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Mais que Dólar!

POR PAULO MARTINS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/03/2014

5 MIN DE LEITURA

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Os pessimistas erraram. 2013 entrou para a história do leite brasileiro como o ano raro, em que todos os segmentos da cadeia de valor ganharam. Mas, a novidade é que 2013 ainda não acabou...

Vamos direto ao assunto. O Gráfico 1 reúne duas informações importantes: custo de produção e preço do leite em 2013. Custo de produção tem como fonte a Embrapa Gado de Leite. Retrata a evolução do ICPLeite, um índice que leva em consideração uma propriedade padrão de Minas Gerais para estabelecer os pesos relativos de cada grupo de insumos usados na produção. Já os preços tiveram o Cepea/Esalq/USP como fonte, também para Minas Gerais, por coerência. Sobre o gráfico, pouco tenho a falar, pois ele fala por si. Transformando as informações de custos e preços em número-índices para serem comparadas, fica evidente que, em janeiro, os preços subiram bem mais que os custos. E ponto!

Na verdade, os custos de produção ao longo de todo o ano foram menores que o registrado em janeiro. Para uma inflação de 5,9% acumulada em 2013, produzir em dezembro com um custo inferior em 1% ao de janeiro, é muito bom! É deflação! Já os preços recebidos pelo produtor subiram continuamente e atingiram o clímax em outubro. Nesse mês, o preço do leite ao produtor valeu 28,7% a mais que no início do ano. Nos dois últimos meses de 2013 o preço caiu vertiginosamente, uma queda de dez pontos percentuais em tão pouco tempo, e o ano fechou com alta acumulada de 18,3%.

Comparando o resultado das aplicações financeiras em 2013, verifica-se que o campeão de valorização foi o Dólar. Quem comprou a moeda americana em janeiro viu seu ativo financeiro valorizar 15,3% ao longo de 2013. Mas, eu não conheço ninguém que tenha feito aplicação em dólar como investimento no ano passado. Quem comprou Dólar, comprou por necessidade, como para uso em uma viagem ao exterior. Investir em papéis com variação cambial não foi sugerido por nenhum especialista em mercado financeiro. Portanto, a variação do Dólar trouxe mais problemas que alegrias. Já o preço do leite, recebido pelo produtor, vou repetir, valorizou 18,3%!!!! Portanto, o preço do leite ganhou da melhor aplicação do ano! Leite valorizou mais que Dólar! Compare com as demais aplicações. O Tesouro direto rendeu 7,1% no ano, a poupança antiga e os fundos DI renderam 6,3%, o CDB rendeu 6,2% e a poupança nova rendeu 5,8%. Portanto, o leite se valorizou num ano praticamente o triplo do rendimento da poupança!!!! Já quem aplicou em ações e ouro perdeu muito. Ações e ouro tiveram rendimento negativo, respectivamente, -15,5% e -17,4%.

Gráfico 1. Variação de Preço de Leite ao Produtor e Custo de Produção. Janeiro/2013 a fevereiro/2014

Fonte: com base em Cepea/Esalq/USP e Embrapa Gado de Leite
Obs: Números-índices (base=100)

O setor lácteo ainda é o que reúne o maior conjunto de pessoas que não falam com otimismo da atividade que exercem. Talvez isso tenha consolidado tantas expressões populares envolvendo o leite e palavras negativas ou de sofrimento. “Chorar sobre o leite derramado”...”tirar leite de pedra”...”defender o leite das crianças”... “ele não conta, ele é café com leite”... Pois foi só ficar evidenciado que 2013 seria um ano excepcional que surgiram analistas dizendo que, na verdade, o que estava ocorrendo era a recomposição de perdas em relação ao passado.

Pois, eu resolvi investigar o passado recente. Veja o gráfico 2. Num só gráfico está apresentado o comportamento de preços ao produtor e os custos de produção, em Minas Gerais, de Janeiro de 2010 a fevereiro de 2014. Portanto, cinquenta meses. Veja que, na maior parte da série histórica, a linha de preços esteve acima da linha de custos. Isso significa que os preços mensalmente tiveram taxa de variação maior que os custos. Para ser preciso, a variação de custos somente ultrapassou a variação de preços em dez dos cinquenta meses! Além disso, não é a primeira vez nos últimos anos que a variação do preço do leite ganha de todas as aplicações financeiras. Em 2011 o campeão de desempenho foi o ouro e o preço do leite teve variação superior. Na época, eu registrei este fenômeno. Compensa rever esse artigo, clicando aqui.

