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Não-componentes da carcaça ovina: uma fonte de renda

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/01/2008

4 MIN DE LEITURA

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Os não-componentes da carcaça ovina são definidos como os constituintes do corpo vazio, ou seja, o conjunto de órgãos, vísceras e outros subprodutos obtidos após o abate dos animais. Os constituintes como pele, trato gastrintestinal, fígado, coração, rins e gordura interna são os principais não-componentes e os que têm maior valor econômico.

Geralmente, durante o abate, apenas a carcaça é considerada como unidade de comercialização, desprezando outras partes comestíveis ou que podem ser utilizadas na indústria química e/ou cosmética, podendo aumentar o retorno econômico da atividade no momento da comercialização (SILVA SOBRINHO, 2001).

Além disso, deve-se considerar que o aumento da competitividade dos mercados exige o aproveitamento racional e econômico dos subprodutos gerados no processo produtivo, sendo os não-componentes da carcaça uma importante alternativa para aumentar a rentabilidade dos sistemas.

Os estômagos, intestinos, fígado, rins, coração e, em algumas vezes, o sangue são utilizados principalmente no Nordeste do Brasil em pratos típicos da culinária regional, como a buchada e o sarapatel. Em estudo realizado por COSTA et al. (2003), a buchada ovina ou caprina pode atingir até 57,5% de receita adicional em relação ao valor da carcaça. A importância dos não-componentes da carcaça não está relacionada apenas à possibilidade de aumentar o retorno econômico no momento da comercialização dos produtos oriundos da ovinocultura, mas, também, no alimento ou matérias-primas que se perdem e que poderiam colaborar na melhoria do nível nutricional das populações (YAMAMOTO, 2004).

Em alguns países desenvolvidos, o interesse da indústria frigorífica é maior pelos não-componentes da carcaça do que pela carne, devido ao seu elevado valor nutricional. A maioria dos não-componentes contém maiores quantidades de ácidos graxos poliinsaturados em relação à carne, e também maiores teores de ferro e, em alguns órgãos, maior concentração de zinco (HUTCHINSON et al., 1987).

Os ácidos graxos poliinsaturados, principalmente os da família ômega-3 e ômega-6, são importantes na prevenção das doenças cardiovasculares e na redução do colesterol em humanos. Além disso, o conteúdo protéico e lipídico dos órgãos e vísceras são aspectos importantes na sua utilização, pois as altas concentrações de gordura saturada e colesterol, encontradas principalmente em alimentos de origem animal, têm provocado impactos negativos e redução no consumo de carnes (COSTA et al., 2007).

Destaca-se que a pele e o conteúdo do trato gastrintestinal são os não-componentes da carcaça que contribuem com maior porcentagem em relação ao peso corporal ao abate dos ovinos, e que podem sofrer grandes variações. A pele é o não-componente mais importante e que recebe maior preço, atingindo entre 10 e 20% do valor do animal. O peso da pele pode variar em função das diferentes densidades e diâmetros de fibra e altura das mechas, no caso de animais lanados; enquanto que o peso do conteúdo gastrintestinal é influenciado pelo tipo de dieta, sua velocidade de passagem no rúmen e tempo de jejum (SIQUEIRA et al., 2001).

O peso dos não-componentes da carcaça pode atingir 40 a 60% do peso corporal ao abate, sendo influenciado pela genética, idade, peso corporal, sexo, tipo de nascimento e principalmente, tipo de alimentação (CARVALHO et al., 2005). De acordo com JENKINS (1993), as mudanças na alimentação durante o período de crescimento do animal alteram a ingestão e digestibilidade, podendo influenciar no desenvolvimento dos diferentes órgãos.

Segundo ALVES et al. (2002), dietas com menor densidade energética apresentam maiores teores de fibra e menor digestibilidade, resultando em maior tempo de retenção do alimento no retículo-rúmen, proporcionando-lhe maior desenvolvimento. O sistema de produção também influencia nas proporções dos não-componentes, sendo que animais alimentados em confinamento terão menor desenvolvimento do trato gastrintestinal em relação aos alimentados em pastagens, o que, possivelmente, pode ser explicado pelo maior consumo diário de energia e ao menor gasto energético dos cordeiros confinados.


