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Produção intensiva de cordeiros de corte

POR CLEDSON AUGUSTO GARCIA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/02/2007

10 MIN DE LEITURA

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Introdução

Nos últimos anos, aconteceram mudanças no mercado de produtos ovinos, tornando a carne o item principal e mais explorado deste agronegócio. Entretanto, essa espécie como produtora de carne, ocupa no Brasil posição ainda modesta em relação às demais, sendo sua maior contribuição mais no sentido social do que no quantitativo.

Para contornar a falta de hábito de consumo, existe a necessidade de ofertar carne com boa qualidade. Além disso, é importante que a mesma esteja disponível para comercialização ao longo do ano, o que para o ovinocultor também seria um incentivo econômico, pois este teria melhor remuneração pelo seu produto. Para tanto, torna-se necessária a busca de novos sistemas de produção de cordeiros, que promovam ritmo de crescimento mais acelerado, conseqüentemente reduzindo a idade de abate e proporcionando retorno rápido de capital.

No Brasil, a maioria dos criadores adota o sistema extensivo de criação de ovinos, enquanto que os empreendimentos com melhor emprego de tecnologia, realizam o confinamento após o desmame. A adoção de tecnologias vem sendo facilitada pelos trabalhos técnicos ligados às Universidades, Institutos de Pesquisa e Associações de criadores, contribuindo para a expansão e melhoria da qualidade dos produtos da espécie, buscando genótipos mais adequados, aliados ao bom manejo nutricional e profilático.

Para que ocorra a intensificação de produção, torna-se necessário adotar alternativas ao sistema convencional, fazendo com que os cordeiros tenham o máximo de ganho de peso possível, em menor tempo. Neste contexto apresenta-se como opção a suplementação exclusiva para os lactentes, desde os primeiros dias de vida, comumente conhecida por creep feeding (suplementação em cocho privativo). Esta prática consiste em fornecer alimentação suplementar somente para os cordeiros em aleitamento, em área inacessível às ovelhas. Este sistema ainda é pouco adotado a nível nacional, que tem como principal objetivo alcançar melhores índices zootécnicos, principalmente a redução na idade de abate dos cordeiros.

Na Universidade de Marília, no Setor de Ovinocultura, têm sido realizados trabalhos experimentais nesta área desde 1997, com abate dos cordeiros Suffolk, possuindo idade variando de 60 a 80 dias, com peso vivo de abate entre 28 a 30 kg. Os animais abatidos têm apresentado excelentes características de carcaça, além de boa qualidade da carne, atendendo o padrão exigido pelo mercado consumidor.

Além dessas vantagens, outro ponto importante a ser destacado é o menor custo de implantação do sistema, pois os ovinocultores que trabalham em sistema intensivo, geralmente adotam a técnica de confinamento, que necessita de instalações consideradas desnecessárias no sistema aqui preconizado.

Desta maneira, as pesquisas realizadas na UNIMAR têm tido como objetivo avaliar as diferentes dietas para cordeiros Suffolk criados e terminados em creep feeding, avaliando seus desempenhos e as características quantitativas e qualitativas das carcaças.

Resultados e discussão

Os cordeiros lactentes têm ritmo de crescimento acelerado, obedecendo à seqüência de deposição de tecido ósseo, muscular e finalmente o tecido adiposo (Reis et al., 2001). Geralmente, o leite e o pasto não atendem às exigências dos cordeiros nesta fase, principalmente quando a raça criada for de carne e com ciclo reprodutivo poliéstrico estacional, com parições ocorrendo nesta época de baixa disponibilidade de forragem.

Por esse motivo devemos trabalhar com a intensificação de produção, pois nesta fase as ovelhas aumentam drasticamente suas exigências nutricionais, devido à produção de leite, conseqüentemente torna-se necessário à suplementação das mesmas. A contribuição do leite no ganho de peso do cordeiro é fundamental até o pico de lactação das ovelhas, inclusive possui boa qualidade, portanto a partir desta fase aumenta-se consideravelmente o consumo de ração no creep feeding (Garcia et al. 2003; Silva et al. 2002).

Na Universidade de Marília têm sido realizados vários trabalhos com cordeiros alimentados e terminados em creep feeding, sendo resultados interessantes quando se fala em intensificação da ovinocultura.


Figura 1. Cordeiros se alimentando no creeper de madeira fixo.

No primeiro ano (1997) foram testados diferentes níveis de feno de alfafa (0, 15 e 30%) na dieta de cordeiros alimentados em creep feeding, além do milho e do farelo de soja, como parte do concentrado. Neste primeiro ensaio, o objetivo inicial era confinar os animais logo após o desmame, que foi realizado aos 56 dias. Entretanto, os resultados foram surpreendentes, pois os cordeiros permaneceram no confinamento apenas 22 dias após o desmame em média, tendo todos atingido o peso médio de 31 kg.

