O artigo "O universo (lácteo) em desalinho, publicado hoje, está dentro do contexto da discussão sobre loucura e sanidade na pecuária leiteira.
Os autores terminam a artigo dizendo que face a desvalorização do real com relação ao dolar e leite brasileiro ficou extremamente competitivo, mas resta saber se haverá leite para exportar.
Eu sempre digo no Brsaili produzimos leite em reais e que não gosto da comparação de competitividade da nossa pecuária leiteira por simples conversão pela taxa de câmbio vigente. É preciso avaliar se a taxa de câmbio praticada não está distorcida, e o índice Big Mac publicado pelo The Economist é uma indicação dessa distorção.
Feita essa resalva, vou discutir a perspectiva de exportação de leite em função do preço recebido pelo produtor brasileiro.
O preço médio ao proidutor brasileiro em fevereiro de 2015, segundo o CEPEA, foi de R$ 0,9226/litro.
Com a taxa de câmbio atual, de R$ 3,20/US$, esse preço corresponderia a US$ 0,2883/litro, que acredito ser o preço mais baixo recebido pelo produtor no mundo. Mesmo que o câmbio caisse para R$ 2,50/US$, o preço ao produtor médio recebido pelo produtor nacional em fevereiro passado seria de US$3970/litro
Mas para haver leite para exportar é preciso um preço ao produtor atrativo, que não é o caso do que está sendo praticado no momento. Eu penso que será necessário preço médio ao produtor de R$ 1,10/litro para estimular a produção, e que ao câmbio de R$ 3,20/US$ representa US$ 0,3438/litro. Mesmo que o câmbio caia para R$ 2,50/US$ ( o que parece pouco provável de acontecer em 2015 ) o preço médio ao produtor nacional seria de R$ 0,4400, o que ainda seria comprtitivo no contexto mundial.
Neste momento nos parece que para exportar leite sanidade seria a indústria sinalizar através de preço que pretende remunerar melhor ao produtor e loucura seria insistir em preços baixos ao produtor.
Como diz o artigo "O universo (lácteo) em desalinho, vamos aguardar as próximas semanas para ver se prevalece a loucura ou sanidade no nosso setor leiteiro, ou seja, se vamos ter leite para exportar.
Marcello de Moura Campos Filho