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Monitore o balanço energético de seus animais

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/03/2002

4 MIN DE LEITURA

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Durante períodos de deficiência energética, os animais mobilizam triglicérides (gordura) armazenados no tecido adiposo. Por isso é comum observar as vacas emagrecerem no início da lactação. Estes triglicérides são metabolizados, dando origem a ácidos graxos não esterificados (AGNE - em inglês "NEFA") que são então transportados pela corrente sanguínea aos órgãos e tecidos em todo o corpo na tentativa de suprir esta deficiência de energia. A concentração de AGNE no sangue tem mostrado refletir esta mobilização de gordura corporal.

Níveis elevados de AGNE no sangue indicam que a ingestão de energia da dieta está insuficiente para as exigências da vaca para produção de leite e reprodução. Pesquisadores da Universidade de Michigan (EUA) concluíram que altos teores de AGNE durante o período pré-parto estavam associados à maior incidência de cetose, torção de abomaso e retenção de placenta. Não houve relação com a incidência de febre do leite.

A extensiva e prolongada mobilização de gordura corporal, refletida na forma de altos teores de AGNE e perda de condição corporal geralmente leva à acumulação de gordura no fígado (conhecida como lipose hepática ou fígado gordo).

A concentração de AGNE no plasma é medida por um procedimento enzimático. Valores normais para vacas em balanço energético positivo devem ser menores que 200 micromolar (µM). Durante o período de transição (ao redor do parto), os valores aumentam lentamente conforme a vaca se aproxima do parto, variando normalmente entre 200 e 300 µM durante a última semana pré-parto. Dois a três dias antes do parto estes valores aumentam rapidamente atingindo picos de 800 a 1200 µM no dia do parto devido a alterações hormonais e estresse do parto. Após o parto, os AGNE devem diminuir rapidamente. Valores maiores que 700 µM por volta do sétimo dia pós parto indicam balanço energético severamente negativo ou problemas de saúde e sugerem que o manejo de transição e inicial devam ser revistos (não somente a dieta). Ao redor de 3 semanas após o parto, os valores devem ter caído novamente abaixo de 300 µM.

A avaliação do AGNE é mais útil quando realizada no período de transição e pós-parto inicial. No entanto, alguns cuidados devem ser observados e as limitações do teste precisam ser entendidas. Pelo menos 7 vacas por grupo (pré-parto e pós-parto inicial) devem ser testadas, devido à grande variação individual. A análise tem um coeficiente de variação de 10%, de forma que um resultado de 500 µM na realidade pode variar entre 450 e 550 µM. As concentrações de AGNE são mais altas no início da manhã e mais baixas no final da tarde. A alimentação diminui consideravelmente os valores de AGNE. A recomendação, portanto, é que as amostras sejam colhidas no período da manhã, antes do primeiro trato do dia.

Não teste vacas que estejam a 3 dias do parto (antes e depois). Também as vacas doentes não devem ser avaliadas porque doenças ou desordens metabólicas aumentam a concentração de AGNE. A excitação também aumenta os AGNE, embora procedimentos normais de manejo geralmente não tenham grande reflexo nos resultados. Vacas recebendo dietas contendo 0,5 a 0,75 kg de gordura suplementar (caroço de algodão, por exemplo), devem apresentar resultados de AGNE cerca de 50 µM superiores às vacas sem gordura suplementar na dieta. Alguns estudos realizados na Universidade de Illinois (EUA) também apontaram que vacas de primeira cria parecem ter valores de AGNE ligeiramente superiores a vacas adultas nas mesmas condições de manejo e nutrição. Os pesquisadores acreditam que estes maiores níveis podem ser reflexos de sua maior demanda por nutrientes, para o final do crescimento.

A interpretação dos resultados de AGNE deve ser feita com cautela e sempre em conjunto com outras informações como nível de ingestão de alimentos, condição corporal e observações sobre o conforto animal. Valores elevados em vacas que parecem estar confortáveis e portanto bem manejadas, sugerem problemas nutricionais. Por outro lado, os valores podem ser elevados na presença de um programa nutricional aparentemente perfeito, se as vacas estiverem desconfortáveis ou estressadas em função do ambiente. Infelizmente não existem informações suficientes para demonstrar a magnitude esperada de aumento dos AGNE em função de condições de estresse durante o período de transição.

Comentário do autor: a deficiência energética é tida como um dos principais fatores condicionantes da limitação do desempenho de vacas em lactação (ineficiência produtiva e reprodutiva). Sendo assim, o acompanhamento dos AGNE pode ser uma importante ferramenta para se detectar deficiências nutricionais e de manejo. No entanto, esta metodologia requer cuidados e provavelmente tem custo elevado, devendo portanto ser utilizada como recurso auxiliar em situações críticas. Desconheço a possibilidade de realização deste tipo de análise em laboratórios animais particulares ou de nossas universidades. Estou certo que havendo demanda não será difícil conseguir que algum laboratório se disponha a realizá-las. Resta saber se o custo será razoável. Em consulta a um laboratório humano fui informado que seria possível a realização da análise, que teria um custo de R$ 12,00 por amostra, o que não é muito barato, considerando que teriam que ser analisados vários animais. Um maior número de amostras talvez permita a negociação de um melhor preço. Também é preciso maiores informações sobre como coletar e conservar as amostras. Pelas informações que disponho, as amostras teriam que ser coletadas em tubos com solução de EDTA e colocadas no gelo imediatamente após a coleta.

Fonte: Drackley, J.K., 2000. Use of NEFA as a tool to monitor energy balance in transition dairy cows. University of Illinois.

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