Além disso, neste mesmo ano, havia um outro grupo de cordeiros, que não recebeu nenhuma suplementação concentrada (testemunha), porém foram desmamados aos 70 dias, apresentando ganho médio nesta fase de 224 g/dia. Entretanto, após o desmame estes permaneceram em pastejo, apresentando um ganho médio de 138 g/dia, atingindo o peso vivo ao abate de 29,8 kg, o peso e o rendimento da carcaça fria de 12,27 kg e 41,17%, respectivamente, com a idade total de 132 dias (Neres et al. 2001).

No segundo ano de pesquisa (1998) foram avaliados diferentes pesos de abate (26 e 28 kg) e diferentes formas físicas das rações (farelada e peletizada) no mesmo sistema. Devido ao excelente resultado obtido no ano anterior, e ao tempo reduzido de permanência dos animais dentro do confinamento, neste ano estabeleceu-se a hipótese de abater os animais no desmame, alcançando o peso no próprio creep feeding, sem a fase de recria e engorda, e também foram alcançados resultados satisfatórios tanto na idade de abate quanto no padrão das carcaças (Neres et al. 2001).

No ano de 1999, o estudo objetivou verificar diferentes níveis de energia (2,6; 2,8 e 3,0 Mcal EM/kg MS) para cordeiros criados em creep feeding, avaliando o desempenho e características de carcaça dos cordeiros abatidos com 31 kg de peso vivo. Os resultados revelaram diferença significativa (P<0,05), para o ganho médio diário, com melhor desempenho para os cordeiros que receberam a ração com 3,0 Mcal EM/kg MS; para as demais características não houve efeito (P>0,05) entre os tratamentos. Os pesquisadores concluíram que o nível 3,0 Mcal EM foi o mais indicado para a ração de cordeiros Suffolk alimentados e terminados em creep feeding (Garcia et al. 2003).

No ano 2000, o trabalho objetivou estudar os efeitos dos níveis de substituição do milho grão seco moído pela silagem de grãos úmidos de milho (0; 50 e 100%) na ração de cordeiros alimentados em creep feeding, sobre o desempenho, nos pesos e rendimentos das carcaças. Os resultados revelaram que não houve efeito dos diferentes níveis de substituição para animais abatidos aos 28 kg de peso vivo, para nenhuma das variáveis analisadas. A opção pelo uso da silagem de grãos úmidos de milho ou de grãos de milho secos como componentes energéticos da dieta deve ser determinada pela análise de custos comparativos dos alimentos (Almeida Júnior et al. 2004).

Na Tabela 1 encontram-se os resultados do peso médio ao nascer, ganho médio diário, peso vivo ao abate, pesos e rendimentos da carcaça fria e idade média de abate dos diferentes anos de pesquisa (1997, 1998, 1999 e 2000).

Tabela 1. Resultados médios obtidos nos diferentes anos de pesquisa no Setor de Ovinocultura da Universidade de Marília, com a raça Suffolk.


*Peso vivo ao abate foi registrado no dia de abate, após os cordeiros permanecerem por um período de jejum alimentar de 15 horas, recebendo somente dieta hídrica; **RCF: rendimento de carcaça fria.

Ano de 1997: níveis de feno de alfafa (0, 15 e 30%); 1998: diferentes pesos de abate (26 e 28 kg) e diferentes formas físicas das rações (farelada e peletizada); 1999: níveis de energia (2,6; 2,8 e 3,0 Mcal EM/kg MS); 2000: níveis de substituição do milho grão seco moído pela silagem de grãos úmidos de milho na ração (0, 50 e 100%).


Figura 2. Ovelhas pastejando e cordeiros dentro do creeper metálico móvel.

No ano de 2001, Macedo et al. (2002) estudaram níveis de semente de girassol (0; 6,6; 13,2 e 19,80%) na ração de cordeiros Suffolk criados em creep feeding, avaliando o desempenho, características de carcaça e idade de abate dos mesmos. Os diferentes níveis não influenciaram nos parâmetros estudados, no entanto os cordeiros de todos os grupos atingiram o peso de abate ainda no desmame.

Em 2002, Ortiz et al. (2003) avaliaram os níveis de proteína bruta (15, 20 e 25%) na ração de cordeiros inteiros Suffolk alimentados e terminados em creep feeding, sendo avaliados os seus desempenhos, pesos e rendimentos das carcaças quente e fria, além da idade de abate. Os resultados demonstraram que houve efeito (p<0,05) dos diferentes níveis de proteína somente para o ganho médio diário de peso dos animais, que foi de 374; 362 e 407 g/dia, respectivamente. A ração com o nível de 25% de PB demonstrou melhores resultados, porém não interferindo nas características das carcaças, contudo os cordeiros de todos os grupos atingiram o peso de abate no momento do desmame.

