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Produção de caprinos em capim Papuã: uma espécie forrageira ou planta daninha?

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/06/2009

5 MIN DE LEITURA

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Eis uma pergunta que gera muita divergência de opiniões entre os pesquisadores e produtores rurais. De um lado, produtores de grãos como soja e milho que repudiam esta espécie, considerando-a como uma das principais plantas daninhas das culturas anuais de verão e do outro lado, pecuaristas que enxergam nesta planta, uma excelente opção de forrageamento de primavera e verão.

Assim, diante destas opiniões controversas, talvez o foco do debate devesse ser em cima das perguntas: Quais são as suas vantagens e desvantagens? Quais os motivos que justificam a sua utilização? E ainda, em qual sistema produtivo esta espécie apresenta viabilidade de uso?

Sabe-se atualmente que o capim papuã ou capim marmelada, cujo nome científico é Brachiaria plantaginea é uma das melhores espécies entre mais de 100 espécies do gênero Brachiaria spp, devido à sua alta produtividade e valor nutritivo. Esta espécie de verão, possivelmente introduzida acidentalmente no país devido à utilização das sementes, juntamente com outras espécies, como colchão nos navios negreiros vindos da África, possui ciclo anual de produção e hábito decumbente de crescimento e ocorre espontaneamente em lavouras durante o verão e início do outono, florescendo e desaparecendo com o frio.

Entre as suas vantagens ou características desejáveis, cita-se uma elevada tolerância a uma série de limitações e/ou condições restritivas de utilização para um grande número de espécies forrageiras, como persistência em solos de baixa fertilidade e alta capacidade de competição por água, luz e nutrientes. Apresenta ainda, elevada plasticidade com grande potencial de ressemeadura natural e longo período de sobrevivência no banco de sementes do solo, com vários ciclos de germinação ao longo do período de crescimento, facilidade de manejo, alta produtividade de biomassa vegetal e excelente resposta à adubação. Por outro lado, como possíveis desvantagens, podemos citar características como alta habilidade competitiva e ressemeadura natural, que podem interferir no desenvolvimento das culturas anuais, acarretando em perdas de produtividade. Ainda, dificuldades no controle a campo podem causar interferência negativa na colheita, especialmente no caso da soja. Ocorre que, o simples fato de ser considerada e tratada como uma espécie daninha, também tem tornado esta espécie uma forrageira com várias características desejáveis.

Assim, a próxima pergunta a ser respondida é: Como justificar o seu uso considerando esses efeitos negativos? Para alguns, a resposta para essa pergunta é simples; não há justificativa em se utilizar uma espécie considerada daninha quando da presença de inúmeras outras opções como sorgo e milheto. Entretanto, há aqueles que justificam o seu uso em função dos menores custos de implantação (ressemeadura natural) aliados a menores riscos de insucesso no estabelecimento e a facilidade de controle através de métodos químico ou cultural. Com isso, o ponto chave, seja talvez, em qual sistema de produção esta espécie poderia ser utilizada.
A possibilidade de formas de utilização desta espécie forrageira é diversa, seja para pastejo ou até mesmo fenação. No Centro-Oeste brasileiro, por exemplo, uma espécie do mesmo gênero (Brachiaria brizantha) é utilizada em plantio consorciado com milho, para renovação de pastagens, sendo que mais ao Sul do Brasil, esta prática ocorre naturalmente através da ressemeadura natural do papuã proporcionando forragem em período crítico do ano, que é o vazio forrageiro de outono, a custo bem reduzido. Assim, em áreas de integração lavoura-pecuária (ILP) o papuã pode ser utilizado após a colheita do milho, provendo forragem em período de baixa disponibilidade, semelhante ao "Sistema Santa Fé" utilizado no Brasil central, aonde os animais entrariam na lavoura para consumir o papuã e outras gramíneas, além da palha e pedaços de espigas de milho que caem ao chão durante a colheita.

Pensando então, em outra forma de manejo e não no seu uso em sistemas de produção de grãos, poderíamos sugerir um sistema produtivo embasado na produção de papuã no verão e azevém no inverno, uma vez que ambas as espécies possuem ressemeadura natural e apresentam-se como excelentes opções de forragem de baixo custo.

Alguns pesquisadores como Aita (1995), Restle et al (2002) e Adami (2009) já testaram esta espécie e demonstraram seu alto potencial produtivo.

Em um trabalho realizado no IAPAR - Unidade de Pato Branco, Adami (2009), e colaboradores avaliando caprinos Boer em pastagem de papuã submetida a diferentes intensidades de pastejo e níveis de nitrogênio, obtiveram excelentes respostas em termos de produção animal e vegetal. A pastagem não apresentou diferença de produtividade quando manejada entre as alturas de 23 a 31 cm, respondendo, entretanto, de forma significativa à utilização da adubação nitrogenada com aumento de 13,6 t de MS/ha para 19,8 kg de MS/ha, respectivamente, de 0 para 200 kg de N/ha em 135 dias de avaliação. Ainda, esta produtividade refletiu em capacidade de suporte de 2.000 e 2.500 kg de PV/ha ao longo deste período, com massa de forragem média de 2.500 e 3.800 kg de matéria seca por hectare, respectivamente, para a maior e menor intensidade de pastejo.

Podemos destacar ainda que o baixo peso dos animais (25 kg) e a grande capacidade de suporte impressionam pelo número de animais passíveis de serem mantidos em pequena área de pastagem. Assim, essa área representada na forma de 1 ha, suportaria 80 e 100 animais, respectivamente, para os níveis 0 e 200 kg de N/ha. Se considerados os ganhos médios diários de 110 g por animal/dia e uma taxa de lotação de 2.500 kg de PV/ha, para caprinos com média de 30 kg de PV, poderíamos obter uma produção animal superior a 900 kg de PV/ha em 100 dias de pastejo.

Aita (1995), comparando o papuã com outras espécies anuais de verão, encontrou valores de carga animal de 1.634, 1.514 e 1.389 kg de PV/ha respectivamente para o com os maiores ganhos de peso vivo para o papuã (668 kg de PV/ha). Restle et al (2002) comparando papuã, milheto e sorgo e utilizando 300 kg de N/ha, encontrou ganho de peso médio diário em novilhos de corte de 1,054; 1,121; e 1,188 kg, e ganhos por área de 668, 570 e 640 kg de PV/ha em 100 dias de pastejo, respectivamente demonstrando a viabilidade de uso desta espécie na produção animal.

A partir desses dados e de uma análise do sistema de produção em si, poderíamos refletir sobre o capim papuã também como mais uma possibilidade para o forrageamento dos pequenos ruminantes, e não apenas como uma planta indesejável no sistema.
 

 



Bibliografia consultada:

ADAMI, P.F. Produção, qualidade e decomposição de papuã sob intensidades de pastejo e níveis de nitrogênio. 98 p. (Mestrado em Agronomia) - Curso de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco, 2009.

AITA, V. Utilização de diferentes pastagens de estação quente na recria de bovinos de corte. 103p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 1995.

RESTLE, J., ROSO, C., AITA, et al. Produção Animal em Pastagem com Gramíneas de Estação Quente. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.3, p.1491-1500, 2002.

ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

Coordena o Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da UFPR

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ANTONIO JOSE SGARBIERO

EM 16/01/2018

Fiz silagem pra teste em saco plastico de capim papuã e ficou muito bom!
ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 31/03/2016

As sementes não são comercializadas (é proibida a comercialização), por serem consideradas plantas daninhas à agricultura.
JULIAN MICHEL COSTA

SALTO DO JACUÍ - RIO GRANDE DO SUL

EM 31/03/2016

Grato pela atençao .. metade desta area ja esta "infestada"  por brachiara decumbes. O problema é que os animais nao comem ..nao aceitao a brachiara .trabalho apenas com animais jovens.. guaxos . Ja o papuã eles adorao.porem este faso o corte em outra area ..de uma propriedade vizinha..apos muitas pesquisa...(90% aqui na milk point ) optei pelo T85.. sera uma empreitada dura ..mas creio que compensara por ser perene ..altos niveis de PB ..DG e tambem palatabilidade. Em minha pesquisa por muitas e muitas especies ..oque levem em conta acima de tudo forao os niveis de proteina bruta e digestibilidade ..onde o T85 se destacou ...estou correto que isto é o mais emportante em pastagem para gado de corte ?
ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 31/03/2016

Julian, as sementes de capim papuã não são comercializadas, pois é classificada como planta daninha à agricultura. Sobre os demais capins que aborda seria mais simples a implantação de uma area com outras sp de Brachiaria, por ser feita através de sementes, o mesmo não ocorre com o Tifton-85, pois esse é plantado por mudas. Porém, aborda que a área é muito declivosa, e portanto deve consultar um engenheiro agrônomo para tomar a decisão mais correta para suas condições. Os níveis nutricionais do Tifton-85 normalmente são superiores aos das espécies de Brachiaria, mas isso depende do ciclo da planta e de nível de fertilização.
VOLNEI BARROS DE AQUINO

RIO GRANDE DO SUL

EM 31/03/2016

Desejo consorciar papuã com azevém, entretanto estou com dificuldades de encontrar sementes do papuã. Poderiam me informar como conseguir? email: volneiaquino@gmail.com. Obrigado
JULIAN MICHEL COSTA

SALTO DO JACUÍ - RIO GRANDE DO SUL

EM 18/03/2016

Pelo que li acima é proibida a venda .

