo necessário em alguns casos, o tratamento para evitar as perdas.

A premunição apresenta elevados custos decorrentes dos tratamentos, mão-de-obra e das alterações de manejo necessárias para sua realização e, além disso, existem riscos de perda de uma percentagem dos animais durante o processo.

Dentro deste contexto, a quimioprofilaxia desponta como uma medida viável. Um grupo de pesquisadores de Minas Gerais estudou a eficiência deste método de controle no tratamento de bezerros experimentalmente inoculados com a Babesia bigemina, em uma propriedade com ocorrência de babesiose clínica.

Foram realizados dois experimentos: no primeiro, 18 bezerros machos da raça Holandesa, provenientes de propriedade com estabilidade enzoótica para Babesia sp., foram mantidos em instalações com piso de cimento, desde o nascimento até o término do experimento. Receberam colostro e seus títulos de anticorpos anti- B. bigemina foram detectados pela imunofluorescência indireta. Entre 7 e 14 dias de vida, os animais foram infectados artificialmente com a B. bigemina. Sete dias depois, 10 bezerros foram tratados, com diidroxitetraciclina - LA (Tetradur LA - 300), na dosagem de 20 mg/kg e 8 animais foram mantidos como controle, sem sofrer tratamento. Neste experimento, as condições foram semelhantes às que ocorrem em áreas endêmicas estáveis para a babesiose bovina, onde os animais se infectam nos primeiros dias de vida.

No segundo experimento, foram utilizadas 18 bezerras da raça Holandesa, as quais foram mantidas com suas mães por dois dias, sendo posteriormente transferidas para bezerreiros individuais até os 30 dias de vida. Em seguida, foram transferidas para bezerreiros coletivos, com acesso restrito a piquetes de Brachiaria decumbens, duas vezes por semana. Os títulos de anticorpos anti- B. bigemina destes animais também foram detectados pela imunofluorescência indireta. Dez bezerras foram tratadas com diidroxitetraciclina - LA, na mesma dosagem aos 45 e 66 dias de idade; e 8 animais foram mantidos como controle.

O experimento 1 foi realizado em condições semelhantes às que ocorrem em área endêmica estável para a babesiose bovina, onde os animais se infectam logo nos primeiros dias de vida. Os dados comprovaram que 87,7% dos animais do grupo controle apresentaram infecção, assim como nos casos naturais a parasitemia foi baixa, mas com acentuada redução do volume globular sangüíneo. Foi observado que a oxitetraciclina LA exerceu forte atividade babesicida no grupo tratado, sendo que apenas moderadas alterações de temperatura e volume globular sangüíneo foram encontradas.

Os autores destacam que a quimioprofilaxia exige conhecimento da epidemiologia da babesiose, sendo essencial que os animais sejam expostos à Babesia durante o período profilático para que ocorra infecção e desenvolvimento de imunidade. Teoricamente, haverá um ponto em que os níveis plasmáticos da droga serão suficientemente baixos para permitir que ocorra infecção, porém ainda elevados o suficiente para prevenir infecção aguda fatal.

No experimento 2, os animais foram expostos apenas 2 vezes por semana às baixas populações de carrapato (B. microplus). Após o período de pré-patência, os animais do grupo controle apresentaram infecção por B. bigemina. Os animais do grupo tratado apresentaram maior período de pré-patência (período que vai desde a inoculação do agente até o aparecimento dos sintomas clínicos) e menor redução do volume globular em relação à redução apresentada pelo grupo controle.

Os autores deste trabalho concluíram que, quando aplicada durante o período pré-patente da infecção, a diidroxitetraciclina apresenta atividade babesicida. Destacaram ainda, que o esquema de quimioprofilaxia testado pode ser utilizado nas áreas endêmicas estáveis, nas quais os animais são expostos gradualmente ao carrapato.

Figura 1) Animais jovens e saudáveis que através da quimioprofilaxia não sofreram os efeitos negativos da Tristeza Parasitária, exemplos que evidenciam a importância da utilização dos métodos de controle
 

 


Fonte: Ribeiro, M.F.B. et al. Quimioprofilaxia da babesiose bovina com diidroxitetraciclina de longa duração, Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v. 53, n.1, p.9-4, 2001.

 

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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