Quanto às instalações, pode-se relatar que a correta planificação de instalações pecuárias, quer ao nível do condicionamento espacial (arquitetura) quer ao nível do condicionamento ambiental (climatização), é fundamental para que as regras de bem-estar animal sejam cumpridas. Estas regras baseiam-se, resumidamente, que o animal deve estar livre de qualquer situação de estresse. Estresse pode ser definido como uma resposta biológica desencadeada quando um indivíduo recebe uma ameaça para a sua homeostase; se essa ameaça se prolonga, a permanência em estado de alerta pode conduzir à exaustão. Se um animal se encontra alojado em instalações mal planificadas está frequentemente sujeito a situações de estresse, não só estresse social, mas também estresse térmico por frio ou calor excessivo (Cruz et al., 2004).
Para a adequada climatização de uma determinada instalação pecuária é necessário e fundamental dispor de dados meteorológicos do local da instalação (Gabriel Filho et al., 2011). Para esse fim, os dados mais importantes são a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar. Neste momento, encontram-se disponíveis no mercado estações meteorológicas automáticas, equipadas com sistemas de leitura e armazenamento de dados (por exemplo, data logger’s) que permitem coletar, armazenar e transferir a informação pelas sondas e sensores que integram essas estações.
Os dados coletados pelas estações automáticas podem ser utilizados para criar sistemas de alerta, os quais permitirão aos produtores ativar as técnicas de manejo de condicionamento ambiental de modo a não expor os seus animais a condições ambientais adversas. A resposta ao estresse começa quando o sistema nervoso central do animal recebe uma ameaça à homeostase. Nesse momento é desenvolvida uma ação que consiste na combinação de até quatro respostas ou defesas biológicas (Figura 1).
Figura 1 - Modelo de respostas biológicas do animal ao estresse (Moberg, 1999).
Estas respostas podem ser comportamentais, associadas ao sistema nervoso autônomo, neuroendócrinas e imunológicas. Quando a intensidade do estímulo recebido é pouco acentuada, a resposta inicial é do tipo comportamental. Esta resposta pode não ser apropriada para todas as situações, fazendo com que o animal procure outro tipo de resposta, principalmente quando as ações comportamentais são limitadas ou até impedidas (Moberg, 1999).
A segunda linha de defesa é o sistema nervoso autônomo. Este afeta um diverso número de sistemas biológicos, incluindo os sistemas cardiovascular e gastrointestinal, as glândulas exócrinas e a medula adrenal. Neste caso, as respostas são relativamente rápidas (por exemplo, aumento da frequência cardíaca).
A maioria da criação de cabras no Nordeste se concentra em regiões Semiáridas. Apesar destes animais apresentarem grande adaptabilidade a ambientes quentes é importante salientar que o ambiente térmico, principalmente em condições semiáridas, é bastante complexo, limitando sensivelmente a termorregulação, pois a alteração de qualquer característica ambiental (radiação, velocidade do vento, umidade e a temperatura do ar) pode interferir no equilíbrio térmico animal.
Portanto, é necessário que o fator climático seja levado sempre em consideração, uma vez que as condições climáticas da região Semiárida (região que corresponde a mais de 50% da área do Nordeste brasileiro) se apresentam como estressantes, principalmente pelas altas temperaturas diurnas. E que esta atividade possa ser alavancada pela identificação de animais (raças) adaptados, bem como possa ser estabelecido uma zona de conforto para os animais em condições climáticas do semiárido.
Referências bibliográficas
Cruz, V. F., Pereira, A. & Silva, F. C. (2004). Monitorização de instalações pecuárias tendo em vista o bem estar animal. In: Congresso Luso-Brasileiro de Tecnologias de Informação e Comunicação na Agropecuária, 1., Santarém. Anais... Santarém: AGRI-TIC.
Gabriel Filho, L. R. A., Pereira, D. F., Barato, F. F. & Magalhães, M. M. (2011). Method of numerical correction of errors occasioned by delay of records during the monitoring of environmental variables of interest for animal production. Engenharia Agrícola, 31, 835-846.
Moberg, G. P. (1999). When does stress become distress? Laboratory animals, 28, 22-26.
Wander, A. E. & Martins, E. C. (2008). Viabilidade econômica da caprinocultura leiteira. Uberaba: Agropecuária Tropical, 6p. (Anuário Brasileiro de Caprinos e Ovinos). Disponível em: