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Mionecroses Clostridiais em Ruminantes

POR FRANCISCO LOBATO

E PRHISCYLLA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/04/2014

5 MIN DE LEITURA

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Por:
Prhiscylla Sadanã Pires - UFMG
Marina Carvalho Duarte - UFMG
Francisco Carlos Faria lobato - UFMG

Introdução

A bovinocultura leiteira enfrenta constantes desafios para melhoria de desempenho e ganho de produtividade. Apesar dos consideráveis avanços feitos nas áreas do melhoramento genético e de nutrição, nas últimas décadas, a sanidade do rebanho brasileiro representa ainda um grande desafio. As doenças dessa origem, seja qual for o lote de animais, representam um grande entrave no equilíbrio das contas em qualquer sistema de produção. Nesse contexto inserem-se as clostridioses, que abrangem um grupo de doenças altamente letais, causadas por diferentes bactérias do gênero Clostridium.

Dentre as clostridioses, as mionecroses ocupam lugar de destaque. Popularmente conhecidas como manqueira e mal de ano, essas doenças são comumente observadas em animais jovens, com até 30 meses de idade, e de boa condição corporal, sendo geralmente fatal. Assim, essas doenças determinam a morte dos mais promissores animais do rebanho. Talvez por isso, exista um grande interesse em saber como prevenir e combater essas doenças.

As mionecroses: gangrena gasosa e carbúnculo sintomático

As mionecroses são divididas em gangrena gasosa e carbúnculo sintomático. A gangrena gasosa, também chamada edema maligno, é uma infecção exógena traumática. Ou seja, o esporo do clostrídio envolvido na infecção precisa ser introduzido no tecido subcutâneo ou na musculatura por meio de uma ferida. Por isso, a ocorrência da doença está normalmente relacionada a procedimentos que envolvem aplicações de injeções e práticas cirúrgicas sem os devidos cuidados para evitar que os instrumentos se contaminem com os esporos. De maneira geral, as feridas, mesmo que mínimas geradas por esses procedimentos determinam uma diminuição na oxigenação do tecido, propiciando as condições necessárias para germinação e multiplicação bacteriana com consequente ocorrência da doença. A gangrena gasosa, além dos bovinos, acomete praticamente todas as espécies de interesse veterinário e é causada por uma ou pela associação das seguintes espécies do gênero Clostridium: C. septicum, C. chauvoei, C. novyi tipo A, C. perfringens tipo A e C. sordellii.

Ao contrário da gangrena gasosa, o carbúnculo sintomático é uma infecção endógena, ou seja, a presença do agente é anterior à lesão. Assim, ao invés de serem introduzidos por meio de uma ferida, os esporos estão latentes na musculatura. Uma condição de anaerobiose, que ainda não foi determinada pela ciência, gera a condição necessária para germinação e multiplicação bacteriana. Os mecanismos pelos quais os esporos chegam até a musculatura, também não foram esclarecidos. Acredita-se que os esporos presentes no ambiente são ingeridos pelos bezerros e carreados do intestino para musculatura via células do sistema imune. Outra diferença entre as duas doenças é que o carbúnculo sintomático só poderá ser causado pelo C. chauvoei.

Resumidamente, a necessidade da ocorrência de uma ferida ou não e os possíveis agentes envolvidos são as únicas diferenças entre o carbúnculo sintomático e gangrena gasosa. A infecção por quaisquer desses microrganismos irá culminar nos mesmos sinais clínicos (Figura 1).

























Figura 1: Patogênese da gangrena gasosa e do carbúnculo sintomático.

Sinais clínicos e anatomo-histopatológicos

Quando a gangrena gasosa ou o carbúnculo sintomático não são rapidamente controlados, o animal desenvolve toxemia sistêmica e choque. A doença tem um curso agudo a superagudo, não sendo incomum a ocorrência de mortes súbitas. O óbito ocorre como consequência do efeito sistêmico das toxinas. Quando os animais desenvolvem a forma aguda, o quadro clínico é variável. O animal pode apresentar temperatura elevada ou normal, anorexia e depressão. Quando um membro é atingido, observa-se dificuldade de locomoção e aumento de volume associado a crepitação subcutânea devido a grande quantidade de gás produzida pela multiplicação bacteriana no foco de infecção. À palpação é semelhante a observada em um pulmão normal, além disso podem ser vistos edema e hemorragia. Por vezes essas alterações são tão intensas que a pele apresenta-se tensionada. Ao se abrir a carcaça, pode ser observado extravasamento de líquido avermelhado, com bolhas de gás e hemorragia do subcutâneo. As fibras musculares podem estar separadas quando há intensa quantidade de gás. A musculatura apresenta-se intensamente hemorrágica, enfisematosa e com áreas cinzas, indicativas de necrose (Figura 2).


