Quem nunca teve um caso de urolitíase (cálculo urinário) em sua propriedade? E quem nunca ouviu falar que o milho é que causa tal enfermidade? Mas será que ele é realmente o causador desta doença?
Dietas altamente energéticas são utilizadas para a obtenção de cordeiros precoces e/ou superprecoces, sendo que o milho é bastante utilizado como base destas dietas (pela alta concentração energética que possui e também pela constante oferta). Geralmente os níveis e a relação entre cálcio (Ca) e fósforo (P) não são corrigidos, fazendo com que a incidência de cálculos aumente no rebanho, tornando o milho o principal "vilão" desta história.
A urolitíase é uma doença nutricional que ocorre em conseqüência da precipitação de minerais no trato urinário de bovinos, caprinos e ovinos, tendo como conseqüência a obstrução da uretra. Ela ocorre em ambos os sexos e possui grande importância em ovinos e caprinos machos (devido à anatomia do sistema urinário, principalmente o apêndice vermiforme).
Os cálculos urinários mais freqüentes e mais importantes são formados pela sedimentação de P na bexiga.
A incidência é maior em animais confinados devido a suas dietas possuirem grandes quantidades de ingredientes concentrados, os quais geralmente são ricos em P. Isto faz com que esse tipo de alimentação quase sempre esteja com níveis de P acima do recomendado para as exigências do animal, assim como sua relação com o Ca apresentar-se desbalanceada.
Apesar de o milho conter uma considerável concentração de P (cerca de 0,28%), outros ingredientes - como o farelo de trigo (cerca de 0,99% de P) possuem valores muito superiores.
Entretanto, se a dieta estiver bem formulada e ajustada tanto para as concentrações de Ca e P, quanto para relação Ca:P (2,2:1 a 3:1), dificilmente ocorrerá acúmulo de minerais no trato urinário, minimizando-se as chances de aparecimento dos cálculos.
A utilização de aditivos acidificantes de urina também é uma estratégia muito eficiente para a prevenção da urolitíase. Geralmente esses aditivos são incorporados em pequenas quantidades (0,5 a 0,8% da matéria seca da dieta), tendo excelente custo x beneficio.
Portanto, o milho ou sua concentração de fósforo não são causadores diretos de urolitiases. Independente do ingrediente utilizado na dieta, esta deve ser corrigida para seu balanceamento mineral, de forma que a relação entre Ca e P estejam equilibradas e as exigências para crescimento atendidas sem excessos.