Gráfico 2. Variação de Preço de Leite ao Produtor e Custo de Produção. Janeiro/2013 a fevereiro/2014

Fonte: com base em Cepea/Esalq/USP e Embrapa Gado de Leite
Obs: Números-índices ( base=100)

Portanto, uma análise dos dados do presente e do passado recente mostram somente coisas boas. Se olharmos o futuro, também. Afinal, para quem produz leite, 2013 ainda não acabou. Os preços ao produtor caíram em janeiro e se estabilizaram já fevereiro. Os sinais são claros de que já foi atingido o pico de baixa, ocorrido em janeiro (vide gráfico 1). A perspectiva é de preços ao produtor crescendo nos próximos meses. Com o leite caro no mercado internacional, com o dólar bem comportado e tornando caras as importações, com exportações de leite acontecendo pelo lado do Brasil, com a menor taxa de desemprego registrada neste momento e o mercado interno se mostrando firme... Com tudo isso ocorrendo ao mesmo tempo, fica difícil apostar em cenário ruim para preços ao produtor nos próximos meses. Resta saber que impacto ocorrerá nos custos, face à perda de produtividade na soja e no milho, em função da escassez de chuvas. Em que proporção isso afetará os custos? Difícil responder neste momento. Todavia, embora haja incerteza, este ano o horizonte parece menos nebuloso para a produção de leite, pelo menos até o primeiro semestre. Contudo, este momento não é o de acomodação. É o momento de promover melhorias e investimentos na propriedade. Afinal, a vida é feita de momentos intercalados de tempestade e de bonança. E o momento de arrumar a casa é na bonança, à espera da tempestade que vem em algum momento. 

No próximo artigo, irei analisar os ganhos da indústria e até do consumidor, pois ele também ganhou por incrível que possa parecer. Enquanto isso, devo informar que estou participando de um processo de escolha do próximo dirigente da Embrapa Gado de Leite, que se baseia em análise de mérito. Eu irei apresentar uma proposta de trabalho e, para isso, é muito importante eu conhecer a sua seleta opinião sobre alguns assuntos relacionados ao setor. Por favor, doe o seu tempo e visite um pequeno e objetivo questionário, clicando aqui. Sou muito agradecido.

PAULO MARTINS

Paulo do Carmo Martins - Economista, Doutor em Economia Aplicada (Esalq/USP). Pesquisador da Embrapa Gado de Leite e Professor Associado da Facc/UFJF

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JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/05/2015

Olá Fabiano,

Não tinha perguntas mais difíceis pra fazer? rsrsrsrsr... Sobre a primeira, prometo escrever artigo no segundo semestre. Sobre a segunda, vale lembrar que há uma máxima no mundo dos negócios que diz que o melhor negócio do mundo é uma empresa de petroleo bem administrada, e o segundo melhor negocio é uma empresa de petroleo mal administrada. A Petrobras está mostrando que mesmo uma empresa de petroleo pode ter resultados pouco favoráveis. Então, nada garante que entrar no negocio de leite significará ganhar dinheiro. Ao contrário, minha hipótese é que mais da metade dos produtores hoje não cobrem os custos totais de produção.
D. BARONE NETO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/05/2015

Excelente artigo!
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/05/2015

obrigado!
ANANIAS DUARTE

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 20/05/2015

Dr. Paulo; O sr. afirma que mais da mateda dos produtores não cobrem o custo de produção. Logo, a outra metade consegue lucrar com a atividade; Inclusive ha alguns com custo de produção em torno de 60%, ou seja; lucro de 40%!. Então, ha de se concluir que aqueles que colhem prejuizos, não sabem o que fazem?
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/05/2015

Caro Ananias, a conclusão é que mais da metade dos produtores não cobrem os custos econômicos de produção, ou seja, custos fixos e custos variáveis. Quando não se cobre custo variável, falta dinheiro no caixa. Quando não se cobre custo variável e fixo, vai se empobrecendo aos poucos. Quem colhe prejuizo tem de procurar entender quais os motivos que levam a este cenário e procurar revertê-lo.
ANANIAS DUARTE

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 20/05/2015

Perfeito. Então penso que há falta de conhecimento desses produtores. Isso, pode ser uma de suas bandeiras, lá na Embrapa, ou não?
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/05/2015

Ananias, falta de conhecimento, sim! Mas, não explica tudo. Pode ocorrer problemas de gestão, Também falhas de mercado. Produtores menores tendem a pagar mais caro pelos insumos e a receber menos pelo leite vendido... todavia, carência em assistência técnica é uma das fortes explicações, penso eu.
ANANIAS DUARTE

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 20/05/2015

Isso, Dr. Paulo. Assistencia técnica, Postura empresarial e acesso às tecnologias já disponibilizadas , por exemplo, pela embrapa penso ser o caminho, pois creio que produzir leite é um grande negócio (transformar capim em leite), até porquer como se explicaria que a economia da NZ gira em torno dele ou estaria eu enganado!
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/05/2015

Tecnologia é muito importante, sem duvida! Também é preciso o setor industrial atuar dentro da logica de cadeia produtiva. Isso é dificil. Para isso é preciso estar comprometido em desenvolver fornecedores (produtores). vou escrever sobre nos proximos artigos...
VICENTE ROMULO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - TRADER

EM 20/05/2015





Mar 19 em 7:31 AM




Ilutre paulo o vc tem dizer da previsão de safra da conab aludida na minha colocação. Abc.
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/05/2015

Olá Vicente,

Não acompanho as previsões da Conab, não conheço a metodologia adotada, mas há muito tempo aquele órgão faz previsão, mais de 3 décadas e nunca ouvi críticas ao trabalho.
VICENTE ROMULO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - TRADER

EM 20/05/2015

Oi Paulo, eu fiz referência a questão da previsão de safra na minha colocação, vc respondeu dizendo que existe confiança e/ou seriedade/proteção de ingerências politicas nos órgãos responsáveis por tais levantamentos e/ou divulgação. Após suas colocações eu retornei e solicitei o que vc tinha a dizer da previsão de safra da CONAB nos termos e forma aludidas na minha colocação, salvo melhor juízo, não tive o seu feedback. Em podendo dar seu abalizado e sério ponto de vista, desde já agradeço.ABC
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/05/2015

Então, está dado Vicente. Penso que os órgsãos técnicos no Brasil trabalham com seriedade, com qualidade técnica, sem interferência política.
VICENTE ROMULO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - TRADER

EM 20/05/2015

lustre Paulo, desculpe pela minhas colocações, pois não sabia que vc é pesquisador da EMBRAPA. portanto de uma forma ou de outra, vc é parte do Governo, como eu fui, quando trabalhei na CIBRAZEM, que como a CFP e a COBAL, foram extintas, para dar lugar a CONAB, criada em 12/04/90, isto é a praticamente 24 anos, o que impede a mesma de está fazendo previsões a mais de 3 décadas. ABC.
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 20/05/2015

A CFP fazia previsoes.
FABIANO MARAFON

GUARAPUAVA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/03/2014

Paulo, parabéns pelo artigo.
Concordo com os colegas em que a grande maioria dos produtores de leite não possuem uma boa gestão de sua empresa e, consequentemente, não sabem quanto custa produzir um litro de leite na sua propriedade. Também pude observar que alguns produtores deixaram a atividade após o ano de 2012, que por sinal foi terrível para a produção de leite e alguns estão deixando a atividade por falta de mão de obra, nesse sentido, gostaria de realizar algumas perguntas para o senhor.
1- O que acontecerá com a comercialização do leite após a abolição de cotas de produção pela União Europeia? Isso chegará a interferir nos preços aqui no Brasil?
2- Apesar de seu artigo demonstrar bons resultados, entrar na atividade leiteira hoje seria uma boa opção?


MARCO SANTOS

ECOPORANGA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/03/2014

Paulo,

Se possível envie para mim também a planilha padrão com os custos de produção, para o ano de 2012 e 2013, e a produção de leite mês a mês ao longo do ano, através do e-mail marcoaurellio@oi.com.br

Abraço,

Marco
PAULO MARTINS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 19/03/2014

Obrigado, Wagner!
WAGNER BESKOW

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 19/03/2014

Paulo, como também tenho grande apreço por tua pessoa e longa experiência acumulada neste nosso envolvente setor, tenho certeza que os ouriços vão encontrar a estratégia de máximo resultado com mínimas espetadas.

Até lá, se Deus quiser e, neste interim, sigo acompanhando de longe teu trabalho (isso inclui teu editorial na BB).

Grande abraço.
JOSEPH H. KRAMER

ANGATUBA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/03/2014

Quando nos técnicos consideramos a rentabilidade e eficiência da produção de leite pense básica mente no lucro nosso e muito vezes poucos vezes pensamos nas liberdades das vacas. Estou colocando aqui os cinco liberdades que o empresa Lely de Holanda usa com princípios básicos para desenvolvimento de automatização de pecuária de leite. As cinco propriedades livre para as vacas são.
Liberdade de fome e sede.
Liberdade de desconforto físico e termal.
Ausência de dor, ferimentos e doenças.
Liberdade do medo e estresse crônico.
Liberdade para expressar seu comportamento natural.

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