A inseminação artificial é, sem dúvida, o melhor caminho para a evolução genética do rebanho; com ela é possível "alavancar" a produtividade do rebanho, introduzindo, paralelamente, características morfológicas funcionais no intuito de obter animais com maior longevidade.
No ponto de vista sanitário o uso da inseminação artificial também é muito importante, uma vez que protege o rebanho da disseminação de doenças infecciosas transmitidas pela monta natural. Todavia, a utilização da inseminação artificial, mesmo sendo a maneira mais segura para o melhoramento genético do rebanho, pode também veicular doenças na fêmea inseminada e conseqüentemente no rebanho. Deve-se considerar o fato do sêmen ser um bom veículo para a difusão de agentes patôgenos, a vasta distribuição do sêmen congelado, e a capacidade que possui um touro em produzir até 1000 doses a partir de uma ejaculação.
O risco potencial da transmissão de doenças gera uma preocupação quanto ao intercâmbio nacional e internacional do material genético, e em especial à modernização dos métodos de detecção dos possíveis patôgenos transmitidos pelo sêmen ou pelos embriões.
Já se sabe que as baixas temperaturas do nitrogênio líquido, onde o sêmen é armazenado favorecem a sobrevivência de muitos patôgenos por períodos superiores a um ano. Preocupados com a garantia da sanidade do produto a Oficina Internacional de Epizootias (OIE) criou normas oficiais para regulamentar a produção e o comércio de material genético livre de agentes infecciosos. Nos Estados Unidos, tais normas foram padronizadas em 1989, sob controle da Associação Nacional de Reprodução Animal (NAAB) e recentemente, a União Européia estabeleceu suas normas de controle. Dentre elas, um extremo e rigoroso controle sanitário dos touros mantidos nos centros de Inseminação Artificial, exigindo provas de isolamento de agentes infecciosos ou provas sorológicas de todos os animais com idade superior a seis meses. Os países do Mercosul estão estudando as normas para o comércio de sêmen entre seus integrantes.
Dentre as doenças possivelmente transmitidas pelo material genético destacam-se: IBR / IPV; BVD; Aftosa; Campilobacteriose; Tricomonose, Leptospirose. Atualmente, as enfermidades causadas por vírus, em especial a IBR (rinotraqueíte bovina) e a BVD (diarréia bovina a vírus) têm causado maior atenção das autoridades sanitárias mundiais, uma vez que os sinais clínicos de tais doenças são raramente evidentes e causam significativas perdas econômicas.
A origem do vírus no sêmen pode ser extrínseca, devido à contaminação fecal do sêmen no momento da coleta (enterovírus, por exemplo) ou intrínseca, devido a infecções locais ou sistêmicas com a disseminação do vírus através dos testículos, glândulas acessórias ou prepúcio.
Em última análise, o êxito dos programas de controle das doenças infecciosas depende da identificação e eliminação dos animais infestados e/ou portadores. A maioria das técnicas utilizadas, dentre elas o isolamento viral em cultivo de células, apresenta inconvenientes como o baixo poder de detecção, altos custos, demora na obtenção dos resultados. Por isso, nos últimos anos, têm-se intensificado a busca por técnicas de maior rapidez, precisão, sensibilidade, especificidade e cujos resultados sejam obtidos no mesmo dia. A Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) é uma técnica baseada na detecção de fragmentos específicos de DNA e oferece muitas vantagens sobre os métodos convencionais de diagnóstico. O emprego desta técnica de maior precisão e confiança trará uma importante contribuição para a qualidade do sêmen, tornando-o cada vez mais um aliado do pecuarista no controle das doenças infecciosas. Espera-se, no futuro, que o PCR possa ser utilizado até mesmo por profissionais de campo, sob a forma de Kits de diagnóstico.
Fonte: Silva, N. Transmissão de Patógenos pelo Sêmen e sua detecção por PCR. Cad. Téc. Vet. Zootec., n.35, p.73-79, 2001.
Onde saber mais:
Rev. Bras. Reprod. Anim., v.22, n.2, p.70-73, 1998.
Viruses associated with bovine semen. Vet. Bull. V. 6, p.93-109, 1990.