Gostaria de uma comparaçao entre o papuã,brachiaria decumbes, e tifton85  em niveis de proteina digestibilidade e tambem a rusticidade de cada sua capacidade de enfrentar invasoras nescecidade de adubaçao .. em fim levando todos os fatores qual setia o mais indicado para gado de corte no RS . a area que pretendo implantar nao permite a utilizaçao de trator ..muito ingrime ..tenho grandes duvidas de que pasto implantar .. nesta regiao ocorre geadas no inverno .des de ja agradeço
ENIO SOUZA JR

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL

EM 17/02/2016

Boa noite, gostaria de sabe  quantos  kg  por  ha par o plantio  e  onde posso comprar nos arredores de porto alegre RS   
LETICIA GUALTIERI

ITAPERUNA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE LEITE

EM 29/10/2014

qual o capim que e bom para cabrinos??que deixam os cabrinos com saude??
VOLGUINER LUIS DELGADO DE ASSIS

SERRA - ESPÍRITO SANTO

EM 12/10/2014

GOSTARIA QUE VOCÊS ME INFORMASSEM , ONDE ENCONTRO SEMENTES DO PAPUÃ , PARA COMPRAR,,,,????
ANTONIO FRANCISCO MORAIS

APODI - RIO GRANDE DO NORTE - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 30/12/2012

boa noite, eu moora no nordeste do rio grande do norte, gostaria de saber qual o melhor capim para se plantar aqui na minha região, pois é muito quente e seco. mi ajude

FLÂNIA MÔNEGO ARGENTA

SANTA MARIA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 12/03/2012

Boa noite!

Fiz meu trabalho de mestrado com silagem de papuã na terminação de novilhos de 2 anos em confinamento. Os resultados foram satisfatórios em relação ao consumo e ganho de peso quando comparado a silagem de sorgo. Segundo meu trabalho de pesquisa, os animais tiveram um ganho de 1,230 kg/dia, sendo uma relação volumoso concentrado 50:50. Minha dissertação vai ser publicada no próximo mês, pois defendi no final de fevereiro e tenho algumas considerações a serem arrumadas.



Flânia Mônego Argenta

Zootecnista

Mestrado em Bovinocultura de Corte - Produção Animal - Universidade Federal de Santa Maria/RS

Aluna de Doutorado do Programa de Pós Graduação em Zootecnia - UFSM
SANDRO BERTANI

ESPUMOSO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/03/2012

Este ano o que me salvou foi o papua. Estou utilizando cortando com a geva para tratar vacas em lactacao e novilhas. Ele veio muito bem depois que fiz silagem de milho. Esta semana quero fazer silagem, pois esta com um volume muito grande e os animais nao estao vencendo. Quero mandar para analise esta silagem. E o primeiro ano que utilizo desta forma.

Sandro Bertani da Silva

Espumoso RS
LONEDI FONTINEL

SÃO SEPÉ - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 11/03/2012

Boa tarde,exelente artigo e muito oportuno, já que possuo uma área onde foi plantado  soja e devido a estiagem no rs, foi abandonada, o papuã porem veio com muita intensidade formando massa verde maravilhosa. Gostaria de saber a lotação por ha, para novilhos de corte,  e se há alguma estimativa de ganho de peso por dia.

Grato

Lonedi Fontinel
MARCO ANTÔNIO BORGES

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/11/2011

Boa noite favor enviar  mais informações  e onde comprar  sementes dele obrigado.
MICHEL ALBERTI

TIBAGI - PARANÁ

EM 29/11/2011

olá gostaria de saber onde tem semente de papuã pra vender

michel alberti
ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 03/05/2010

Prezado Francisco de Assis Carvalho Pires,
Ficamos contentes com o seu interesse pelo papuã, pois de fato é uma excelente alternativa. Quanto a utilização do papuã para ovinos, este não apresenta restrição alguma, inclusive o indicamos.
Em relação a adaptabilidade ao Nordeste, apesar de não termos bom conhecimento da região, acreditamos que por ser uma planta com elevada plasticidade, rusticidade e agressividade (características de uma planta invasora/daninha), o capim papuã esteja entre as opções de plantas forrageiras possíveis para sua região. A minha dúvida é se esta Brachiaria ocorre naturalmente na região, uma vez que o Ministério da Agricultura proibe a comercialização de sementes.
Agradecemos a pergunta e lhe desejamos boa sorte com o seu empreendimento.
FRANCISCO DE ASSIS DE CARVALHO PIRES

MIRANDIBA - PERNAMBUCO - OVINOS/CAPRINOS

EM 12/04/2010

Gostaria de saber sobre a utilização deste capim no nordeste, sua adaptação ao clima e emprego em ovinos. Causa algum problema?
ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 29/03/2010

"Prezado Flânia Mônego Argenta", infelizmente não há nenhuma experiência nossa nesse assunto, silagem de papuã. Obrigada, Alda

FLÂNIA MÔNEGO ARGENTA

SANTA MARIA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 27/03/2010

Boa tarde!
Gostaria de saber se vocês possuem alguns trabalhos com a silagem de papuã, pois conduzi meu trabalho de mestrado, avaliando a silagem de papuã na terminação de novilhos com predominância Nelore e Charolês. mas são poucos os trabalhos a respeito desse assunto.
Obrigada!
ELDAR RODRIGUES ALVES

CURITIBA - PARANÁ

EM 08/03/2010

Olá. Muito bom o artigo, parabéns!
Gostaria de saber se o Papuã causa fotosensibilização e se caso positivo, em que grau?

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