No ano de 2003, Garcia et al. (2004a) estudaram os níveis crescentes de resíduo de soja em substituição ao farelo de soja (0, 30 e 60%) na ração de cordeiros alimentados em creep feeding, avaliando o desempenho, os rendimentos de carcaça e suas idades de abate. Os resultados revelaram que o nível de 0% de resíduo de soja em substituição ao farelo de soja apresentou o melhor resultado para ganho médio diário (P<0,05).

Desta maneira, não se recomenda o resíduo de soja em substituição ao farelo de soja na ração de cordeiros alimentados em creep feeding, porém tais níveis não influenciaram nas características de carcaça. No mesmo ano Garcia et al. (2004b) testaram diferentes níveis de suplementação restrita (0, 300 e 600 g de ração/dia) para cordeiras criadas em creep feeding, com ração contendo 25% PB e 3,3 Mcal EM/kg/MS.

Os resultados indicaram que as cordeiras alimentadas em creep feeding tiveram maior ganho de peso médio diário (P<0,05) até o desmame (60 dias), sendo de 276, 340 e 368 g/dia; respectivamente. Para o ganho médio diário até aos 30 dias não ocorreram diferenças significativas (P>0,05), pois nesta fase inicial o leite teve maior contribuição para o atendimento das exigências nutricionais das cordeiras. Os pesquisadores concluíram que é vantajoso o fornecimento de ração no creep feeding para cordeiras lactentes, contribuindo para o maior ganho médio diário ao desmame das mesmas.

Em 2004, Cidrão et al. (2005) avaliaram os níveis de proteína bruta no suplemento mineral sobre o desempenho e características da carcaça de cordeiros Suffolk criados em creep feeding, permanecendo nesta fase até os 70 dias. Os animais que não atingiram o peso de 28 kg para as fêmeas e 30 kg para os machos, posteriormente eram confinados até atingirem o referido peso. Os autores concluíram que os níveis de proteína não influenciaram nas características estudadas, podendo usar quaisquer níveis de proteína no suplemento mineral, dependendo somente em função do preço do produto.

Entretanto, ocorreu diferença (P<0,05) somente entre os sexos, sendo que os machos apresentaram superioridade de 20,51% para ganho de peso, com idade de abate de 83 e 93 dias, respectivamente, para machos e fêmeas, permanecendo 13 e 23 dias no confinamento, respectivamente.

Na Tabela 2 encontram-se os resultados do peso médio ao nascer, ganho médio diário, peso vivo ao abate, pesos e rendimentos da carcaça fria e idade média de abate dos diferentes anos de pesquisa (2001, 2002, 2003 2004 e 2005).

Tabela 2. Resultados médios obtidos nos diferentes anos de pesquisa no Setor de Ovinocultura da Universidade de Marília, com a raça Suffolk.


*Peso vivo ao abate foi registrado no dia de abate, após os cordeiros permanecerem por um período de jejum alimentar de 15 horas, recebendo somente dieta hídrica; **RCF: rendimento de carcaça fria.

Ano de 2001: níveis de semente de girassol (0; 6,6; 13,2 e 19,80%); 2002: níveis de proteína (15; 20 e 25%); 2003a: cordeiros alimentados com níveis de resíduos de soja em substituição ao farelo de soja (0, 30 e 60%); 2003b: níveis de restrição para cordeiras (0, 300 e 600 g/dia), sendo desmamadas aos 60 dias.

Considerações Finais

Os experimentos realizados até então têm indicado que raças específicas para carne, com seus cordeiros alimentados em creep feeding, apresentam elevado ganho de peso, com maiores rendimentos de carcaça e boa qualidade da carne, dentro do padrão exigido pelo mercado consumidor.

Esta técnica de terminação de cordeiros torna-se importante para o avanço da ovinocultura nacional, mesmo para aqueles ovinocultores que não tenham raças especializadas para carne, pois o ganho de peso adicional nesta fase tem grande contribuição para a redução da idade de abate, independente do sistema de terminação.

Clique aqui para ver as referências bibliográficas.

CLEDSON AUGUSTO GARCIA

Professor da Universidade de Marília

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MARCIO FABRICIO

PETROLINA - PERNAMBUCO - ESTUDANTE

EM 25/07/2019

Ótimo...
JULIANO COSTA PIMENTEL

ITABERABA - BAHIA - OVINOS/CAPRINOS

EM 06/10/2014

Bom dia meu nome é Juliano pimentel, e gostei muito do artigo e gostaria de saber, se posso adotar esse mesmo sistema aqui no semi- arido com os produtores da agricultura familiar interessados a criar cordeiros para o abate.

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