Figura 2: Bovino que veio a óbito com suspeita de mionecrose. A necropsia do animal revelou a presença de 1) hemorragia muscular, 2) edema discreto, 3) presença de gás associada a 4 )fibras musculares separadas pela intensa quantidade de gás.



Diagnóstico

Os clostrídios são alguns dos microrganismos envolvidos na decomposição da carcaça de animais mortos. Por isso, para o preciso diagnóstico das mionecroses, o material deve ser coletado e imediatamente após a morte ou eutanásia do animal. O material pode ser remetido fresco, resfriado ou congelado ou fixado em formalina neutra 10%. As técnicas para o diagnóstico laboratorial das mionecroses são apresentados na tabela 1, ressaltando suas vantagens e desvantagens. Quando o material for remetido fresco ou congelado, é de extrema importância que o mesmo seja enviado o mais rápido possível para o laboratório, evitando que o mesmo chegue em condições inadequadas para o diagnóstico laboratorial.

Tabela 1: Métodos para diagnóstico das mionecroses clostridiais.








Tratamento, controle e profilaxia

Os animais acometidos devem ser rapidamente tratados, devido ao curso muito rápido da doença. As chances de recuperação são maiores para animais cuja lesão muscular não seja disseminada e/ou que estão no início da infecção, mas raramente são bem sucedidos. O tratamento consiste na administração intravenosa de altas doses de penicilina. Porém, a medida mais importante para controle e prevenção de surtos de mionecroses, é a vacinação sistemática do rebanho. A utilização de vacinas resulta numa marcante redução da incidência destas doenças. A vacinação deve ser realizada aos três meses de idade e repetida 30 dias após a primeira vacinação. Para os demais animais do rebanho, recomenda-se revacinação anual. Tenha cuidado na vacinação! Este procedimento pode funcionar como porta de entrada para microrganismos, sendo de fundamental importância a adoção de medidas de higiene, tais como desinfecção das agulhas utilizadas e assepsia do local da aplicação da vacina.

Outra medida profilática em regiões onde foram observadas ocorrência de qualquer uma das mionecroses, mas principalmente do carbúnculo sintomático, é o vazio sanitário dos pastos onde os animais foram encontrados mortos. Como dito anteriormente, os clostrídios podem formar esporos e contaminar o solo, aumentando os desafios aos quais os animais são expostos. Dentro deste mesmo raciocínio, ao realizar necropsia de um animal com suspeita de mionecrose, procure fazê-la em um local apropriado, evitando que os animais tenham acesso a este local.


Referências:

LOBATO, F.C.F; SALVARANI, F.M.; GONÇALVES, L.A.; PIRES, P.S.; SILVA, R.O.S.; ALVES, G.G.; NEVES, M.S.; OLIVEIRA JÚNIOR, C.A.; PEREIRA, P.L.L. Clostridioses dos animais de produção. Veterinária e Zootecnia, n. 20, p. 29-48, 2013.
ASSIS, R.A.; LOBATO, F.C.F.; NASCIMENTO, R.A.P. et al. Mionecroses clostridiais bovinas. Arquivos do Instituto Biológico, v.77, n.2, p.331-334, 2010.
Prhiscylla Sadanã Pires; Roselene Ecco; Marina Rios de Araújo; Rodrigo Otávio Silveira Silva; Felipe Masiero Salvarani; Luís Guilherme Dias Heneine; Ronnie Antunes Assis; Francisco Carlos Faria Lobato. Comparative analysis of lesions caused by histotoxic clostridia in experimentally induced myonecrosis. Semina Ciências Agrárias, 2013.
 

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WILLIAN MENDES

EM 25/04/2014

Texto muito bem explicativo, parabéns!

Então, minha região ( Sudoeste Paranaense ) é bastante afetada pelo Carbúnculo, assim, gostaria de saber qual a duração indicada para este vazio sanitário que deve ser realizado no local onde houve a morte de animal (is) por conta disso ?



- Obrigado !
DANILO RS

SANTA ROSA DO SUL - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 25/04/2014

Excelente materia
WELERSON SOARES RODRIGUES

BARRETOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/04/2014

Na Estância Pentágono - Piumhi MG, usa se a vacina Covexin - 9. Satisfaz?
AHED FARIAS

FORTALEZA - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/04/2014

Texto extremamente didático e de fácil compreensão. Parabéns!

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