Figura 1: Esquema de divisão dos componentes do corpo vazio em ovinos (Adaptado de SILVA SOBRINHO, 2001).

Referências

ALVES, K.S.; CARVALHO, F.F.R.; FERREIRA, M.A. et al. Proporção dos componentes não constituintes da carcaça em cordeiros alimentados com dietas contendo diferentes níveis de energia. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39., Recife, 2002. Anais... Recife: SBZ, 2002. CD-ROM.

CARVALHO S.; SILVA, M.F.; CERUTTI, R.et al. Desempenho e componentes do peso vivo de cordeiros submetidos a diferentes sistemas de alimentação. Ciência Rural, Santa Maria, v.35, p.650-655, 2005.

COSTA, R.G.; MEDEIROS, A.N; MADRUGA, M.S. et al. Rendimento de vísceras para "buchada" em caprinos Saanen alimentados com diferentes níveis de volumoso e concentrado. In SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE, 2, 2003, João Pessoa. Anais... João Pessoa: EMEPA, 2003, CD-ROM.

COSTA, R.G.; SANTOS, N.M.; MEDEIROS, A.N. et al. Buchada Caprina: características físico-químicas e microbiológicas. Campina Grande: Editora Impressos Adilson, 2007. 93 p.

HUTCHINSON, G.I.; NGA, H.H.; KUO, Y.L. et al. Composition of Australian foods, 36. Beef. Lamb and veal offal. Food Technology Australian, Sydney, v. 39, n. 5, p. 223-237, 1987.

JENKINS, T.C. Lipid metabolism in the rumen. Journal of Dairy Science, v. 76, p. 3851-3863, 1993.

SILVA SOBRINHO, A. G. Criação de ovinos. 2 ed. Ver. e Ampl. Jaboticabal: Funep, 2001. 302 p.

SIQUEIRA, E.R.; SIMÕES, C.D.; FERNANDES, S. Efeito do sexo e do peso ao abate sobre a produção de carne de cordeiro. Morfometria da carcaça, peso dos cortes, composição tecidual e componentes não constituintes da carcaça. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, n. 4, p. 1299-1307, 2001.

YAMAMOTO, S.M.; MACEDO, F.A.F.; MEXIA, A.A. et al. Rendimento de cortes e não-componentes das carcaças de cordeiros terminados com dietas contendo diferentes fontes de óleo vegetal. Ciência Rural, v. 34. n.6, p. 1909-1913, Santa Maria, 2004.

GREICY MITZI BEZERRA MORENO

AMÉRICO GARCIA DA SILVA SOBRINHO

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EROTILDES BORBA

DOM PEDRITO - RIO GRANDE DO SUL

EM 31/03/2011

Parabenizo voçes pelo otimo artigo sobre um assuntro pouco explorado mas de vital importancia na ovinocultura de corte.
NATÁLIA LUDMILA LINS LIMA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 19/01/2010

Gostaria de parabenizar os pesquisadores pelo brilhante artigo. Na região norte de Minas Gerais, muitos produtores de cordeiros, armazenam o tecido gorduroso que circundam as vísceras em pequenos vasilhames e os vendem separadamente. Várias pessoas compram este produto que é conhecido como "Sebo de Carneiro". Mais um destino para os sub-produtos do abate dos ovinos.
Abraço.
Natália Ludmila
NELSON VIEIRA DASILVA

MACEIO - ALAGOAS - PESQUISA/ENSINO

EM 27/05/2008

Caros companheiros (as),
Só nos resta parabenizar-lhes pela contribuição. Informações sobre especificidades regionais, especialmente oriundas da ovinocaprinocultura, merecem destaque. Portanto, trabalhos dessa natureza são plausiveis, principalmente em regiões onde os componenes não constituintes da carcaça, fazem parte da dieta e contribui na renda mensal da população.
GREICY MITZI BEZERRA MORENO

ARAPIRACA - ALAGOAS - PESQUISA/ENSINO

EM 09/01/2008

Prezado Fernando,
Pelas características do prato que você mencionou, creio que seja a mesma buchada que chamamos no Nordeste. Esta receita e outras informações interessantes sobre esse assunto estão em um livro recém publicado pela Universidade Federal da Paraíba, chamado "Buchada caprina: características físico-químicas e bacteriológicas", que pode ser utilizada como referência para a buhada ovina. O principal autor do livro é o Prof. Roberto Germano da Costa, e o livro é da Editora Impressos Adilson. No próprio artigo que está no site tem outras referências que você pode pesquisar e obter mais informações. Aqui na Unesp também existe um receituário utilizando apenas os não-componentes da carcaça, caso interesse posso mandar para seu endereço.
Espero que tenha contribuído, um abraço.
Greicy Moreno
JOÃO LUIZ LOPES/TECNOVINOS

GOIÂNIA - GOIÁS - OVINOS/CAPRINOS

EM 08/01/2008

Parabéns aos pesquisadores, pelo magnífico trabalho. Toda essa parte dos subprodutos de ovinos e caprinos que, hoje na maioria das vezes, é jogada fora deveria ter outro destino. A muito venho alertando aos criadores a quem presto assistência e consultoria que a criação de ovinos só se torna rentável com o aproveitamento de todos os subprodutos que, em muitas vezes, chega a render aproximadamente 30 a 35% (em dinheiro) do valor da carcaça o que torna a atividade economicamente ativa.
Temos que incentivar à todos os criadores a agregação de valores ao criatório. Não é fácil o trabalho, porém é só mostrarmos dados reais que vamos conseguir.
JOSÉ VILLANOVATORRES NETO

CUIABÁ - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 07/01/2008

De grande impoportancia este artigo porem, assim como na cadeia de producao de bovino, o valor dos nao-componentes nao e repassado para o produtor. Como este valor poderia tar ser passado ao produtor???
TUANE CONCEIÇÃO

MIRACEMA - RIO DE JANEIRO

EM 06/01/2008


É de grande satisfação saber que o os produtos não-componentes da carcaça ovina são aproveitados para o consumo a ponto de proporcionar uma nutrição saudável aos humanos, por meio do fornecimento de nutrientes . É lamentável que aqui no Rio de Janeiro, a população não tenha o hábito de consumir a carne ovina rotineiramente, os habitantes das regiões Sul e Nordeste do país são quem melhor desfrutam !
OSCAR BOAVENTURA NETO

ARACAJU - SERGIPE - ESTUDANTE

EM 04/01/2008

Parabéns pelo artigo, esse tema é extremamente importante para o Nordeste Brasileiro e deve ser levado mais a sério pelos pesquisadores e políticos desta região.
FERNANDO BECCON NERVA

PELOTAS - RIO GRANDE DO SUL - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 03/01/2008

Caros Greicy, Américo e Henrique, muito importante o tema. Aqui no Sul, recentemente degustamos pedaços de fígado e de rins temperados com ADOBO (tempero típico Uruguaio, que contém salsa, orégano, ají (pimenta típica castelhana), alho e outros condimentos desidratados), e sal, envoltos na "tela" (peritôneo), assados na grelha à lenha, que ficaram dos Deuses.

Já vi em programas de culinária um tipo de embutido feito na Escócia, que usa o Estômago de ovinos como receptáculo de vísceras moídas temperadas, que é cozido e comido em ocasiões típicas.

A lingua de ovinos também é um manjar, especialmente se defumada. Aquí também se assa a "tripa gorda" (intestino grosso), o "chinchulin" (int. delgado), e a coalheira (parte do estômago), devidamente limpos e temperados. A pele nem se fala das qualidades ímpares.

O mais imporante é que são sub-produtos que não na maioria dos casos são desprezados até nos frigoríficos. Nas estâncias viram comida dos cachorros, e a pele se tem pouca lã vai fora.

Abraços, e feliz 2008
Fernando Beccon Nerva- Med. Vet, criador de ovinos cruzas carniceiros.

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